Com a obrigatoriedade, novas tecnologias, como o airbag central, poderão ser incorporadas aos veículos nacionais |
Até
2014, toda a frota nacional de veículos deverá contar com dois itens de
segurança obrigatórios: os airbags (as bolsas infláveis acionadas após impacto
e que impedem, por exemplo, que o motorista se choque contra o volante ou o pára-brisa
do carro) e o sistema de freios ABS, que impede que as rodas do veículo travem
em frenagens mais fortes.
Sancionada
em 2009 pelo então presidente Lula, a lei obriga as montadoras de veículos
instaladas no Brasil a oferecem estes itens em todos os modelos de automóveis, desde
os mais simples aos mais sofisticados. Para analistas do mercado, a principal
mudança, além da segurança maior aos proprietários e passageiros, é o
barateamento do airbag duplo. Outa importante mudança prevista na lei é a
obrigatoriedade da instalação do sistema de freios ABS. Com isso, esse sistema
também poderá ter seu custo reduzido, além, é claro de aumentar sensivelmente a
segurança nos automóveis.
A
lógica é realmente simples. Hoje, em uma mesma linha de montagem, há diferentes
configurações de veículos. Inclusive dos modelos que recebem airbag, ABS ou os
dois. Ou seja, há carros na mesma linha no qual é necessário montar as peças e
componentes para receber tais itens de segurança, e há outros carros que não
recebem os equipamentos e, por isso, têm montagem diferente. Com a
obrigatoriedade, o processo será simplificado e racionalizado. Com a
padronização do processo em toda a linha de produção, incluindo também os
fornecedores, a tendência é a redução de custos.
A
introdução das bolsas de ar requer outros pré-requisitos e cuidados. Usa
dispositivos explosivos, que implicam na mudança dos cintos de segurança
dianteiros – que passam a contar com espoletas para disparo dos airbags –, e
painéis frontais e volantes – para "acomodar" as bolsas. O ABS nos
freios também pede aplicação de componentes e sensores. Um impacto
principalmente para os compactos de entrada, segmento mais carente de itens de
segurança. "Isso vai obrigar a uma reavaliação da linha de montagem.
Significa também mais itens, mais estoque. Uma sistemática da produção que as
montadoras já começaram a aplicar para 2014", explica Harley Bueno, da AEA
– Associação Brasileira de Engenharia Automotiva.
Os
fabricantes, é claro, já correm atrás. Inclusive porque, pela Lei, há uma
aplicação gradativa do volume de carros que saem da fábrica com os
equipamentos.
Em
2010, por exemplo, 8% dos automóveis (os modelos já existentes no mercado)
saíram da linha de montagem com os dois itens; o percentual subiu para 10% nos
modelos 2011 e 30% em 2012. Para este ano, a meta é que todo lançamento já
venha com os airbags e o ABS. A totalidade da frota nacional, tanto modelos já
disponíveis quanto lançamentos, só deverá ser atingida mesmo no ano que vem.
Embora para muitos seja apenas uma questão de ajustes entre fabricantes e
fornecedores, dois modelos muito conhecidos no Brasil podem estar com os dias
contados devido à obrigatoriedade da instalação desses itens segurança: o Uno
Mille, pelo alto custo da adaptação, e a Kombi, devido a seu projeto defasado.
Números
A
obrigatoriedade da instalação de airbags e ABS é mais um passo para colocar o
Brasil em patamar semelhante aos países mais desenvolvidos, contribuindo para
reduzir acidentes e salvando milhares de vidas. Enquanto em nosso país
estima-se que 25% dos automóveis e veículos comerciais leves sejam equipados
com airbags e somente 15% possuam o ABS, na Europa esse índice chega a 90%,
incluindo ainda mais itens de segurança, como o controle de tração. O impacto econômico
da obrigatoriedade do ABS e do airbag nos modelos nacionais é mínimo, se
comparado com os ganhos sociais que podem gerar os itens no carro. Afinal, os
custos com acidentes de trânsito no país são alarmantes. Dados de 2009 do Ipea
– Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – estimam que eles geram gastos de
R$ 25 bilhões ao ano. Na comparação, um levantamento do Cesvi Brasil – Centro
de Experimentação de Segurança Viária – calcula que se o airbag fosse
obrigatório só para o motorista desde 2001, 3.426 vidas teriam sido salvas até
2007 – 489 mortes por ano – e 71.047 feridos leves teriam saído ilesos. Isso
geraria uma economia de R$ 2,2 bilhões em seis anos aos cofres públicos. E,
vale a pena repetir, os números se referem apenas ao airbag para o motorista.
Leia matéria completa na edição de junho da Revista Hadar
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