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Jorjão: sempre o primeiro |
Quando o negócio é
ser fã da Formula-1, não tem para ninguém! O itapetiningano Jorge Telles, 52
anos, é de longe o torcedor número 1. E isso não é apenas força de expressão.
Há 32 anos ele acompanha religiosamente o GP do Brasil e faz questão de ser o
primeiro da fila. Em um ano com muitas novidades, entre elas a volta da
Fórmula-1 aos Estados Unidos, com uma das melhores pistas do mundo, mostrou a
força da categoria. Afinal, milhões de pessoas em todo o mundo são apaixonadas
pelo esporte, incluindo americanos. Mas os gringos
que nos perdoem: o primeiro da fila é o Jorjão!!! Ou Gordo, como é conhecido
pelos amigos da Turma da Placa dos 100, torcida que reúne os apaixonados por
este esporte.
Os organizadores da
prova calculam que 150 mil torcedores enfrentarão um final de semana de sol (no
sábado, durante os treinos) e chuva durante todo o domingo, dia 25, para
assistir a última prova do ano, que consagrará Sebastian Vettel ou Fernando
Alonso. Entre os torcedores está Jorge Telles, que desde a madrugada desta
sexta-feira já está na fila.
Paixão
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A Turma da placa dos 100 |
Telles
conta que costuma chegar ao autódromo já na madrugada de sexta-feira, tudo para
ser o primeiro da fila. O primeiro a entrar e o primeiro a ir ao setor G, na
reta oposta, onde fica a placa dos 100 metros (alertando os pilotos que faltam
100 metros para a curva). Jorjão, como é conhecido, costuma entrar e seguir
direto até a placa. Quando fica alinhado com ela, senta na arquibancada e olha
a pista. Em mais de três décadas de F-1, ele fez centenas de amigos, que juntos
forma a Turma da Placa dos 100, uma torcida que reúne apaixonados por
automobilismo de todo o Brasil e cujos membros formam uma grande família. E põe
grande nisso: são 300 integrantes, segundo Jorjão, que ressalta que o amor pela
F-1 já está passando para as novas gerações, incluindo seu neto de sete meses. “Pelo
andar da carruagem, ele também será apaixonado pela F-1; se você der um
carrinho pra ele brincar, ninguém tira dele enquanto ele não cansa de brincar”.
O vovô coruja já mandou até fazer uma camiseta para o neto.
Jorjão
afirma que é apaixonado pela F-1, mas curte mesmo a amizade e a festa que faz
com os amigos, com direito a churrasco na fila para entrar no autódromo. “A
festa começa na sexta e vai até domingo. Aí, quando acaba a corrida, cada um
pega suas coisas e vai embora para casa”, conta Jorjão. Mas os laços de amizade
continuam. “Como sempre são as mesmas pessoas que sentam nos mesmos lugares, a
gente acaba se conhecendo”, diz Jorjão, que já recebeu até convites de
casamento de seus colegas de torcida. Ele é conhecido e reconhecido como líder
do grupo. E ganhou o respeito inclusive da Polícia Militar.
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A galera durante a corrida |
Com
a autoridade de quem possui mais de 300 horas de gravações de corridas, ele
afirma que a “F-1 hoje está muito dependente da tecnologia e não tanto do braço
(talento) do piloto como era na época do Ayrton Senna”. Fã do piloto brasileiro,
morto em acidente em 1994, Jorjão lembra que houve uma corrida em que Senna
trocou de marchas 277 vezes. Senna é o responsável pela paixão de Jorjão pela
Fórmula-1. A partir do surgimento do piloto, o fã começou a colecionar coisas,
como ingressos.
Jorge
Telles é um pouco cético com relação à tentativa dos organizadores de diminuir
o peso da tecnologia na categoria. “Tiram de um lado, mas põem em outra coisa;
sempre tem um botãozinho novo no volante. E vocês já viram como é o volante de
um F-1?”. Para este itapetiningano de coração (ele nasceu em São Miguel
Arcanjo), por ter sido mais regular durante todo o ano, Fernando Alonso merece
ficar com o título.
Equilíbrio
A temporada 2012 da
Fórmula-1, uma das mais tradicionais competições do automobilismo
internacional, foi marcada pelo equilíbrio nas pistas, ainda que algumas
equipes, com a RBR, tenham apresentado um carro com desempenho muito superior
ao de outras equipes, incluindo a Ferrari.
Como não é só o carro
que vence a corrida, mas também o talento do piloto, o trabalho em equipe e até
a adaptação do carro à determinada pista, este ano tivemos um campeonato bem
equilibrado, com diferentes pilotos conquistando a vitória em diferentes
autódromos.
Entre 2005 e 2009, o
GP do Brasil definiu o campeonato e isto ocorrerá de novo este ano. Mesmo com
um supercarro, o alemão Sebastian Vettel deixou a desejar, pois, para muitos
torcedores, não conseguiu dominar completamente o carro; já Fernando Alonso foi
mais regular. Entre as equipes, também há um equilíbrio na prova brasileira, já
que “nas últimas seis provas, a Ferrari venceu três e a RBR três, apesar disso,
a escuderia italiana parece ser a que melhor de adaptou ao circuito de
Interlagos”, comentou Jorjão.
Campeões
Outa
curiosidade desta temporada é que seis pilotos campeões do mundo estavam na
pista. Sebastian Vettel (atual campeão) Lewis Hamilton, Jason Button, Michael
Schumacher, Fernando Alonso e Kimmi
Raikonen, que voltou depois de uma experiência ruim em provas de rallye.
A
última vez que tantos campeões mundiais correram juntos foi em 1970, quando, de
acordo com o site de notícias G1, Jackie Stewart, Graham Hill, Jack Brabham,
Denny Hulme e John Surtees disputaram o título, que acabou ficando com um sexto
piloto, Jochen Rindt. Mesmo assim, como se vê, eram cinco campeões e não seis
como agora.
O vencedor do GP do Brasil se tornará o sexto
tricampeão da história, no seleto grupo de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Niki Lauda,
Jackie Stewart e Jack Brabham. O GP do Brasil acontece no próximo domingo, a
partir das 14 horas, com transmissão pela TV.