terça-feira, 1 de setembro de 2020

Home office se consolida na pandemia

 Cerca de 52% dos trabalhadores já aderiram ao novo modelo



 

            Com o avanço da tecnologia, das mídias sociais e de plataformas de mídia, trabalhar em casa, uma atividade que há duas décadas parecia ser para poucos privilegiados, hoje se mostra uma tendência do mercado de trabalho que tem tudo para ficar.

            A pandemia da Covid-19 praticamente obrigou empresas e funcionários a adotarem novas posturas e modelos de trabalho. Distanciamento social, uso de máscaras e higienização constante de mãos, objetos e locais de trabalho passaram a ser rotina.

            Por isso, o trabalho remoto (home office) tornou-se uma necessidade para corporações e trabalhadores; uma ferramenta que possibilitou a manutenção de empregos, contribuiu para tirar as pessoas das ruas e ajudou empresas a continuarem trabalhando e atendendo seus clientes.

            Se, por um lado, a pandemia é uma tragédia que vitimou mais de 120 mil brasileiros, por outro lado nos levou a questionar e repensar nosso modo de vida, mais pessoas trabalhando em casa significa menos gente no transito das grandes cidades, no transporte coletivo, menos automóveis nas ruas, menos poluição e menos estresse. O meio ambiente e a qualidade de vida agradecem.

            Claro que muitas coisas precisam ser ajustadas nesta nova realidade: leis trabalhistas precisam ser atualizadas; as pessoas, mesmo estando em casa, precisam se organizar e definir horários de trabalho e de lazer, como se estivessem no escritório. Especialistas ressaltam que, pelo fato de estar sempre conectado, o funcionário pode se sentir obrigado a estar à disposição da empresa 24 horas por dia, o que, claro, não é nada saudável e pode levar a exaustão.

            O fato é que o trabalho remoto chegou para ficar e a sociedade (em todo o mundo) precisa se adaptar a esta nova realidade, buscando a melhor solução e o equilíbrio para todos.

 

Adesão ao home office

            Pesquisas apontam que a adesão ao modelo de trabalho remoto (home office) vem subindo desde o início da pandemia. Entre os trabalhadores das classes A e B, o índice de adesão é de mais de 50%, já entre os trabalhadores classe C, este percentual cai para 29%. A informação é de pesquisa realizada em julho pelo Datafolha, a pedido do C6 Bank.

Em outro levantamento, de acordo a revista Isto é, 41% dos funcionários de empresas que podiam trabalhar em home office, aderiram a este modelo, segundo estudo elaborado pela Fundação Instituto de Administração (FIA), citado pela revista. O levantamento coletou, em abril, dados de 139 pequenas, médias e grandes empresas que atuam em todo o Brasil.

O percentual de companhias que adotou o teletrabalho durante a quarentena foi maior no ramo de serviços hospitalares (53%) e na indústria (47%). Entre as grandes empresas, o índice das que colocaram os funcionários em regime de home office ficou em 55% e em 31%, entre as pequenas. Um terço do total das empresas (33%) disse que adotou um sistema parcial de trabalho em casa, valendo apenas em alguns dias da semana. No setor de comércio e serviços, 57,5% dos empregados passaram para o teletrabalho, nas pequenas empresas o percentual ficou em 52%.

 

Dificuldades

O estudo aponta que 67% das companhias relataram dificuldades em implantar o sistema de home office. A familiaridade com as ferramentas de comunicação foi apontada como obstáculo por 34% das empresas, assim como o comportamento dos funcionários ao acessarem os ambientes virtuais (34%). A atuação das áreas de tecnologia da informação foi um ponto levantado como dificuldade por 28% das empresas.

Poucas empresas ofereceram suporte material aos funcionários para implantação do teletrabalho: 9% ajudaram nos custos de internet e 7%, nos custos com telefone.

Fonte: revista Isto é julho de 2020

 

Pesquisa DataFolha

Já na pesquisa do DataFolha, realizada no começo de julho, aa pedido do C6 Bank, 52% dos trabalhadores aderiram ao home office durante a pandemia da Covid-19. Este percentual é predominante entre as classes A e B.

Por outro lado, no que compete à classe C, o índice tem uma queda expressiva, para somente, 29% dos profissionais que puderam executar as funções de casa. Nas classes D e E, a taxa é ainda menor, inferior a 26%.  O balanço excede os percentuais relativos à População Economicamente Ativa (PEA) brasileira.

Segundo o DataFolha, 1.503 pessoas foram ouvidas, via telefone, em todas as regiões do Brasil entre os dias 6 e 10 de julho. A margem de erro é de apenas três pontos percentuais. O levantamento aponta o trabalho em casa como uma das principais “medidas adotadas durante a pandemia, no intuito de aumentar os índices de isolamento social e diminuir a disseminação e contágio da Covid-19. Por outro lado, a execução das atividades realizadas pelo setor de serviços é bem limitada perante a economia brasileira, limitando significativamente, as possibilidades de trabalho à distância”.

 

Produtividade maior


Para o tecnólogo em construção e estudante de engenharia civil Gabriel Duarte Nogueira (foto), o home office veio mesmo para ficar. “E algumas situações, o rendimento no trabalho aumentou”, explica o estudante, que desde março trabalha no sistema remoto (home office). “Seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), o escritório achou mais conveniente o trabalho à distância. No caso dele, o trabalho é mesmo à distância: o estudante mora em Itapetininga e o escritório para o qual trabalha como projetista fica em Sorocaba.

            Entre os benefícios do home office, Gabriel Nogueira lista: “conforto de estar na sua casa, sem ter que pegar trânsito e outros problemas que surgem na ida e volta do trabalho”.

            Quanto às dificuldades que podem prejudicar o trabalhador, o estudante ressalta que “depende da área de atuação.

 

Perspectiva positiva

“Apesar de tudo, a perspectiva pós-quarentena, na construção civil é positiva. Porém, enxergo o mercado de trabalho se adequando às novas necessidades”, afirma Nogueira, sobre o futuro do mercado de trabalho.

Questionado se escolheria voltar ao modelo de trabalho tradicional, Nogueira afirmou que “depende do tipo de serviço. Em relação aos projetos, gostaria de manter em home office. Já no acompanhamento e execução de obra, é preciso que volte ao modelo tradicional, pois está diretamente relacionado a outros prestadores de serviço.” Veja matéria completa na edição deste mês da revista Hadar (www.revistahadar.com.br).

 

2018

Em 2018, bem antes da pandemia, o Marconews abordou o tema home office como tendência do mercado de trabalho, citando um estudo feito pela Universidade Cardiff, no País de Gales (Reino Unido), o qual demostrou que quem trabalha em casa ou em outro lugar que não seja o escritório da empresa, tende a relatar maiores níveis de satisfação e são mais propensos a dizer que os seus trabalhos são agradáveis e estimulantes do que aqueles que trabalham nos escritórios. De um modo geral, o estudo conclui que trabalhar em casa é vantajoso para os empregados e para os empregadores. Numa altura em que se fala tanto do fim dos escritórios, e se estimula o desapego pelo escritório, esta conclusão é benéfica nesta mudança de paradigma de trabalho.

O ambiente é também importante. Acontece que trabalhar sozinho aumenta a produtividade, uma vez que os trabalhadores não são interrompidos ou distraídos com tanta facilidade.

 

24 horas ligado

Um dos maiores perigos do home office é que ele pode fazer com que o trabalhador não se desligue do serviço. Segundo o estudo, 39% dos trabalhadores remotos dizem que trabalham fora do horário normal de trabalho e apenas 24% dos que trabalham no escritório dizem o mesmo. Isto faz com que tenham mais dificuldade em desligar do trabalho. E, neste caso, a diferença aumenta de 44% para 36%. Ou seja, quase metade dos profissionais que trabalham em casa dizem que não conseguem se desligar do trabalho. Os responsáveis pelo estudo indicam que é fundamental haver uma separação do local onde se trabalha do que é usado para lazer. Às vezes, uma mesma mesa serve para trabalhar e para comer. O conselho é que, quando vai servir de mesa de refeições, não haja qualquer sinal de trabalho.

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