Uma
obra que entrelaça a história de amor entre dois personagens fictícios e as
experiências e histórias da infância da autora. Assim é o romance Engenheiro
Maia, da educadora Itapetininga Isa Maria Prado (foto). Narrado em terceira pessoa, o
livro – o primeiro de muitos, segundo a autora – traz passagens de sua
infância, quando passava férias na Fazenda de Engenheiro Maia, na Região de
Itararé.
Mesmo
baseado em sua memória afetiva e nas histórias de seu pai João de Maria o livro
traz um relato fiel de uma época efervescente na história do Brasil: o começo
dos anos 60 e toda a agitação política e social desse período. A obra possui
uma linguagem simples, inclusive usando expressões e palavras típicas da
cultura regional.
“A
minha preocupação foi usar uma linguagem que atraísse o público adulto que se
identifica com esse dialeto e resgatar brincadeiras que os nossos jovens
desconhecem”, disse a autora. O objetivo, segundo ela, é preservar a identidade
cultural da Região. Algumas expressões usadas na obra podem soar estranhamente
para os mais jovens. É o caso de “as flores estão entremunhadas”, que quer
dizer que as flores estão entrelaçadas. “Minha avó sempre falava assim”, lembra
a autora.
Para
ela é muito importante valorizar preservar a identidade cultural da Região. “A
minha expectativa com relação ao livro é grande. Gostaria que todos lessem e se
identificassem”, contou Isa Maria, que já possui vários livros infanto-juvenis
prontos para serem publicados.
Influência do pai
Capa do livro da educadora |
Mesmo tendo apenas o quarto ano
primário, o português João de Maria foi o grande responsável e teve forte
influência na paixão da filha pela leitura. “No lugar de presentes, no meu
aniversário meu pai escrevia cartas, que vinham acompanhadas de engenhocas
feitas por ele mesmo: cavalinhos de pau, monjolinhos que criavam vida debaixo
da torneira no quintal... e, sobretudo livros doados que faltavam páginas.
Páginas estas que eram maravilhosamente completadas por suas narrações e que
encadeavam perfeitamente em continuidade a próxima página existente”, lembra a
autora. Bom contador de histórias e causos, seu João Maria como era conhecido,
sempre tinha algo inusitado para contar a filha. “Foi assim quando Carlos
Lamarca se escondeu na região do Vale do Ribeira, justamente no acampamento
onde meu pai trabalhava no trecho pelo
D.E.R e ao chegar em casa na sexta-feira tinha uma boa história para contar sobre
a militância de Lamarca”.
A paixão do pai pela literatura fez
com que a filha desde cedo tivesse contato com grandes autores, como Guimarães
Rosa, Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, entre outros. “O universo da escrita
sempre foi muito presente em casa”, revela a escritora. Embora este seja o seu
primeiro livro publicado, ela sempre escreveu muito. Não é à toa que possui
outras obras prontas. “Entre tantos dizeres é muito bom ter meus próprios
falares”, finaliza a autora sobre a experiência de escrever.
O
lançamento do livro será no próximo dia 3 de maio, a partir das 20 horas, na
biblioteca do Clube Venâncio Ayres, Centro.
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