sábado, 28 de outubro de 2017

No coração da cidade, um laticínio pioneiro

Empresa foi a primeira e entregar leite pasteurizado em Itapetininga
Laticínio pioneiro em Itapetininga

          Entre os anos 40 e começo dos anos 70, por iniciativa de um grupo de produtores rurais, surgiu um laticínio em plena rua Virgílio de Rezende, no cruzamento com a Pedro Marques. Claro que a cidade era muito diferente do que é hoje e a Virgílio, atualmente uma das principais e mais movimentadas vias de Itapetininga, na época era pouco mais do que uma estrada de terra onde, nos anos 30, eram realizadas as famosas cavalhadas.
          "Naquela época, a fiscalização passou a ser mais rigorosa com relação à venda de leite cru", conta o ex-vereador e advogado José de Almeida Ribeiro, que trabalhou como entregador de leite para a empresa, junto com seus irmãos.
          "Nós começávamos a entregar as cinco da manhã, de carroça, e até as sete já estava tudo entregue. Os bares, restaurantes e hotéis eram aonde a gente demorava mais para entregar", lembra José Ribeiro, acrescentando que "a cidade praticamente acabava na avenida Peixoto Gomide; aqui pra cima não tinha calçamento; era tudo estrada de terra", conta Ribeiro.
História
          Segundo José Ribeiro, a iniciativa de fazer um laticínio em Itapetininga, ainda na década de 40, foi de João Albino Ramos, fazendeiro que tinha casa na avenida Peixoto Gomide e montou o laticínio na Virgílio, mas o ex-vereador ressalta que "alguns anos depois o negócio fracassou, depois passou para cooperativa, mas funcionava precariamente, com alguns cooperados ficando sem receber".
          Foi então que, em 1954, um grupo liderado por Juvenal Cirineu, Paulo Rocha Camargo (ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo), Gabriel Medeiros e Geraldo Gontijo assumiu o acervo da cooperativa e montou o Laticínio Itapetininga S.A. "Era um empreendimento moderno; vieram técnicos de São Paulo para montar os equipamentos", lembra José Ribeiro, que desde 1952 trabalhava na empresa. Segundo ele, o leite era coletado em toda a área rural de Itapetininga e até em Angatuba. "Os produtores mais abastados tinham veículos próprios e entregavam o leite na empresa", afirma Ribeiro, observando que, mesmo com a fiscalização mais rigorosa, o leite cru ainda era vendido, principalmente na periferia da cidade.
          Em 1960, o laticínio mudou de mãos novamente, sendo adquirido por Arnaldo Vitório Barretti (empresário e produtor rural) e Juraci Galvão. "O Arnaldo Barretti tinha experiência na área, pois tinha outros laticínios, inclusive no distrito de Rechã", comenta José Ribeiro. O negócio continuou até o começo dos 70, quando foi adquirido pela Vigor. "A medida que o empreendimento foi crescendo, foi se afastando do centro, tanto é que a Vigor se mudou para a Vila Monteiro", afirma Ribeiro, "mas o laticínio tinha boas instalações, inclusive um outro prédio grande, na rua Pedro Marques, que servia de depósito", observa o ex-vereador.
          José Ribeiro lembra ainda de um outro projeto que não deu certo: a criação de uma outra cooperativa de produtores de leite, liderada pelo produtor Amador Leonel. "Ela ficava às margens da rodovia Raposo Tavares e depois foi adquirida pela Colaso". Veja esta e outras matérias na edição deste mês da revista Atenas.
Texto: Marco Antonio
Foto: Internet

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