Relato de uma história emocionante
sobre mãe e filha
Diz um ditado que uma mãe cuida de
100 filhos, mas cem filhos não cuidam de uma mãe. É a sabedoria popular
ensinando que o amor de uma mãe pode mover montanhas pelos filhos. Um
sentimento tão forte que fica para sempre, mesmo que o filho parta desta vida.
Ser mãe certamente é um dos papéis mais sublimes que o ser humano pode
desempenhar. E não importa se a convivência com o filho dura anos ou apenas
alguns dias, o amor continua. Afinal, esse amor começa ainda dentro da barriga
da mãe e só aumenta com o passar dos meses, até o nascimento. Que mãe não se
apaixona ao colocar o filho no peito pela primeira vez, sentindo o calor do seu
corpo, sua pele e o cheirinho de criança?
A maternidade não se resume a amar
de maneira incondicional seu filho, embora o amor seja a mola propulsora do
relacionamento. Ser mãe é um papel que exige coragem, determinação, abrir mão
de si mesma em prol do filho. Ser mãe também é aceitar que nem sempre as coisas
saem do jeito que queremos e que o que desejamos para nossos filhos nem sempre
é o que eles querem ou é o melhor para eles. Afinal, a vida é deles, assim como
as suas escolhas.
Ser mãe é ter a coragem de
prosseguir com a gravidez, mesmo sabendo que seu filho será especial e que terá
de receber cuidados únicos para o resto da vida. Assim é a história de Mira
Lamounier e sua filha Maria Laura, que nasceu com anencefalia. Com
exclusividade para a revista Simplesmente
Divina, Mira conta como foi a experiência de uma gravidez tão esperada e os
momentos da curta, porém intensa, convivência com a filha. O Marconews reproduz aqui trechos da
entrevista.
“Deus tem um plano em cada vida que
Ele cria”, assim Mira começou seu relato, voltando no tempo até 23 de outubro
de 2013, quando soube que seria mãe. “Eu estava trabalhando e veio um sopro nos
meus ouvidos, que me fez perguntar pra mim mesma: será que estou grávida? E um
frio na barriga começou...e a menstruação atrasada...mas já não queria pensar,
pois estávamos tentando há pouco mais de um ano, e todos os atrasos de
menstruação não era o inicio de uma gravidez”, conta Mira, lembrando que
resolveu fazer exame de sangue para tirar a dúvida. “quando vi que o resultado
era positivo, não tive uma única reação, e sim todas ao mesmo tempo! Liguei
para o Papai para contar, não podia vê-lo, mas podia sentir a emoção e a
alegria dele com a notícia”, lembra Mira, acrescentando que “o medo me pegou de
surpresa e aos poucos fui contando apenas para a família e os melhores
amigos...mas a vontade mesmo era gritar para o mundo inteiro!”.
Conversando com a barriga
“O
cuidado com a minha saúde aumentou e curtimos cada dia com mais intensidade; conversar
com “a barriga” era o que eu mais fazia”, lembra a então futura mamãe, rindo.
“A vontade era de sair comprando tudo,mas ainda precisava aguardar a descoberta
do sexo. Enfim completou 16 semanas e ultrassom marcado para sabermos o sexo do
nosso bebê! Que ansiedade...contava as horas e no dia 21 de Janeiro de 2014, de
manhã, foi então que a médica “viu” algo estranho...pediu para voltar na
próxima semana para confirmar pois ela não estava visualizando a caixa craniana,
mas divulgou: É MENINA!”, disse Mira.
Alegria e drama
A alegria de saber o sexo do bebê e
a escolha do nome, Maria Laura, foram seguidas da apreensão após a notícia de
que a criança talvez tivesse um grave problema de saúde, mas a mãe torcia para
que isso fosse apenas um susto. “Fiquei perdida, mas confiante e rezando muito
que tudo isso não passaria de um susto! Voltamos na outra semana, e foi
confirmado, nossa bebê não tinha a calota craniana, e o laudo foi de ACRANIA; eu
nem sabia o que era isso, nem imaginava...mas as palavras foram claras: ela não
é compatível com a vida! Você deverá conversar com seu médico para decidir o
que fazer, pois já existe uma liminar que é possível conseguir para você tirar
esse feto!”, relata Mira, lembrando as palavras que lhe foram ditas pelos
especialistas.
“Fiquei
sem chão e a minha reação era só chorar. Essas palavras repetiam em meus
ouvidos...e não batiam com meus pensamentos...não era apenas uma decisão, uma liminar...e
muito menos um FETO...e sim uma VIDA...e não qualquer uma...mas sim a da nossa
FILHA! A decisão era uma só, eu continuarei até o fim...até onde Deus quiser. Dias
felizes, dias preocupada, dias chorando, dias orando e pensando o que fazer se
o pior acontecer! Eu a consagrava todos os dias a Jesus Cristo e dizia EIS ME
AQUI Senhor, faça a tua vontade...foi assim que ELE me preparou durante essa
gestação e colocou as pessoas certa na minha vida para suportar o que somente
ELE sabia que iria acontecer conosco”, afirma Mira, observando que sempre
contou com o apoio do marido, Eric.
Com
a decisão de levar a gravidez adiante, ela e o marido abraçaram a fé e se uniam
para rezar e chorar juntos. O tempo passou e com a realização de novos exames o
diagnóstico do bebê mudou para anencefalia, “pois devido a massa encefálica
ficar diretamente com o liquido amniótico ela se desfaz. Eu corria risco na
gestação e ela também, de não conseguir ir até o fim, mas não foi assim, foi
tudo perfeito...sem mau estar, sem sustos, com muita saúde...tanto eu quanto a
Maria!”, lembra Mira.
A
futura mamãe procurava tirar lições dessa situação. “Aprendia cada dia uma
coisa; a amar incondicionalmente...a viver com ela como se realmente não houvesse
o amanhã, e renovava todos os dias...a esperança, a fé e amor a Deus. Ela me
surpreendia demais com sua força, e esse era o fator que mais me mantinha em
pé...e foi então que decidimos que ela deveria sentir o AMOR que todos tinham por
ela num chá de bebê!”
Embora o final desta história já
estivesse escrito, o casal – e toda a família – viveu intensamente os momentos
com a pequena Maria Laura. Com fé e determinação de uma mãe que amou e ainda
ama a filha, Mira afirma que “não importa o tempo em que passamos com nossa guerreira,
mas sim os ensinamentos, a alegria que ela deixou a cada um que pode participar
desta história conosco e o principal de ter unido mais ainda nossa família e
nos levado mais junto de Deus, mesmo sendo pela Dor...e é por isso que queremos
continuar, mas agora por AMOR...não tem limite para agradecer esse milagre em
nossas vidas! Tenho certeza que ela nos ilumina lá do céu e estará conosco
sempre, nos ajudando aqui e preparando junto de Deus novos irmãos que poderão
vir. Só tenho a agradecer a Deus por permitir e nos dar esse presente tão
especial, de ser mãe de um anjo!”.
Veja matéria completa na próxima
edição da revista Simplesmente Divina.
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