Galpão frequentado por usuários de drogas |
Um problema grave enfrentado pelas grandes cidades do Brasil também está ocorrendo em Itapetininga: usuários de drogas, principalmente o crack, se concentram em uma determinada região da cidade, onde consomem abertamente os produtos e ameaçam e roubam quem passa por perto, além de perturbarem moradores das proximidades, pedindo comida e outras coisas. Além do consumo, o tráfico de drogas também é feito abertamente.
O Marconews recebeu a denúncia na segunda quinzena de janeiro. Segundo informações, o local escolhido pelos usuários e traficantes é a área próxima a linha férrea que corta a cidade, mais precisamente onde antes estavam os barracões da América Latina Logística (ALL), na vila Arlindo Luz, entre as vilas Paulo Ayres, Arruda e Prado. Segundo uma fonte anônima, o movimento nessa área torna-se mais intenso à noite, a partir das 23 horas, e vai até de madrugada. “As pessoas parecem zumbis andando ao longo da linha do trem”, disse a fonte. É intenso também o movimento de carros, inclusive alguns modelos de luxo, que aparecem para comprar drogas. A concentração de usuários e traficantes fez com que o local fosse chamado de Cracolinha.
Ainda de acordo com uma fonte anônima, as melhorias que foram feitas no terreno, como limpeza e a construção de um acesso para facilitar a passagem até a Vila Paulo Ayres, acabaram sendo utilizadas pelos dependentes e traficantes. Há relatos de pessoas que ficam escondidas em bueiros e galerias de águas pluviais, onde podem usar drogas livremente, como também emboscar passantes incautos.
Moradores ouvidos pela reportagem dizem que evitam passar pelo local durante a noite e madrugada, mesmo quando estão a caminho do trabalho. Ainda segundo moradores, a maioria dos usuários é jovem, alguns com menos de 18 anos.
Conforme moradores, os freqüentadores da Cracolinha costumam invadir as residências e cometer pequenos furtos, pelo menos até o momento. Nem a limpeza do terreno próximo à linha férrea, realizada recentemente pela Prefeitura, afugentou os usuários e traficantes do local.
Zumbis
Os zumbis humanos costumam se dispersar com a chegada da Polícia Militar, mas apenas por pouco tempo. “É só a PM ir embora que tudo volta”, disse uma pessoa. Também há informações de que assistentes sociais que trabalham no CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) teriam sido ameaçadas por usuários de drogas. O centro possui três assistentes sociais. Segundo informações, o centro mudou de endereço, sendo instalado em uma casa fechada por muros altos, por causa das ameaças.
O Marconews entrou em contato com a Prefeitura, através da assessoria de imprensa. Segundo informações, não há registros de que assistentes sociais tenham sofrido qualquer tipo de ameaça. Além disso, o CRAS realmente mudou de endereço, mas não recentemente, de acordo com a assessoria de imprensa.
No último sábado, dia 11, funcionários municipais, escoltados pela Guarda Municipal, demoliram um imóvel e silos antigos (foto) usados pelos freqüentadores da Cracolinha para o consumo de drogas.
CAPS
A reportagem encaminhou email pedindo informações ao Centro de Assistência Psicossocial de Vila Belo Horizonte. Até o fechamento desta matéria, porém, não houve resposta.
Câmara
O caso já chegou até a Câmara local. O vereador Hiram Júnior apresentou requerimento na sessão de segunda-feira, 6, solicitando informações das autoridades estaduais e federais sobre a possibilidade de construção de uma unidade médica especializada no atendimento e tratamento de usuários de crack, com acompanhamento médico e psicológico. Para o vereador, “a situação no município é preocupante”. Adilson Nicoletti é outro parlamentar preocupado com a situação, inclusive com a segurança de servidores da saúde que atuam na Região. Segundo ele, funcionários do CRAS (Centro de Referência em Assistência Social ) “são comumente ameaçados por dependentes químicos em busca de tratamento”. Isto ocorre, segundo o vereador, por desconhecimento por parte dos usuários de drogas, que acreditam que o poder de decisão, nestes casos, está nas mãos dos funcionários. Em requerimento apresentado no último dia 13, Nicoletti solicita informações das autoridades sobre o início das atividades de um centro municipal para tratamento dos dependentes químicos.
Polícia Militar
Segundo a PM, o policiamento no local já está sendo intensificado no local. De acordo com o capitão Valdemir Aparecido da Silva, “o problema foi hiperdimensionado. O que ocorre é que o Poder Público precisa ocupar melhor aquele espaço. E existe próxima ao barracão uma área de uma empresa privada que precisa de um trabalho de limpeza, poda de mato e remoção de bens inservíveis, porque do jeito que está causa uma sensação de degradação e uma imagem ruim do local”, comentou o oficial.
O capitão ressalta que a PM “está se fazendo presente naquele perímetro” e relata um aumento no número de abordagens e revistas pessoal feitas no local, que passou de 67 em novembro do ano passado para 88 em janeiro último. Segundo a PM, três condenados foram recapturados no local.
Com 1731 ocorrências atendidas entre o dia 1º de janeiro e 5 de fevereiro, o município possui uma média de 110 chamadas diárias para a Policia Militar. Para o capitão Valdemir, “é possível dizer que houve um aumento no número de ocorrências envolvendo drogas, tanto no porte quanto no tráfico”.
O oficial ressaltou ainda que a PM desenvolve um programa educacional, o PROERD, que atua na prevenção e resistência às drogas e violência, orientando jovens estudantes.
Texto e foto: Marco Antonio
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