terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

De Itapetininga para o mundo: a história de Josianni Alciati

Com paixão pela arte de atuar, ela nunca desistiu de realizar seus sonhos



          No grande palco da vida, quantos personagens uma pessoa pode viver ao longo de sua jornada? No caso da itapetiningana Josianni Alciati (foto), de 57 anos, a resposta é: muitos personagens.
          Filha que cuidou dos pais quando eles mais precisaram, irmã que sente até hoje a falta dos irmãos já falecidos, esposa, mãe, artista, artesã, apresentadora e, mais recentemente, avó apaixonada pelo neto. Estes são apenas os papéis vividos por ela na vida.
          Nos palcos, sua grande paixão, já participou de novelas, minisséries e outros projetos da mais importante emissora do país. Também já participou de três apresentações da Paixão de Cristo, interpretando papéis bem diferentes em cada montagem, como Maria, mãe de Jesus, e a esposa de Pôncio Pilatos, Claudia. Um feito considerável se levarmos em conta que somente depois de 2013 realizou o sonho de ser atriz profissional, com registro e tudo. Foi a concretização de um sonho acalentado
Primeiro trabalho na TV GLobo: novela Sete Vidas
há mais de 50 anos, mas adiado, como já dissemos, porque ela tinha outros papéis a desempenhar na vida. Nesta reportagem especial, Josianni conta quase tudo para o Marconews. Como todo bom filme, deixamos algumas surpresas para os próximos capítulos!!! Será que ela vai estar em breve nas telonas?

Quem sou eu
“Nasci em 3 de fevereiro de 1963, filha de José Aparecido Ribas (mais conhecido como Zé Barulho) e Dilma Aparecida Alciati Ribas, tinha dois irmãos, Giovanni e Josedil (ambos já falecidos). Com cinco anos de idade já atuava em frente ao espelho. Sempre sonhei em ser atriz. Era a coisa que mais queria na vida, mas como vinha de uma família muito religiosa, na época, tudo que fazia era pecado. Imagina ser atriz! A visão de atriz que se tinha na época. Era uma coisa que jamais eu poderia sonhar em ser, mas, mesmo assim, eu continuei sonhando. Ninguém conseguiu matar ou tirar esse sonho de mim. Como não podia sair pra fora estudar, aos 17 conheci meu ex-marido (João Theodoro Machado Júnior) e me casei (está divorciada há 15 anos), aos 19 anos fui mãe da Priscila Ribas Machado e, em 1985, da Verônica Ribas Machado”, conta Josianni.
No papel de Maria, na encenação da Paixão de Cristo

Por 20 anos, ela foi apresentadora de programas em emissoras locais, como a SP Sul TV (comunitária), a TVI e a Tv Verde. Fez rádio e jornais como a Folha de Itapetininga e a Gazeta, com o tempo passou a cuidar mais dos pais, que já estavam em idade avançada.
O pai, Zé Barulho, foi o primeiro a falecer. Após a morte da mãe, Dilma, em 2013, Josianni decidiu realizar o sonho de ser atriz, incentivada pelas filhas. Antes de ir para o Rio de Janeiro, morou seis meses em São Gabriel da Cachoeira (AM), acompanhada da filha, Priscila, mantendo contato com tribos indígenas, como os yanomami.
Depois deste período sabático, ela foi para o Rio, onde ficou três anos e fez vários cursos: cinema, teatro e TV. Ela conseguiu o registro profissional de atriz (DRT). “Hoje realmente sou atriz profissional”, conta Josianni, sem esconder sua felicidade.
Em Itapetininga, para onde voltou para ficar com as filhas, participou de três montagens da Paixão de Cristo, além de outras montagens com o diretor Paulo Carriel. “É difícil viver de arte e cultura aqui. As pessoas deviam investir e valorizar mais esta área”, observa Josianni.

Fato Marcante

Em 26 de setembro de 1979,  próximo à então igreja Matriz (hoje Catedral) em frente ao antigo casarão (já demolido) do jornalista Murilo Antunes Alves, o irmão de Josianni, Giovanni, sofre um acidente de moto. Ela estava com 16 anos. “Foi muito sofrido para os meus pais. Fiquei seis dias e seis noites com ele no hospital”, lembra Josianni, acrescentando que “o Dr. Leo (Orsi Bernardes) reservou uma sala no hospital para a família, onde ficávamos e os amigos do Giovanni; o hospital estava sempre cheio de amigos. Aquele acidente marcou a cidade”, conta Josianni, ressaltando que foi um dos primeiros acidentes do tipo na cidade, envolvendo um jovem de família conhecida.
“No dia 1º de outubro, aniversário do meu irmão, ele morre! Aí vi que a morte não era só com o outro, acontecia com todos”, diz a hoje atriz.
José Ribas (Zé Barulho) e Dilma Alciati Ribas
Ela lembra que era muito ligada a Giovanni: “ele era meu companheiro e me protegia. Fazíamos tudo juntos. A morte dele me marcou muito”. Mas a vida de Josianni teria ainda outros momentos dramáticos. O irmão Josedil falece aos 49 anos, em novembro de 2009; cinco meses depois, em abril de 2010, o pai (conhecido como Zé Barulho). Em agosto desse mesmo ano, a mãe, Dilma, sofre um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e fica de cama por três anos, falecendo em 19 de novembro de 2013. “Isso me obrigou a crescer. Através de tanto sofrimento, aprendi a viver, a lidar com minhas coisas e me virar sozinha”.


Arte e Cultura no sangue

          Josianni ressalta que sempre foi uma pessoa envolvida com a cultura e a arte. “O mais engraçado é que só fui descobrir porque gosto tanto de arte e cultura depois de adulta, pois eu venho de uma família circense. Meu avô tinha primos que possuíam um circo: o circo Irmãos Alciati. Então você percebe que isto está no sangue, não tem como fugir, não é?”

Metas
          “Minhas metas para esse ano são: emagrecer, pela minha saúde mesmo, pois parei de fumar, e continuar atuando. Tenho sonhos ainda de fazer uma participação especial em uma novela ou em um filme ou teatro. Isso para mim vai ser muito importante, de muita riqueza. Então meus sonhos de atuar ainda não morreram e eu vou atrás de tudo isso”.
          Josianni afirma que se sente realizada. “eu acredito que realizei sim meus sonhos, porque para mim é uma coisa muito grande (ser atriz) e eu senti de verdade, na alma, que isso ia acontecer. E aí veio o Olavo, meu neto, que é uma paixão muito grande. Ele é um pouco do meu pai, da minha mãe, do Giovanni, do Josedil. Ele é tudo (para mim) um menino maravilhoso, assim como as minhas filhas. Eu estava distante, no Rio de Janeiro, e resolvi voltar (para ficar perto da família)”. Mas ela garante que, se precisar voltar ao Rio para atuar, voltará sem problema nenhum.
Com o apresentador Airton Rodrigues

          Ela lembra que, apesar das dificuldades e críticas, foi atrás dos seus sonhos. “Fui mesmo! Fui com tudo! Tinha uma pessoa aqui na cidade que ficava tirando sarrinho, dizendo que era difícil e eu não ia conseguir. Sabe aquele negativismo? Pois olha, em uma semana fui para o Rio e já estava dentro do Projac e fiz uma atuação na novela Sete Vidas, depois Zorra Total e figuração em Os Trapalhões”.

Escolhas
O neto Olavo, o genro Leonardo e a filha Verônica

          “Se pudesse voltar no tempo eu faria algumas coisas diferentes, como por exemplo, lutar mais para poder conquistar meu espaço e aproveitar minha juventude para ser atriz. O resto faria tudo igual, como ter casado e ter minhas filhas e meu neto. Minhas filhas hoje são minhas companheiras. Eu perdi meus pais e meus irmãos, se não fosse minhas filhas estaria praticamente sozinha no mundo”, afirma Josianni, acrescentando que “minha vida se resume na minha arte, minhas filhas e neto (Olavo, de quatro anos). Ainda sou sonhadora e confio e acredito muito nas pessoas, não guardo mágoa! Sou atriz, artesã, mãe e avó”.

Texto: Marco Antonio Vieira de Moraes
Fotos: Arquivo Pessoal Josianni Alciati

8 comentários:

  1. PARABÉNS pela reportagem . Muito rica . Querida amiga Josianni. Grande atriz . Parabéns pela bela história. Abraço.

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  2. Parabéns pelas suas conquistas. Mulher quereria. Sabia e amorosa. Deus a proteja. Siga seus sonhos
    Grande abraço

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  3. Que linda sua história,mas triste pelas perdas dos familiares.

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  4. O jornalista foi muito fez ao narrar a carreira maravilhosa r a garra da Josiani, a quem tive o prazer de conhecer no programa do Airton na nossa SP SUL TV. Vocacionada para a arte, nao permitiu qur as adversidades superassem o sonho. Isso sim, é superação, uma grande pessoa do bem. Parabéns pelo sucesso.

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