Queda nas vendas já vinha ocorrendo
A revista Hadar (www.revistahadar.com.br) traz em sua
edição de agosto reportagem sobre o impacto da Copa do Mundo no comércio
regional. Para muitos, a Copa representou baixo faturamento no comércio, que em
algumas cidades registrou queda de quase 30% nas vendas durante o período.
Alguns empresários, porém, não sentiram muito os efeitos do fechamento das
lojas e houve até quem se destacasse em seu segmento, como é o caso de uma rede
de lojas de materiais de construção, sediada em Tatuí, que está em 17º lugar em
vendas no setor, em todo o Estado de São Paulo, segundo pesquisa de publicação
especializada.
Apesar do impacto que o evento
trouxe ao comércio, representantes do setor ressaltam que a Copa do Mundo não
pode ser considerada a única responsável pela diminuição das vendas, pois esta
é uma tendência que vem se acentuando este ano, pois o consumidor já está
comprometido com muitas dívidas.
Segundo dados da Associação
Comercial de Tietê, por exemplo, nos primeiros 20 dias do mês de julho, houve
um aumento na inadimplência de 30,47% em comparação ao mesmo período do ano
passado, são mais de 8.000 pessoas registradas só no serviço de proteção ao
crédito (SCPC) de Tietê, o que corresponde a um valor de mais de R$ 3 milhões. “Já
no primeiro semestre deste ano as vendas apresentaram uma queda de 13,82% ou
seja, a inadimplência esta muito alta, os consumidores estão comprometidos com dividas
parceladas; seja no cartão de crédito ou crediário e também os bancos estão
segurando mais a concessão de crédito, estão sendo mais criteriosos”, ressaltou
Júlio Coan, gerente administrativo da entidade.
Para
ele, é injusto culpar apenas a copa pela queda nas vendas: “teve sim uma parcela
de culpa, mas é pequena, a situação neste ano já vinha se encaminhando para um
baixo crescimento e talvez tenha uma leve recuperação nas vendas do final de
ano. Neste momento é importante principalmente o varejo usar a criatividade
para aumentar as vendas, seja através de liquidações ou campanhas e também o
mais importante de tudo: utilizar as ferramentas de proteção ao crédito, neste
atual conjuntura econômica é de extrema importância a analise de crédito para a
realização da venda”, finalizou Júlio Coan.
Pouco emprego
Em artigo publicado no site da
Federação do Comércio do Estado de São Paulo, José Pastore, presidente do
Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP, avalia a realidade
da geração de emprego após a Copa.
Para ele, as estimativas em torno do
evento, que variaram entre um milhão e mais de três milhões de empregos a longo
prazo, conforme fontes do governo, foram exacerbadas.
Citando especialistas, Pastore
avalia que a Copa “deve ter ficado em torno de 185 mil, na maioria, temporários
e ligados às atividades de turismo, alimentação, transporte, produção e vendas
de bens alusivos ao evento - camisetas, bandeiras, flâmulas e adereços”. Um número
bem mais modesto e realista do que as previsões oficiais.
A queda na geração de novos empregos
é uma realidade que vem se consolidando desde o começo do ano, de acordo com
Pastore. “Nesse sentido, lamento dizer que no campo do emprego o Brasil vai tão
mal quanto no campo do futebol. Nos primeiros cinco meses de 2014, a geração de
novos postos de trabalho formal foi 32% menor do que em 2013 e 46% menor que em
2012. Isso indica a debilidade da nossa economia para gerar empregos, tudo
agravado pela inflação, pelo custo Brasil, a baixa produtividade e a
complexidade da CLT, que continuam tão perversos quanto antes da Copa. Quem
sabe, passada a Copa, o Brasil decida remover esses entraves para os
brasileiros poderem trabalhar e viver melhor”, afirmou o executivo.
Turistas aprovam evento
Mas
tristezas à parte, e apesar dos inúmeros problemas enfrentados durante a
preparação para o torneio, o Brasil causou ótima impressão nos turistas
estrangeiros que por aqui passaram. Segundo pesquisa do Instituto DataFolha,
83% dos entrevistados consideraram a organização da Copa ótima ou boa e 95% dos
estrangeiros ouvidos pela pesquisa aprovaram a hospitalidade do povo
brasileiro. Neste aspecto, a Copa no Brasil foi um grande sucesso e mostrou ao
mundo um país que tem problemas sim (qual nação não tem?), mas que está
amadurecendo e tentando seguir o caminho certo para ocupar um lugar de destaque
no cenário mundial.
O sucesso do evento, neste aspecto,
deve ter sido um balde de água fria nos derrotistas e pessimistas, que
apostavam em tumultos, protestos e que a imagem do Brasil fosse manchada. Há
ainda os que reclamam que perderam dinheiro com a Copa, pois tiveram de fechar
o comércio mais cedo e em algumas cidades foi feriado. Bem, os três milhões de
turistas que vagaram pelo país em junho e julho certamente gastaram dinheiro:
precisaram comer, morar, talvez alugar um carro e até comprar roupas e
lembranças. Então, algum setor lucrou e lucrou bastante com a copa. E se houve
prejuízo, o empresário ainda tem o resto do ano para faturar. Talvez seja
melhor pensar em estratégia de venda, no lugar de reclamar de um evento que já
passou. Até porque temos outro grande evento esportivo em 2016: as Olímpiadas
do Rio de Janeiro.
Muito se falou dos gastos com a
Copa, estimados em R$ 26 bilhões segundo dados do governo. Pode parecer muito
dinheiro (e realmente é uma soma considerável), mas não chega a 5% do que os
brasileiros já pagaram em impostos, até o dia 24 de julho. Segundo dados do
site impostômetro (www.impostometro.com.br) até esta data, o governo contabiliza
a impressionante cifra de mais de R$ 922 bilhões em impostos pagos (dinheiro
suficiente para construir mais de 65 milhões de salas de aula, por exemplo). Ou
seja, em menos de oito meses, quase um trilhão de reais arrecadados.
Com os cofres cheios, parece que o
problema do Governo Federal não é a falta de dinheiro, mas o mau uso do mesmo,
com gastos mal planejados e muitas vezes desnecessários. O importante é que a
infraestrutura ficará e poderá ser usada pela população ainda por muitos anos,
assim como as obras de mobilidade urbana.
Ainda assim, há aqueles que sempre
criticarão algo. O Brasil não é perfeito, mas depende do povo, da sociedade
brasileira para mudar. Talvez os pessimistas devessem conversar com um dos mais
de 2,2 mil turistas estrangeiros ouvidos pelo DataFolha, pois a maioria aprovou
o transporte aéreo (76%) e a segurança (82%).
E
os números da Copa não param por aí, mais de três milhões de brasileiros viajaram
pelo país durante o evento, que teve média de 53 mil torcedores por jogo, que
tiraram mais de 38 milhões de selfies nos estádios, até as oitavas de final. E falando
em público, a final entre Alemanha e Argentina teve mais de um bilhão de
telespectadores, incluindo os astronautas que estão na estação espacial
internacional.
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