Somos mesmo independentes?
Há muitas razões para se amar o
Brasil: a beleza de suas paisagens, a riqueza de suas terras férteis, o calor
de seu povo. Mas também há muitos motivos para se repensar este país: sua
imensa desigualdade social, concentração de riqueza na mão de poucos, as
mazelas e desmandos de sua classe política. Mas não devemos odiar o nosso país!
Devemos sim, olhar de frente para nossos problemas, nossas limitações e nossos
erros e acertos. Somente assim poderemos buscar
soluções, ainda que á longo prazo, para os problemas que afligem a grande
maioria do povo brasileiro. Maioria esta, aliás, composta por gente humilde,
honesta, trabalhadora e respeitosa. Gente que deseja apenas viver com
dignidade.
Neste dia 7 de setembro,
aproveitemos o momento patriótico para refletir sobre o nosso papel na
construção de uma sociedade melhor. Sim, todos nós temos
o nosso papel neste grande teatro chamado vida. E não adianta relutar, pois cada
um oferece sua contribuição, seja ela boa ou má.
O Brasil – e talvez o mundo – carece
atualmente de grandes líderes, de estadistas que vejam todo o espectro de um
imenso arco-íris chamado futuro. O mundo vive
hoje de superficialidade. Os 15 minutos de fama que todo mundo teria um dia,
segundo o artista Andy Warhol, já devem ser considerados como um tempo
absurdamente longo para algumas pessoas acostumadas com a internet ultra-rápida.
Mas um país não pode ser construído
dessa forma. Ele deve ser construído a cada dia, por cada indivíduo, por cada geração. Cidadania não é apenas uma
palavra, mas sim uma forma de vida; um direito de todos.
Mais conhecido pelo grito de
“Independência ou morte” dado ás margens do rio Ipiranga, no dia 7 de setembro
de 1822, e por suas aventuras amorosas, Dom Pedro I não era um governante
intempestivo, como podem pensar alguns, muito menos um desequilibrado que, à
primeira admoestação do pai (no caso, a Coroa portuguesa), sai berrando
independência aos quatro cantos. Alguns historiadores sustentam que ele era um
homem de visão modernizadora, que queria desenvolver o Brasil e fez o que pôde,
enquanto pôde. Mas, mesmo ele enfrentou desafios.
Há 191 anos o Brasil deu um basta ao
domínio português, que durante 300 anos sugou nossas riquezas. O grito foi
dado. Mas somos verdadeiramente independentes? Como podemos ser independentes
quando há irmãos nossos massacrados por um sistema político, econômico e social
que transforma quem tem muito em semideuses e referência de vida e quem não tem
nada em pária, a escória da humanidade? Por acaso não nascemos todos iguais?
Não nascemos todos nus e sujos?
Como podemos ser independentes
quando há semelhantes nossos dormindo ao relento nas noites geladas, quando há
crianças como fome ou sendo exploradas, agredidas e destruídas?
Sim, eu sei que o mundo não é
perfeito. Mas ele pode ser melhorado! Cabe a nós, aos nossos filhos. Enfim,
todos devem fazer a sua parte. E fazer a sua parte vai muito além de protestar
ou fazer atos de vandalismo. Contribuir para uma vida melhor significa viver
com dignidade, encarando o próximo não como inimigo ou concorrente, mas como um
ser humano que merece respeito, que merece uma vida plena.
A independência deve ser construída
e conquistada a cada dia, com o suor, o trabalho e as lágrimas e os sonhos de
um povo. Um dia, concretizaremos o desejo de um país
realmente independente.
Marco Antônio Vieira de Moraes
Jornalista
Colaboração: Cleo Silva e Dirce Maria
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