Mais importante do que
a roupa é ter saúde, educação e comida
Importa a cor da roupa quando a família não tem nem luz na casa? |
O Brasil e o
mundo estão mudando com uma velocidade jamais vista. Mas esta mudança é para
melhor ou para o pior? Esta é uma pergunta difícil de responder, já que vivemos
os fatos à medida que a história está sendo escrita e, talvez por estarmos no Olho do Furacão, por assim dizer, não
tenhamos o distanciamento e a imparcialidade necessários para fazer uma análise
independente do momento que vivemos.
O avanço
tecnológico é inegável, facilitando a vida em muitos sentidos. Por outro lado,
a humanidade corre o sério risco de tornar-se totalmente dependente desta
tecnologia, perdendo a principal característica que a define: a capacidade de
empatia com o semelhante, de emocionar-se, de ser, no sentido mais elevado da
palavra, humano!
Hoje, tudo
está mais fácil, mais rápido. Até mesmo tirar a vida de uma pessoa pode ser
feito à distância, com um tiro de fuzil, por exemplo. Atiradores de elite podem
acertar um alvo a centenas de metros. São treinados para isso.
Mas, nos dias
atuais, você não precisa ser um soldado altamente treinado para acertar um
alvo. Em algumas partes do Brasil – e do mundo – bandidos têm acesso à
armamento pesado, que muitas vezes superam as armas da polícia local, e não
hesitam em usá-lo contra a população. Basta ver os casos de assaltos a agências
bancárias pelo interior do país, geralmente em pequenos municípios que mal têm
policiamento. Ou mesmo os famosos arrastões que fecham vias públicas.
Mas existe
uma arma ainda mais poderosa, capaz de destroçar a vida de uma pessoa. Uma arma
que está, literalmente, ao alcance dos dedos: a internet e as redes sociais.
A rede
mundial de computadores é sem dúvida um espaço livre, território perfeito para
a liberdade de expressão. Mesmo que não concordemos com muitas opiniões
expressas on line nas redes sociais,
é importante e saudável que hajam opiniões divergentes e contraditórias, isto
faz com que ampliemos nossos pensamentos. A internet veio para ser uma
ferramenta, um meio para unir as pessoas ao redor do globo, mas ela não é um
fim em si; é um canal para você se conectar com o mundo. Assim como o são as redes
sociais. Não se pode confundir liberdade de expressão com o direito de
agressão, de massacre virtual, que é o que ocorre em muitas situações.
Nem tudo que
é publicado nas redes sociais é verdade; nem tudo é mentira, e poucas coisas
deveriam gerar polêmicas. Hoje, quase tudo vira polêmica. Você corre o risco,
se postar que hoje está um lindo dia ensolarado, de alguém polemizar com você
porque a pessoa prefere chuva. A questão é: o que isso muda na vida das
pessoas? Isso afetará a rotação do planeta? Acabará com a fome do mundo?
Polemizar sobre assuntos corriqueiros pode esvaziar a própria polêmica, que
perderá força.
Muitos
acreditam que a grande imprensa está a serviço de interesses escusos, creem em
teorias de conspirações e buscam duvidar de tudo e todos, mas quem garante que
a fonte de onde tiram suas teorias não é manipulada?
Crianças recolhendo lixo em Itapetininga |
Por isso,
criar polêmica em torno do que uma criança deve vestir, como se isso fosse uma
questão de segurança nacional, parece meio fora de foco. Mais importante do que
a cor da roupa, é saber se a criança tem o que vestir, se tem saúde, educação,
família, se está na escola, se tem comida a mesa e se come todos os dias
alimentos de boa qualidade. Claro que todos podem vestir a cor que quiserem
(logicamente aqueles que podem comprar roupas). No final das contas, são os
pais que decidem o que o filho(a) vestirá nos primeiros anos de vida. Mas criar
políticas de inserção social, que tornem as crianças mais solidárias,
tolerantes e participativas, proteger a infância e a juventude das drogas, da
violência, do abuso, tudo isso é obrigação do Estado e da sociedade como um
todo. De que adianta polemizar em torno da cor da roupa, se a criança não tem o
que comer, não tem escola, vive em condições desumanas, sem segurança e
saneamento básico?
Menos polêmicas desnecessárias, mais ações e respeito com o
ser humano, isto é o que realmente importa!
Texto: Marco Antonio
Fotos: Mike Adas; arquivo
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