Morte de bancária
levanta questões sobre cirurgia plástica
Implante de silicone é o segundo procedimento mais procurado no país |
A morte da bancária Lilian
Calixto, de 46 anos, ocorrida no dia 15 de julho, após se submeter a um
procedimento estético na cobertura de um médico em um bairro nobre do Rio de
Janeiro, mostrou quão perigosa a busca pela perfeição estética pode ser, ainda
mais se as pessoas não tomarem os devidos cuidados, como procurar um
profissional capacitado (geralmente indicado por outro profissional) e estar
atenta para o local e as condições onde tal procedimento será realizado.
O Brasil é o
segundo país no ranking mundial da cirurgia plástica, com mais de um milhão,
duzentas e vinte e quatro mil cirurgias plásticas realizadas em 2015, segundo
levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética. A
lipoaspiração é o procedimento mais realizado no país, com mais de 182 mil
cirurgias, seguido pelo implante de silicone nos seios, com quase 159 mil
procedimentos. Embora sejam números impressionantes, as estatísticas já foram
maiores: em 2013, o Brasil ocupou o primeiro lugar no ranking, com quase 1,5
milhão de cirurgias, desbancando os Estados Unidos (atuais líderes).
Como se vê,
este e um assunto muito sério e por isso mesmo as pessoas devem tomar o maior
cuidado na hora de decidir por um procedimento cirúrgico. Afinal, com a saúde e
a vida não se pode brincar.
O Brasil teve
um dos maiores nomes da cirurgia plástica: o renomado médico Ivo Pitanguy,
conhecido mundialmente. Com seu trabalho, ele colocou o Brasil entre os
destaques nessa área, inspirando muitos profissionais e elevando a autoestima
de milhares de pessoas. Afinal, deixar as pessoas de bem com o próprio corpo é
um dos objetivos da cirurgia estética praticada por profissionais competentes e
responsáveis.
O site da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica disponibiliza informações para quem
deseja encontrar um bom cirurgião. Basta acessar o link: http://www2.cirurgiaplastica.org.br/encontre-um-cirurgiao/.
Motivos
Segundo o
cirurgião plástico Rodrigo Fulini Brasil (CRM 139426) existem vários motivos e
razões para a pessoa fazer plástica.
“Todos nós
temos algo que gostaríamos de mudar na nossa aparência, às vezes pequenos
detalhes, que podem incomodar tanto, que aquele pequeno “defeito” que muitas
vezes só a pessoa vê, se torna algo insuportável, levando a um prejuízo social
devido a não aceitação da própria imagem”, afirma o cirurgião.
Segundo ele,
“é fundamental que haja um equilíbrio entre Saúde mental e aparência física. É
muito comum esses pacientes atribuírem todo o fracasso da vida particular e
social à sua aparência física, depositando assim, toda solução dos seus
problemas no cirurgião plástico, como se o cirurgião plástico fosse um
psiquiatra com um bisturi na mão. Seguramente, esses pacientes nunca ficarão
satisfeitos e vão pingar de consultório em consultório até que encontrem algum
médico disposto a operá-lo novamente. O
cirurgião plástico, dentro de sua ética profissional, deve identificar esses
pacientes compulsivos e encaminhá-los sim a um profissional da saúde mental”.
Fulini
destaca os casos em que o médico pode indicar cirurgia plástica. “O intuito
numa cirurgia plástica, seja estética ou reparadora, é tentar devolver ao
paciente sua autoestima, assim como melhorar sua qualidade de vida. Então em
primeiro lugar deve haver indicação médica correta, que muitas vezes não é
aquilo que o paciente espera, por isso é de suma importância que durante a
consulta o cirurgião esclareça todas as suas dúvidas e acrescente as
informações necessárias”.
O cirurgião ressalta a grande
variedade de procedimentos abrangidos pela cirurgia plástica. “Há uma tendência
popular em separar a cirurgia plástica como estética e reparadora. A cirurgia
plástica é uma especialidade única, que engloba um leque muito grande de
procedimentos. Sem dúvida é uma das especialidades médicas com maior
diversidade de tratamentos, motivo pelo qual exige tantos anos de estudo e
dedicação do profissional da área. Nós atuamos no corpo todo, da unha do dedo
do pé até o fio de cabelo. Relacionamo-nos com diversas especialidades médicas
e, também, com outros profissionais de saúde, essa sincronia é fundamental para
o sucesso do tratamento cirúrgico”.
Cuidados
De acordo com o médico, “todas as pessoas
podem ser candidatas à cirurgia plástica, porém devem ter condições de saúde,
mesmo os pacientes com alguma patologia crônica como, por exemplo, hipertensão
e diabetes desde que devidamente controlados e liberados pelo seu médico, podem
realizar cirurgia plástica”. Ele ressalta que este tipo de cirurgia não deve
ser indicada “em pacientes compulsivos, como comentei anteriormente, em
pacientes fumantes inveterados, obesos, e pacientes com qualquer doença de base
que não esteja devidamente controlada e acompanhada pelo seu médico. Nestes
pacientes a cirurgia plástica está contraindicada”.
Rodrigo
Fulini observa que “nenhuma cirurgia plástica deve ser indicada quando os
riscos superem os benefícios. Em geral, desde que seja corretamente indicada a
cirurgia plástica traz muito pouco risco ao paciente. Não há idade limite para
cirurgia plástica, pois existem patologias congênitas que o resultado do
sucesso depende do tratamento cirúrgico precoce, como por exemplo: fissuras
lábio-palatinas (lábio leporino), algumas síndromes crânio faciais, entre
outras. Em contrapartida, é muito comum o câncer de pele em pessoas idosas,
além de outras condições que exigem tratamento cirúrgico especializado”.
Ainda segundo
o cirurgião, as mulheres representam 80% das pessoas que procuram cirurgia
plástica, “mas progressivamente os homens cada vez mais estão procurando
cirurgião plástico, esse número se deve também à grande procura dos homens na
cirurgia do transplante capilar”.
Mais cuidados
Segundo o
cirurgião, as cirurgias plásticas são mais demoradas, “pois trabalhamos sempre
com harmonia e simetria, portanto tudo que se faz de um lado deve-se fazer do
outro, se passarmos uma linha reta dividindo o corpo em duas metades, veremos
que nenhum de nós é simétrico o que exige do cirurgião muita sensibilidade para
tentar deixar mais harmônico possível e isso pode levar um certo tempo. Cada
cirurgião tem seu tempo, cirurgia rápida não é sinônimo de bom resultado e o
contrário também é verdadeiro, o importante é sempre priorizar um tempo seguro
para o paciente, por isso que muitas vezes os pacientes desejam fazer cirurgias
combinadas, como por exemplo mama e abdome, mas tem cirurgião que prefere dividir
em dois tempos pela segurança do paciente”.
Outra etapa
que exige cuidado e atenção é o período pós-operatório, como lembra o médico. “O
mês de maior movimento na Cirurgia plástica é julho, pois a associação de frio
e férias é uma excelente combinação para uma recuperação mais confortável. De
um modo geral, pedimos no mínimo 15 dias de afastamento das atividades
trabalhistas, mas isso pode variar de acordo com o procedimento”.
Mito
O cirurgião
observa ainda que “existe um mito que não se pode realizar cirurgia plástica em
clínica. Na verdade, se a clínica tem liberação da vigilância sanitária para
realização de cirurgia plástica, é porque essa obedece aos rigorosos critérios
impostos por esse órgão. Em toda clínica deve ter exposto o alvará da
vigilância sanitária, que é o órgão fiscalizador. É claro que cirurgias maiores
e pacientes selecionados deverão sim realizar a cirurgia numa clínica com todo
suporte necessário e UTI ou no mínimo convênio com uma UTI mais próxima, caso
contrário estes pacientes devem ser operados num hospital com o devido suporte”.
Ao contrário
do que muitos pensam, Rodrigo Fulini garante que a anestesia hoje é muito
segura. “o paciente é rigorosamente entrevistado pelo anestesista e todos os
exames são checados antes da anestesia. Além de que durante toda a cirurgia o
anestesista está de olho no paciente e nos parâmetros do monitor, tornando a
cirurgia muito tranquila para o cirurgião”.
Veja matéria completa na edição de agosto da revista Hadar.
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