Iniciativa de artesã
inova no atendimento
A artesã Andréia Gomes, que desenvolve trabalho na APAE |
Projeto
desenvolvido na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de
Itapetininga pela artesã Andréia Gomes tem possibilitado a 30 alunos da
instituição a chance de descobrir e desenvolver um talento: o de cozinhar e
preparar pratos e doces diferenciados. O objetivo da iniciativa é auxiliar na
inclusão social dos alunos e os resultados, segundo a professora, estão sendo
surpreendentes.
Andréia
entrou na APAE em novembro do ano passado, para supervisionar as oficinas de
artesanato, pintura e os trabalhos com material reciclado e marcenaria. A
resposta rápida dos alunos nas aulas de culinária surpreende ainda mais quando
a professora informa que, no dia da reportagem, 11 de março, fazia apenas um
mês que o projeto tinha iniciado. Neste mês de novembro, o Marconews entrou em contato com a artesã novamente, que passou
novas informações.
“Eu
tenho alunos com vários tipos de deficiência”, conta Andréia, observando que
“fui vendo e analisando possibilidades, colocando desafios. Eles foram
correspondendo além do esperado, cada vez mais os trabalhos estão saindo com
requintes de artesão mesmo, principalmente artesanato e pintura”. A primeira
turma de 24 alunos, todos homens, ampliou para 30 pessoas e agora possui
mulheres entre seus integrantes, com idades entre 17 e 56 anos. São eles que
organizam toda a cozinha antes das aulas e depois arrumam tudo para a turma da
tarde.
Dar o melhor de si
A professora brinca com os alunos |
“Eu não
consigo fazer nada básico”, revela Andréia, acrescentando que, “a partir do
momento em que você se dispõe a fazer algo, tem que fazer o melhor possível”. A
primeira receita preparada pelos alunos foi uma torta crocante de banana, com
Andréia passando a receita na lousa para a turma copiar. “A grande maioria não
consegue ler, mas eles copiam”, diz a professora, lembrando que a receita foi
um sucesso. “O cheiro se espalhou pela APAE e logo todo mundo veio aqui ver o
que acontecia. Dominamos a escola naquele dia, não é”, brinca Andréia com os
alunos.
Ela
ressalta que os meninos puderam sentir o sucesso com os elogios que receberam após
o resultado do trabalho. “Todo mundo gosta de elogios, mas para eles é mais
importante ainda. A partir daquele dia se apaixonaram pelas aulas”.
Inclusão
Perguntada
se as aulas são importantes para os alunos superarem as dificuldades, Andréia
responde que “a intenção é a inclusão na sociedade; dar oportunidade para eles
serem responsáveis, pois estão trabalhando com comida, fazendo algo gostoso
para as pessoas comerem. Isso eleva a autoestima”, afirma a professora,
ressaltando que, para seus alunos, as dificuldades para aprender “são um pouco
maiores”. Mas nada que eles não possam superar; alguns inclusive já preparam as
receitas em casa, com a ajuda da família. “As aulas ultrapassam os muros da
entidade. Eles podem fazer na casa e gerar renda”, conta Andréia.
Experiência única
Não
são só os alunos que estão se emocionando com as aulas. A experiência está
sendo única também para a professora. “O amor e a verdade que existem aqui não
encontrei em nenhum outro lugar. Quando eles gostam, gostam mesmo, mas quando
não gostam não tem jeito”, relata Andréia Gomes, que se emociona a falar sobre
as famílias dos alunos. “Elas têm entrado em contato comigo através de redes
sociais, para agradecer, pois dizem que as aulas mostram que os alunos podem
fazer muito mais do que os limites a que estão acostumados...eu leio quando
chego em casa e aí é um choro só...me desfaço em lágrimas”. Como exemplo da
evolução dos meninos, a professora cita um aluno que era muito retraído, mal
deixando as pessoas se aproximarem. “Com as aulas, ele é outra pessoa, até traz
receitas para fazermos aqui”.
Depoimentos
A artesã e os alunos mostram as mãos com chocolate durante as aulas |
Alguns alunos
se prontificaram a dar depoimento sobre as aulas de culinária. “Eu estou
gostando das aulas; aprendi a fazer bolo de banana, que é a receita que mais
gosto. Ainda não consigo fazer em casa”, afirma Geovane, de 19 anos, morador do
Jardim Casagrande e aluno da instituição há nove anos. Ele deve participar em
breve de um convênio que a APAE mantém com a multinacional 3M e trabalhar por
um ano na empresa. “Quero ter meu dinheiro e poder ajudar minha família,
comprar coisas para meu sobrinho, que me quer bem. Eu gosto de todo mundo aqui;
quem não gosta da Andréia?”, diz Geovane.
“A Andréia é
ótima professora; ela me ensinou a fazer coisas com casca de ovo. Aqui nós temos
uma overdose de Andréia. Ela nos suporta”, afirma outro aluno, Edson, que já
fez em casa, com a ajuda da mãe, a famosa torta de banana. “Minha mãe adorou”.
“Eu ajudo
Andréia em tudo aqui. Ela me ensinou a fazer cookies e torta de banana. O que
eu mais gosto é o quibe na chapa; vou fazer em casa para minha família”, afirma
Eric, de 24 anos.
Mais velho dos alunos, Lázaro, de 56 anos, também é
funcionário da instituição; ele também gosta das aulas e já aprendeu a fazer
docinhos. A APAE de Itapetininga possui 220 alunos e está instalada na Vila
Paulo Ayres.
Texto: Marco Antonio
Fotos: Facebook
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