Antigos galpões da Fepasa se tornaram ponto de
consumo de drogas
Barracão abandonado é frequentado por usuários de drogas |
Quase quatro anos depois de denúncia feita
pelo Marconews sobre a existência de uma Cracolândia em
Itapetininga, pouca coisa mudou na paisagem próxima a linha férrea que corta a
cidade, mais precisamente onde antes estavam os barracões da América Latina
Logística (ALL), na vila Arlindo Luz, entre as vilas Paulo Ayres e Prado. O
local é ponto de usuários de drogas e traficantes.
Desde 2012, pelo menos, os moradores das
imediações dos barracões convivem com essa situação. Segundo uma fonte anônima,
o movimento nessa área torna-se mais intenso à noite, a partir das 23 horas, e
vai até de madrugada. “As pessoas parecem zumbis andando ao longo da linha do
trem”, disse a fonte. É intenso também o movimento de carros, inclusive alguns
modelos de luxo, que aparecem para comprar drogas. A concentração de usuários e
traficantes fez com que o local fosse chamado de Cracolinha, em referência
à Cracolândia que existia no centro de São Paulo.
Ainda
de acordo com uma fonte anônima, as melhorias que foram feitas no terreno, como
limpeza e a construção de um acesso para facilitar a passagem até a Vila Paulo
Ayres, acabaram sendo utilizadas pelos dependentes e traficantes. Há relatos de
pessoas que ficam escondidas em bueiros e galerias de águas pluviais, onde
podem usar drogas livremente, como também emboscar passantes incautos.
O problema vem se arrastando e nem algumas
medidas adotadas pelo Poder Público, como a demolição de imóveis usados para o
consumo de drogas e o isolamento dos barracões com uma cerca amenizaram o
problema.
A
reportagem esteve no local e flagrou algumas pessoas no interior dos antigos
barracões. Um buraco na cerca indicava ser o lugar por onde as pessoas entravam
no local. Moradores dizem que evitam passar pelo local durante a noite e
madrugada, mesmo quando estão a caminho do trabalho. Ainda segundo moradores, a
maioria dos usuários é jovem, alguns com menos de 18 anos.
Deterioração
O Marconews voltou ao local neste mês e
constatou que a situação continua a mesma. Dos anos dourados das ferrovias ao
abandono, assim se encontram os barracões aonde funcionava a antiga oficina de
máquinas da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), que depois passou à Fepasa e,
nos últimos anos, para a América Latina Logística (ALL). Desde 2010, o prédio
está sob responsabilidade da Prefeitura de Itapetininga, que assinou acordo com
a ALL, com o compromisso de dar um destino ao imóvel, que passou por reforma.
Atualmente o
prédio encontra-se sem utilidade e abandonado, servindo apenas de abrigo para
usuários de drogas, alguns ainda crianças e adolescentes, além do acúmulo de
lixo e do mato alto. Alguns moradores se sentem ameaçados pela presença dessas
pessoas, muitos até já sofreram ameaças quando passavam pelo local para irem ao
trabalho e escola. O movimento se intensifica a partir das 23h, como nos contou
um morador da Vila Paulo Ayres que preferiu não se identificar. Segundo ele,
desde que o prédio foi reformado, nunca foi destinado para nada útil, pelo
contrário, teve uma época em que a prefeitura utilizou o barracão para
armazenar pneus velhos, que depois foram levados para outro local. Ainda segundo
o morador, logo após a reforma, havia um vigia e durante a noite havia
iluminação, o que inibia os usuários de droga. Hoje, porém, não existe mais
isso e mesmo o prédio sendo cercado de alambrado, nada impede que os usuários
de drogas utilizem o local para consumo de drogas e até para fazerem sexo. Desde que passou pela reforma, o prédio não recebeu mais manutenção, e
hoje além das depredações feitas pelos usuários de drogas que frequentam o
local, também sofre com infiltração, mato e acúmulo de lixo e de água no pátio,
o que facilita a reprodução do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da do vírus
da Dengue, Febre Chicungunya e Zika Vírus, tornando o local não só um problema
social, mas também de saúde pública. Alguns moradores disseram que por várias
vezes entraram em contato com a prefeitura e que somente algumas vezes foram
atendidos. “Ás vezes eles vêm, recolhem o lixo, cortam o mato e até remendam o
alambrado, mas não adianta muito, à noite os “nóia” voltam e começa tudo de
novo”, conta a Dona Maria de 62 anos, moradora na Vila Paulo Ayres há 15 anos.
Já seu Pedro, que já fez parte da Associação de Moradores do Bairro, afirma que
a comunidade espera uma ação do Poder Público. “O que a gente espera, é que a
prefeitura tome uma providência definitiva, pra acabar de vez com isso. Nós,
moradores do bairro, não aguentamos mais esse descaso”, reclama seu Pedro,
indignado com a atual situação.
Sem resposta
Por e-mail, a reportagem entrou em contato com a
assessoria de imprensa da Prefeitura, mas não houve resposta até o fechamento
desta matéria. Veja a seguir as perguntas encaminhadas
Existe algum projeto para revitalização dos
barracões? Em caso positivo, quando será implantado?
Que ações a administração municipal pode adotar para minimizar o
problema da presença de usuários de drogas no local?
Existem outras áreas da cidade que apresentem o mesmo problema de
concentração de usuários de drogas em um só ponto?
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