terça-feira, 23 de setembro de 2014

“Eu fui mãe de um anjo”


Relato de uma história emocionante sobre mãe e filha

 
Mira e o marido, Eric, posam para foto com a filha, Maria Laura
            Diz um ditado que uma mãe cuida de 100 filhos, mas cem filhos não cuidam de uma mãe. É a sabedoria popular ensinando que o amor de uma mãe pode mover montanhas pelos filhos. Um sentimento tão forte que fica para sempre, mesmo que o filho parta desta vida. Ser mãe certamente é um dos papéis mais sublimes que o ser humano pode desempenhar. E não importa se a convivência com o filho dura anos ou apenas alguns dias, o amor continua. Afinal, esse amor começa ainda dentro da barriga da mãe e só aumenta com o passar dos meses, até o nascimento. Que mãe não se apaixona ao colocar o filho no peito pela primeira vez, sentindo o calor do seu corpo, sua pele e o cheirinho de criança?
            A maternidade não se resume a amar de maneira incondicional seu filho, embora o amor seja a mola propulsora do relacionamento. Ser mãe é um papel que exige coragem, determinação, abrir mão de si mesma em prol do filho. Ser mãe também é aceitar que nem sempre as coisas saem do jeito que queremos e que o que desejamos para nossos filhos nem sempre é o que eles querem ou é o melhor para eles. Afinal, a vida é deles, assim como as suas escolhas.
            Ser mãe é ter a coragem de prosseguir com a gravidez, mesmo sabendo que seu filho será especial e que terá de receber cuidados únicos para o resto da vida. Assim é a história de Mira Lamounier e sua filha Maria Laura, que nasceu com anencefalia. Com exclusividade para a revista Simplesmente Divina, Mira conta como foi a experiência de uma gravidez tão esperada e os momentos da curta, porém intensa, convivência com a filha. O Marconews reproduz aqui trechos da entrevista.
            “Deus tem um plano em cada vida que Ele cria”, assim Mira começou seu relato, voltando no tempo até 23 de outubro de 2013, quando soube que seria mãe. “Eu estava trabalhando e veio um sopro nos meus ouvidos, que me fez perguntar pra mim mesma: será que estou grávida? E um frio na barriga começou...e a menstruação atrasada...mas já não queria pensar, pois estávamos tentando há pouco mais de um ano, e todos os atrasos de menstruação não era o inicio de uma gravidez”, conta Mira, lembrando que resolveu fazer exame de sangue para tirar a dúvida. “quando vi que o resultado era positivo, não tive uma única reação, e sim todas ao mesmo tempo! Liguei para o Papai para contar, não podia vê-lo, mas podia sentir a emoção e a alegria dele com a notícia”, lembra Mira, acrescentando que “o medo me pegou de surpresa e aos poucos fui contando apenas para a família e os melhores amigos...mas a vontade mesmo era gritar para o mundo inteiro!”.
 
Conversando com a barriga
Família organizou um chá de
bebê para festejar a gravidez
“O cuidado com a minha saúde aumentou e curtimos cada dia com mais intensidade; conversar com “a barriga” era o que eu mais fazia”, lembra a então futura mamãe, rindo. “A vontade era de sair comprando tudo,mas ainda precisava aguardar a descoberta do sexo. Enfim completou 16 semanas e ultrassom marcado para sabermos o sexo do nosso bebê! Que ansiedade...contava as horas e no dia 21 de Janeiro de 2014, de manhã, foi então que a médica “viu” algo estranho...pediu para voltar na próxima semana para confirmar pois ela não estava visualizando a caixa craniana, mas divulgou: É MENINA!”, disse Mira.
 
Alegria e drama
            A alegria de saber o sexo do bebê e a escolha do nome, Maria Laura, foram seguidas da apreensão após a notícia de que a criança talvez tivesse um grave problema de saúde, mas a mãe torcia para que isso fosse apenas um susto. “Fiquei perdida, mas confiante e rezando muito que tudo isso não passaria de um susto! Voltamos na outra semana, e foi confirmado, nossa bebê não tinha a calota craniana, e o laudo foi de ACRANIA; eu nem sabia o que era isso, nem imaginava...mas as palavras foram claras: ela não é compatível com a vida! Você deverá conversar com seu médico para decidir o que fazer, pois já existe uma liminar que é possível conseguir para você tirar esse feto!”, relata Mira, lembrando as palavras que lhe foram ditas pelos especialistas.
“Fiquei sem chão e a minha reação era só chorar. Essas palavras repetiam em meus ouvidos...e não batiam com meus pensamentos...não era apenas uma decisão, uma liminar...e muito menos um FETO...e sim uma VIDA...e não qualquer uma...mas sim a da nossa FILHA! A decisão era uma só, eu continuarei até o fim...até onde Deus quiser. Dias felizes, dias preocupada, dias chorando, dias orando e pensando o que fazer se o pior acontecer! Eu a consagrava todos os dias a Jesus Cristo e dizia EIS ME AQUI Senhor, faça a tua vontade...foi assim que ELE me preparou durante essa gestação e colocou as pessoas certa na minha vida para suportar o que somente ELE sabia que iria acontecer conosco”, afirma Mira, observando que sempre contou com o apoio do marido, Eric.
Com a decisão de levar a gravidez adiante, ela e o marido abraçaram a fé e se uniam para rezar e chorar juntos. O tempo passou e com a realização de novos exames o diagnóstico do bebê mudou para anencefalia, “pois devido a massa encefálica ficar diretamente com o liquido amniótico ela se desfaz. Eu corria risco na gestação e ela também, de não conseguir ir até o fim, mas não foi assim, foi tudo perfeito...sem mau estar, sem sustos, com muita saúde...tanto eu quanto a Maria!”, lembra Mira.
A futura mamãe procurava tirar lições dessa situação. “Aprendia cada dia uma coisa; a amar incondicionalmente...a viver com ela como se realmente não houvesse o amanhã, e renovava todos os dias...a esperança, a fé e amor a Deus. Ela me surpreendia demais com sua força, e esse era o fator que mais me mantinha em pé...e foi então que decidimos que ela deveria sentir o AMOR que todos tinham por ela num chá de bebê!”
            Embora o final desta história já estivesse escrito, o casal – e toda a família – viveu intensamente os momentos com a pequena Maria Laura. Com fé e determinação de uma mãe que amou e ainda ama a filha, Mira afirma que “não importa o tempo em que passamos com nossa guerreira, mas sim os ensinamentos, a alegria que ela deixou a cada um que pode participar desta história conosco e o principal de ter unido mais ainda nossa família e nos levado mais junto de Deus, mesmo sendo pela Dor...e é por isso que queremos continuar, mas agora por AMOR...não tem limite para agradecer esse milagre em nossas vidas! Tenho certeza que ela nos ilumina lá do céu e estará conosco sempre, nos ajudando aqui e preparando junto de Deus novos irmãos que poderão vir. Só tenho a agradecer a Deus por permitir e nos dar esse presente tão especial, de ser mãe de um anjo!”.
            Veja matéria completa na próxima edição da revista Simplesmente Divina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário