Ano começa com boas notícias, mas nem
tudo são flores
O alvorecer de 2015 começa com uma
notícia que certamente entrará para a história: a reaproximação e o
restabelecimento das relações diplomáticas entre os EUA e Cuba, após um
intervalo de mais de meio século, período no qual a economia da ilha caribenha
praticamente parou, principalmente devido ao embargo comercial imposto pelos
americanos.
A decisão da administração Obama foi
corajosa, já que enfrenta resistência até dentro do partido Democrata, do
próprio presidente, e entre asilados cubanos que vivem nos EUA.
Mas a iniciativa mostra que sempre há
espaço para o diálogo e a abertura deste canal de comunicação pode ser muito
saudável para o povo cubano, já que os bons ventos da modernidade podem trazer
novas ideias e flexibilizar o regime dos irmãos Castro.
O Brasil também colherá os frutos
políticos dessa reaproximação, segundo analistas. Nos últimos anos, Brasil e
Cuba estreitaram laços fortalecidos por uma natural sintonia ideológica entre
os governos. Como resultado, o intercâmbio comercial entre os dois países
cresceu quase sete vezes, passando de US$ 92 milhões em 2003 para US$ 625
milhões em 2013. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial de
Cuba, após a China e a Venezuela. O ápice das relações entre os dois países
veio com a construção do porto de Mariel, obra tocada em grande parte pela
brasileira Odebrecht a um custo de US$ 975 bilhões e financiada com dinheiro do
BNDES. O terminal ocupa uma área de 400 quilômetros quadrados que abriga a
"zona de desenvolvimento especial" de Cuba, uma zona franca e
industrial para a qual o governo pretende atrair indústrias estrangeiras por
meio de incentivos. Ali vigora um sistema diferente do resto da ilha, onde
empresas têm poucas restrições para contratar, contam com isenção de impostos e
não são obrigadas a se associar a companhias estatais.
Apesar dos dividendos políticos e dos
investimentos brasileiros na ilha, o retorno econômico da construção do porto
ainda gera controvérsia, embora o governo brasileiro ressalte que a obra
beneficiou empresas e gerou empregos em nosso país. O problema, segundo
analistas, é que o comércio entre Brasil e Estados Unidos, não precisa do porto
gigante, como defendem alguns setores. Além disso, a economia cubana é acanhada
para atrair indústrias e desenvolver um mercado consumidor. Investir no país
hoje é uma aposta.
E falando em apostas...Alguém quer
apostar que a crise na Rússia vai durar mais de dois anos? Extremamente
dependente da exportação de petróleo e gás natural, a Rússia se vê em palpos de
aranha, com o preço do barril de petróleo despencando no mercado mundial por
pressão dos países árabes. Os russos ainda enfrentam os problemas causados
pelas sanções econômicas impostas pela comunidade europeia, por causa do apoio
de Moscou aos separatistas ucranianos. Realmente; parece que o inverno russo de
2015 vai ser ainda mais rigoroso do que o normal.
E o petróleo também está no centro das
discussões aqui no Brasil, mais precisamente a Petrobrás, maior empresa
nacional envolvida em um gigantesco escândalo de corrupção e lavagem de
dinheiro, descoberto pela Operação Lava Jato. A história ainda vai dar muito
pano para manga, como afirma o ditado popular, e deve adentrar o ano de 2015.
Mas um dos pontos positivos deste
episódio é que a Petrobrás já anunciou mudanças em seu processo de contratação
de empresas e licitações, com o objetivo de tornar a empresa mais transparente
e menos sujeita a desmandos e desvio de dinheiro. Pode parecer que a mudança
veio tarde, mas é sem dúvida um reflexo da operação desencadeada pela Polícia
Federal, que deve continuar agindo com firmeza e independência em 2015, assim
como o Ministério Público. Afinal, para passar o Brasil a limpo, é necessário
encarar a sujeira de frente!
E encarar os desafios de frente nos
leva a outra questão: ampliar o uso da energia limpa e renovável, que não
agrida o Meio Ambiente. Embora o mercado brasileiro de automóveis ainda esteja
engatinhando no segmento de carros híbridos (que usam motores a combustão e
elétricos) e também no nicho de veículos elétricos, algumas montadoras já
disponibilizam seus modelos ecologicamente corretos para o consumidor
brasileiro, que também deverá aprender a usar a água de modo mais racional.
Por fim, em 2015, infelizmente, muitos pontos do
planeta continuarão a conviver com a violência, a intolerância, a tortura, os
assassinatos e perseguições movidos por puro ódio, seja ele religioso, político
ou por diferenças étnicas e culturais. Em alguns pontos da Terra, grupos
extremistas tentam impor sua visão mais do que radical de como deve ser a vida
em sociedade. Esquecem que somos todos humanos e descendemos de um mesmo
ancestral comum, que há muito deixou a África e se espalhou e conquistou todo o
planeta. Somos um só, independente da religião, cor da pele, altura e idioma.
Não podemos nos esquecer disso!
Foto: Reprodução G1