Como parte do treinamento de cães de serviço para pessoas portadoras de necessidades especiais, o Grupo Polivet-Itapetininga iniciou no mês de agosto um trabalho de socialização dos animais, indo com eles a diversos locais públicos. As visitas têm por objetivo, também, acostumar a população com a presença de cães-guia, que por lei têm acesso garantido a locais como cinemas, teatros e shoppings.
No dia 23 de agosto, o médico veterinário Ivo Canal, este no Itapetininga Shopping, acompanhado por Fred, um cão da raça Border Collie de dois anos de idade, que participa do treinamento.
“Os cães-guia são o topo de uma pirâmide conhecida com TAA – Terapia com o Apoio de Animais”, explicou o veterinário, acrescentando que a terapia começa no animal de toque e vai até o cão-guia. “Um animal de toque é usado como apoio para o paciente, para que este possa tocá-lo”, contou Canal. Segundo ele, o animal de toque é usado como apoio em casos onde as pessoas enfrentam problemas como depressão. “Eu tenho um caso de uma senhora de 80 anos que perdeu a afetividade e treinei uma gata a ficar no colo da senhora, para que a mulher possa acariciá-la”.
De acordo com o veterinário, o cão de toque está na base da pirâmide, seguido pelo cão de apoio, que é o estágio seguinte no adestramento. “Depois vem o cão-guia, que é um treinamento tão elevado que o cão passa a entender as situações e a palavra é essa mesmo: entender”, frisou Canal, observando que “quem acha que o cão não raciocina nunca trabalhou com cão-guia. Por exemplo, se o dono e o animal estão indo para casa e o cão vê uma confusão na rua, ele muda o caminho”, disse o médico veterinário. A iniciativa de evitar um obstáculo ou uma situação potencialmente perigosa é chamada de Desobediência Inteligente. “O mais difícil é treinar o cão para a desobediência inteligente, para ele saber o momento em que tem de desobedecer e a hora em que tem de obedecer, diante das circunstâncias e das opções”.
Canal informou que escolheu o Border Collie tendo em vista a reconhecida inteligência da raça. “Normalmente, utiliza-se o Labrador, mas a gente escolheu o Border por ser a raça mais inteligente do planeta, segundo o ranking de inteligência e adestrabilidade”. Criador da raça, o veterinário disse que já se surpreendeu com a inteligência e capacidade de aprendizado do cão. “O Saluki é tão inteligente quanto, mas não é adestrável”, comentou o veterinário, que também é dono de um Saluki.
Parceria
Para a realização do treinamento, o Grupo Polivet-Itapetininga definiu parceria com o Ceprevi – Centro de Estudos, Prevenção e Socialização do Deficiente Visual de Itapetininga. O médico veterinário passa na instituição duas vezes por semana, trabalhando com adultos e crianças.
“Estamos treinando o Fred para guiar as pessoas e as pessoas para serem guiadas por ele, porque não basta você educar o cachorro, tem de educar o humano também”, disse Ivo Canal. Segundo ele, o tempo de duração do adestramento de um cão-guia é de quatro anos. “Quando o cachorrinho nasce, você tem que socializá-lo e ensinar a ir ao cinema, ao supermercado e ao shopping, sem fazer xixi na mesa e sem fazer bagunça. O primeiro passo é ser o cão de apoio, só lá no fim é um cão-guia”, finalizou
Texto e foto: Marco Antonio
Nenhum comentário:
Postar um comentário