terça-feira, 26 de maio de 2020

O adolescente e o isolamento social

Situação se agrava em casos de distúrbios mentais pré-existentes

Há muitas dúvidas sobre como lidar com o isolamento

Não resta dúvida de que a nossa vida e o modo como a vivemos estão sendo modificados pela pandemia da Covid-19. Afinal, não é só o ataque do vírus que muda nosso comportamento, mas a forma mais eficaz de combater a disseminação também mexe muito com o nosso estilo de vida: o isolamento social.
A preocupação é grande sobretudo com os adolescentes, que estão em pleno processo de amadurecimento e formação, o que por si só já é complicado, agora imagine viver este processo em plena pandemia. O quadro se agrava ainda mais se a pessoa já tiver algum distúrbio mental anterior.
A crise gerada pela Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem um forte impacto na vida de jovens com problemas de saúde mental pré-existentes. A perda da rotina, o fechamento das escolas e o cancelamento das provas são alguns dos fatores envolvidos.
Para adolescentes, perder a liberdade é algo muito difícil. No mundo de hoje, com praticamente o dia todo repleto de tarefas, serviços e compromissos, incluindo encontrar os amigos e sair para se divertir, é quase impossível para um adolescente cumprir o isolamento social. Uma coisa bem compreensível, se levarmos em conta que até mesmo para os adultos é uma situação delicada.
Ficar isolado em casa pode fazer com que a ansiedade aumente e isto reflete em sintomas físicos, como dificuldade de respirar (o que pode ser confundido com um sintoma da Covid-19) e uma certa confusão mental.
Cancelar atividades escolares (que normalmente poderiam ser consideradas tediosas) pode ser um duro golpe para o jovem, principalmente para quem está se preparando para ingressar em uma faculdade.
A sensação sentida por muitos jovens foi definida da seguinte forma por uma adolescente inglesa: "é como se eu estivesse me preparando para correr uma maratona e, pouco antes do início, já na linha de partida, me dissessem que eu não iria correr". Lembrando que a Inglaterra resistiu, no início, ao isolamento social, o que fez os casos de Covid dispararem no país, que acabou aderindo ao isolamento.
Muitos especialistas apontam a necessidade de se manter uma rotina durante o isolamento social para combater e reduzir o estresse e a ansiedade, tão comuns em nossa sociedade. Caso não seja possível manter a rotina que havia antes da pandemia, a dica é buscar novas ferramentas para amenizar a ansiedade. Muitos jovens estão se apegando à prática (antiga) de escrever um diário, registrando seu cotidiano nestes tempos difíceis, bem como dúvidas, questionamentos e pensamentos.

Senso de comunidade
            Se há um lado positivo nessa crise, é que a pandemia fez surgir um forte senso de comunidade entre pessoas e jovens do mundo todo, que estão cientes da gravidade da situação e querem colaborar de alguma, seja com trabalho voluntário ou simplesmente cumprindo o isolamento, pensando no bem de todos e não apenas em si.

Estudo aponta efeitos na vida do jovem
Uma pesquisa do instituto inglês YoungMinds (Jovens Mentes, em português), organização não-governamental pela saúde mental dos jovens, mostrou que a pandemia está tendo um efeito profundo em jovens com questões ligadas a saúde mental. Embora eles entendam a necessidade das medidas de isolamento social, diz a pesquisa, isso não diminuiu o impacto em sua saúde. Muitos dos que participaram da pesquisa relataram aumento da ansiedade, problemas para dormir, ataques de pânico ou maior desejo de se automutilar.
Apesar da pesquisa ter sido realizada com jovens ingleses, especialistas lembram que ela serve como parâmetro para ter uma ideia de como a pandemia está afetando os jovens de todo o mundo.

Dicas para cuidar da saúde mental em casa:
Mantenha-se em segurança, mas não se afaste das pessoas — Isolamento significa cortar o contato presencial, mas não é preciso cortar toda a comunicação. Na verdade, nunca foi tão importante conversar, falar e ouvir, compartilhar histórias e conselhos, e ficar em contato virtual com as pessoas que importam para você.
Repare nas coisas que fazem você se sentir bem — Ter uma dieta saudável, se manter ativo fazendo caminhadas ou se exercitando podem nos ajudar a nos sentirmos melhor. É importante notar quais são as coisas que ajudam a melhorar sua saúde mental e tentar fazê-las na medida do possível.
Leia menos notícias — As atualizações constantes de notícias sobre a Covid-19 e as pessoas comentando o assunto nas redes sociais podem ser demais para aguentarmos. É importante ter as informações necessárias para sua segurança, mas tente evitar ficar o dia todo vendo ou lendo sobre isso.
Compartilhe seus sentimentos — Converse com as pessoas que você ama e com seus amigos. Conversar ajuda a tirar um peso das costas e a nos sentirmos um pouco mais positivos se estivermos passando por um momento difícil.
Não fique sedentário — Encontre formas de movimentar seu corpo e mudar seu humor todos os dias. É possível fazer uma caminhada ou correr desde que você evite contato com outras pessoas.
Tenha uma rotina — Isso pode ser tedioso, mas vai ajudar a chegar ao fim do dia. Vá dormir e acorde nos mesmos horários, coma regularmente, tome banho, troque de roupa, saia para tomar um ar, marque videochamadas com colegas e amigos, faça o serviço de casa. Mas também não se coloque muita pressão para fazer tudo: é importante ter tempo para o lazer!
Encontre formas de relaxar e se distrair — Encontre coisas que ajudem a respirar profundamente, colocar as preocupações de lado e recarregar.

Fonte: Sarah Kendrick, psicoterapeuta da instituição Shout

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Doulas de adoção é tema de live entre psicólogas

Especialistas abordam o tema e seus desafios




O tema da adoção no Brasil é um desafio de enormes dimensões, e que precisa de uma atenção especial. As dificuldades, dúvidas e anseios de quem deseja adotar, assim como as orientações necessárias, serão tema de live (transmissão ao vivo) que será realizada lgo mais a noite.

A adoção é um processo cheio de dúvidas e inseguranças. Não é para menos. Como não há uma gravidez visível a ser acompanhada, o processo acaba sendo mais difícil de se materializar, pois há um longo processo entre decidir adotar, entrar para o CNA (Cadastro Nacional da Adoção) e receber a ligação dizendo que seu filho, enfim, chegou. Outra angústia comum é a expectativa sobre como é o filho (a) adotado (a), desconhecer seu passado e o rastro de sua história, até ganhar uma nova família.
Pensando nisso a Psicóloga Lucilene Alciati, especialista em terapia de Casal e Familiar, com atuação na área clínica em consultório particular e no Seminário Católico São Carlos Barromeu de Sorocaba, convidou a Psicóloga Mayra Aiello, com formação em Arteterapia, Coaching e atividade de Doula, para uma live exclusiva sobre o tema Doulas de Adoção, no nesta segunda, dia 18, às 19h30.
“Sabendo que existem muitos casais que desejam ter filhos de forma adotiva e conhecendo as dificuldades desse processo, vamos fazer uma live para ampliar o assunto com o tema Doulas de Adoção e ajudar de alguma forma casais que precisam de informações para que este processo seja vivido com tranquilidade”. Comenta Lucilene Alciati
A Doula é um profissional que dá apoio e suporte emocional aos momentos de transição das nossas vidas e que acompanha todas as vias de nascimento de uma família, inclusive a adoção. Os interessados podem acessar o link @psi.lucilenealciati para participar da live às 19h30..

sábado, 16 de maio de 2020

O mundo pós-coronavírus: a saga


O assunto já parece com aquelas eternas franquias do cinema

Imagem do novo coronavírus

            Quem é fã de cinema sabe que algumas histórias e personagens rendem filmes e continuações que parecem não ter fim. E mesmo que uma parcela do público esteja saturada da história, muita gente vai assistir, rendendo mais alguns milhões de dólares aos estúdios.
            A série Rambo (com Sylvester Stallone) é um bom exemplo disso. Sempre tem uma nova história para contar. Não se espantem se tivermos um filme com o título: O Filho de Rambo, ou Rambo: a nova geração!
            Querem mais exemplos de sagas intermináveis? Jason (Sexta-feira 13), Freddy Kruger (A Hora do Pesadelo), Rocky (outra do Stallone), Predador, Exterminador do Futuro, a Saga Crepúsculo, Guerra nas Estrelas, Jornada nas Estrelas (a série que virou filme) e uma infinidade de personagens e histórias.
            Assim está a história do novo coronavírus com o mundo. Como uma boa trama hollywoodiana, a história começa com uma ameaça que surge em uma terra distante. Tão distante e isolada que parece não oferecer grande perigo à humanidade. Então, de repente, o vírus letal surge do nada (seria mesmo?) no assim chamado mundo civilizado (existe tal lugar?).
            E a trama começa a deslanchar com todos os ingredientes necessários para fazer sucesso. Parece que o mundo se tornou uma grande sala de cinema e nós o público, com os olhos fixos na tela da vida.
            Essa história tem de tudo: mocinhos (no caso, profissionais de saúde) que arriscam tudo para salvar as pessoas. Primeiro arriscam a reputação, ao alertar sobre os perigos do novo vírus e os procedimentos necessários para contê-lo, como o distanciamento social. Então aparecem os céticos, personalistas e negacionistas, que desdenham do potencial da nova doença, questionam se há mesmo uma pandemia, negam os dados científicos e consideram o vírus Uma gripezinha. Nesta altura do filme, aparecem os adeptos de várias teorias de conspirações, afirmando com todas as letras que o vírus foi desenvolvido em um laboratório (sendo que o vírus existe na natureza) e que a covid-19 nada mais é do que uma arma fabricada por um determinado país e que este país fez isso para ampliar sua hegemonia no mundo, fornecendo ele mesmo os produtos necessários para enfrentar a crise. Muita gente tem certeza disso, mas cabe lembrar que são apenas teorias, muitas sem qualquer base real. “Tudo altamente teórico”, como diria do cientista Walter Bishop, da série Fringe, ótima para quem gosta de ficção científica e teorias conspiratórias.
            Ah sim, como toda boa história, existe um vilão (ou vilões), que neste caso em particular são as notícias falsas (Fake News) confeccionadas e divulgadas pelos gabinetes de ódio que existem nos porões do poder. Seu único objetivo é gerar desinformação e pânico entre os pobres mortais. O problema é que muitos acreditam nessas notícias. Parecem optar por informações que vêm sabe-se lá de onde e com que objetivo, a ouvir fontes oficiais e profissionais.
            E tem também uma trama ao fundo, que corre paralelamente a história principal: a guerra de egos e pelo poder que pode fazer com que o combate à pior crise de saúde pública deste século seja perdido, simplesmente porque alguns líderes e governantes consideram a pandemia uma coisa sem importância e que o vírus, claro, é comunista (na opinião deles) e por isso vai ser derrotado se todo mundo for trabalhar. Bem, a história julgará o papel de cada um nesta tragédia mundial, pena que este julgamento será feito às custas das vidas de muitos inocentes. E isto jamais deverá ser esquecido!

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Itapetininga tem mais de 200 casos negativos de Covid-19

A cidade ainda contabiliza 43 casos confirmados e 25 curados

Boletim oficial da Prefeitura

Até o último dia 12, terça-feira, Itapetininga possuía 213 casos em que os exames deram negativos para o novo coronavírus, segundo boletim oficial da Prefeitura.
Por outro lado, o município possui 43 casos confirmados e dois óbitos, ainda conforme a informação oficial. A boa notícia é que 25 pessoas foram curadas da doença na cidade, que possui 19 casos suspeitos e oito pacientes internados com suspeita, sendo sete no Hospital Dr. Léo Orsi Bernardes e um em hospital particular (Unimed).
A prefeitura disponibilizou o telefone 0800 7708283 para esclarecer dúvidas. Segundo a administração municipal, o serviço funcionará todos os dias, inclusive aos fins de semana. As orientações serão dadas por profissionais capacitados para esclarecer todas as dúvidas da população. Fique atento aos horários de funcionamento: 0800-770-8283, de segunda a sexta-feira – das 8h às 19h, sábados e domingos – das 8h às 17 horas.

Doação

Na última semana, representantes da Baterias Moura (foto) estiveram no Gabinete da prefeita Simone Marquetto e fizeram a doação de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs para população e profissionais da saúde de Itapetininga.
Representando a empresa estiveram presentes o gerente Célio Eugênio, o supervisor de segurança e meio ambiente Fábio Gomes, o gestor de produção Maico Nery e o motorista Ednir Matos.
Foram confeccionados 518 escudos faciais para nossos profissionais da linha de frente nas ações contra o Coronavírus e 1.000 máscaras de pano para distribuição à população.

Foto: Assessoria de Imprensa

terça-feira, 5 de maio de 2020

Jornalistas e personalidades comentam manifestações em Brasília


Tristeza, preocupação e pessimismo são algumas das reações apontadas

Manifestantes pediram intervenção militar

          As manifestações populares ocorridas em Brasília no último domingo, dia 3, onde apoiadores do presidente Jair Bolsonaro pediram o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, além de uma intervenção militar, causaram tristeza, preocupação e pessimismo entre jornalistas e personalidades ouvidas pelo blog, que apontaram também o que consideram uma irresponsabilidade do chefe do Executivo apoiar tais manifestações. Profissionais do jornal O Estado de S. Paulo foram agredidos por manifestantes, o que seria um ataque à liberdade de imprensa. Veja agora o que disseram os entrevistados.

          Para o jornalista Fábio Arruda Miranda (foto), de 52 anos, a manifestação de domingo “demonstra total desconhecimento da história do Brasil. Parece-me, até, um argumento infantil: uma manifestação pedindo a proibição de manifestar!’  Não sabem o que falam”, afirma Miranda.
          Sobre a participação frequente de Bolsonaro nessas manifestações, o jornalista afirma: “irresponsável, no mínimo. Além de contrariar todas as recomendações do seu próprio Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde). Está dando asas ao seu desejo autoritário; não sabe lidar com a Democracia. Irresponsável e inconsequente. Tem pretensão de ser um líder populista, mas não é: nem líder, nem populista”
          Para Miranda, o fato de uma parcela da população desejar uma intervenção militar pode ser explicado pela vontade das pessoas em terem uma “solução dos problemas econômicos e sociais. Alguns, por desconhecimento, ‘acham’ que basta um presidente decidir pelas soluções, o que não é verdade. O Brasil tem problemas estruturais a serem resolvidos. E é exatamente pelo debate que vamos avançar rumo ao desenvolvimento - e não por nenhum golpe. Penso que essa ‘extrema direita’ não é expressiva; na verdade, não são de direita: são liberais pedindo a expansão da justiça econômica e social. Incentivados por um presidente inconsequente, caem na infantilidade de combater um comunismo inexistente”.

Momento delicado
Manifestantes cercam e agridem profissionais da imprensa

          Fábio Miranda ressalta que o pais vive um “momento muito delicado” do ponto de vista de liberdade de imprensa. “E culpo pessoalmente o presidente da República, seus filhos e o Gabinete do Ódio!”.
          Apesar do momento difícil, o jornalista acredita que “o país tem solução, sim! E passa por um processo de aprendizado e amadurecimento. Se existem “Tiriricas” na política, é porque receberam votos.... O país precisa avançar para o sentimento de nação. Nossa jovem Democracia estabeleceu uma Constituinte de 88 que prevê muitos “direitos” – a Constituição Cidadã; agora, precisa ajustar os seus deveres”.

Desmonte
Cristina Vallada, jornalista

          “Não sou otimista em relação ao futuro do país. Não há como acreditar num país sem um povo educado, saudável, bem alimentado. O governo atual vem desmontando qualquer possibilidade do povo se desenvolver dignamente, vem tentando implantar um modelo econômico que privilegia os ricos e tira oportunidades dos pobres. O governo atual prega a violência, em detrimento do diálogo. O autoritarismo e não a conciliação. A informação falsa e conveniente e não a verdade. Não há como ter esperanças”. A frase é da jornalista Ana Cristina Vallada, 45 anos, que reside e trabalha na cidade de São Paulo.
          Para ela, as manifestações que pedem intervenção militar parecem mais uma forma equivocada de demonstrar apoio ao presidente e ao militarismo que ele prega do que uma vontade genuína de que os militares assumam o comando do país. O presidente Jair Bolsonaro demonstra desde sempre não ter nenhum apreço pela democracia, pelas instituições democráticas, pela divisão dos poderes. A presença dele nas manifestações pode ser surpreendente por se tratar de um presidente da república, mas sendo quem é, pode-se dizer que é até esperado”.

Extremismo crescente
          “Acredito sim em crescimento da extrema direita, ainda que a população pobre e com pouca educação formal nem saiba o que isso significa. Apoia o presidente por simpatia, por razões mais religiosas do que políticas. Creio que o caos político sempre será cenário favorável para um golpe”, analisa Cris Vallada.
          Para ela, “o momento é delicado não do ponto de vista da liberdade de imprensa, uma vez que nunca foi tão fácil publicar algo. É delicado do ponto de vista da informação correta, apurada, responsável. As pessoas querem ouvir o que vai de encontro à opinião delas e não a verdade dos fatos. Daí a hostilidade e as agressões (contra profissionais de comunicação)”.

Passado ignorado

          Contundente em sua análise, a professora Patrícia Ferreira Braga (foto), de João Monlevade (MG), de 44 anos, vê as manifestações “como uma demonstração de total ignorância do passado recente do país. Quem postula por isso nunca deve ter estudado sobre os horrores da ditadura e o quanto os direitos individuais foram comprometidos naquele período. São ignorantes úteis manipulados por interesses inescrupulosos”.
          Sobre a atitude do presidente, Patrícia afirma: “não considero postura. Aliás, esse senhor é qualquer coisa exceto político. É um abestalhado egocêntrico que só se preocupa com interesses próprios, estando completamente alienado das necessidades do país”.
          A professora analisa ainda que “as condições para o golpe estão armadas. Basta a canetada. O brasileiro da classe média, que apoia a volta da ditadura, é um povo soberbo. Se acha europeu, rico e culto. E não admite que o pobre, o preto, o gay, os diferentes; tenham os mesmos direitos que acreditam ter recebido por mérito divino. Afinal, são “generosos” e “tementes a Cristo”. Assim, acreditam que a ditadura restabeleceria essa “ordem” e as coisas retomariam seu status verdadeiro”.
          Sobre as agressões a imprensa e o momento delicado do país, a professora afirma: “o ser que ocupa a presidência instiga as pessoas contra os jornalistas. Não quer a verdade exposta. Ameaça caçar concessões e menospreza repórteres. Isso legítima seus apoiadores a agirem contra a imprensa e pedir limite a sua atuação. Neste momento, todas as instituições democráticas estão sob ameaça”.

Sem esperança
“Ando desesperançosa com o país. Temendo muito o retorno do regime ditatorial. Se o povo continuar nessa ignorância não vejo solução a médio prazo para nossos problemas. Essa polarização PT x Direita é nefasta. É preciso construir e acreditar na via do meio. Sem isso estaremos condenados às polaridades que não solucionam nada. Só disseminam o ódio e a desunião do povo”, finaliza Patrícia

Presidente desrespeita lei
Manifestantes agridem jornalistas

          Com a experiência de quem viveu os tempos duros do regime militar, o escritor Carlos da Terra diz que vê “com profunda ansiedade e preocupação (as manifestações de domingo). As pessoas que viveram aqueles árduos e sombrios tempos da ditadura militar ainda trazem as marcas do terror em suas almas. Mães que perderam seus filhos jamais se recuperaram do trauma”.
          Para o escritor, o comportamento de Bolsonaro “é uma conduta imoral do ponto de vista humano, de vez que ele não é um militante e sim que se encontra em uma posição que o impele a, simplesmente, agir e não incitar o povo a agir.
De acordo com a Constituição, o presidente viola a Lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967”. (Nota da redação: esta lei regulamenta a liberdade de manifestação de pensamento e de expressão, é também conhecida como Lei de Imprensa)
Terra ainda avalia que “há sim, uma parcela (da população) que deseja uma intervenção militar, como realmente houve nos anos 60. E essa parcela não é pequena. Eu, particularmente, penso que uma monarquia seria melhor do que o sistema republicano, diante desse perigo iminente de uma ditadura nos moldes embrutecidos e incultos de uma ditadura militar. Obviamente, o militar é, em todos os tempos e em todas as sociedades, preparado para lutar e matar e não para filosofar ou educar ou ainda ponderar sobre a cultura popular. Por sua formação, o militar carece de recursos para atividades intelectuais que são, naturalmente, incompatíveis com a força bruta”.
O escritor afirma ainda que “o momento é delicado. Politicamente a posição filosófica é frágil diante da imposição brutal da força. Não há clima para a citação famosa de Evelyn Beatrice Hall: "posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las".
Apesar das dificuldades, Carlos da Terra afirma que “há uma luz no fim do túnel! Nosso país teve uma formação feudal. O povo é apegado a crenças e culturas individualistas, como uma visão bastante simplificada de uma sociedade ideal. Quando um brasileiro nasce, logo nas primeiras aprendizagens, ouve seus circundantes dizerem: "o Brasil é um país muito rico". Esse conceito sugere uma acomodação. Qualquer reforma que se pretenda fazer passará pela educação, desde a base até as universidades”.
Texto: Marco Antonio
Fotos: Arquivos pessoais; reprodução internet