Um dos primeiros pontos de parada de
tropas, o Areião surgiu no século XVIII
Cemitério antigo existente no bairro Areião |
Situado a cerca de 50 km da área
urbana de Itapetininga, o bairro do Areião
foi um dos primeiros pousos a surgirem na Região, ainda na primeira metade do
século XVIII, quando o comércio de animais (mulas) movimentava a economia da
então colônia. Para dar abrigo, comida e segurança para os tropeiros e para os
animais, foram surgindo os primeiros núcleos urbanos ao longo do caminho entre
São Paulo, mais precisamente a cidade de Sorocaba, e o sul do Brasil, de onde
vinham os animais.
Mais antigo do que a própria cidade
de Itapetininga, o Areião ainda
mantém algumas tradições do tempo dos tropeiros. Uma delas é enterrar seus
mortos no cemitério do bairro, um local que abriga covas de índios, escravos e
tropeiros.
Segundo o
pesquisador e fundador do Instituto Histórico, Geográfico
e Genealógico de Itapetininga (IHGGI),
Hermélio Arruda Moraes, o arraial do Areião era
um dos pousos do Real Caminho de
Viamão, a primeira
estrada que ligava o sul do Brasil à feira de muares de Sorocaba, principal evento comercial do país na época.
“Ao longo dos caminhos das
tropas, diversas fazendas, chamadas de invernadas, eram alugadas para os animais se alimentarem e as tropas descansarem, mas como a viagem era muito perigosa e no início os tropeiros encontravam ainda resistência indígena, havia muitas mortes. Então veio a necessidade de construir o cemitério”, explica.
Família
Capela instalada ba comunidade |
No
cemitério do bairro está enterrada toda geração da moradora Madalena Rodrigues. Com 60 anos de idade, ela vive sozinha numa casa ao lado da única
capela
da comunidade. “Sempre ouvia as
histórias do meu avô sobre o tropeirismo. Ele criava mulas e abrigava os tropeiros que passavam por aqui. O comércio de animais era forte”, relata. Sobre o cemitério, ela afirma
que passou por uma reforma recentemente. “Ganhou muro, pintura e as cruzes antigas foram retiradas”, afirma. Até hoje, segundo
ela, os mortos são enterrados no local.
Quem também
conserva as tradições sertanejas é outro morador do bairro: Amadeu Ferreira de Almeida (foto), 70 anos, que se veste e fala como um
típico homem do campo do século passado. Almeida carrega em suas palavras a história do arraiá do Areião, um bairro histórico, mas
que enfrenta problemas como a falta de transporte público, internet, segurança, e posto de saúde.
História
O bairro do Areião foi um dos primeiros pontos de parada na cidade. O primeiro núcleo de tropeiros na região de Itapetininga surgiu em 1724, quando se descobriu que o pasto no local era abundante e a terra fértil para o plantio. A estes fatores
somou-se a distância da vila de Sorocaba – doze léguas - que correspondia
a uma jornada de tropa solta.
Em 1766 um grupo de portugueses, chefiado por Domingos
José Vieira,
deixou o primeiro núcleo, hoje conhecido como bairro do Porto e formou outro, em um local
alto e circundado por dois ribeirões, hoje conhecidos como Ribeirão do Chá e Ribeirão dos Cavalos. A vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga foi oficialmente
criada
no dia 5 de novembro de 1770, quando foi celebrada uma missa solene pelo vigário da nova paróquia; Nessa data que convencionou-se comemorar o aniversário da cidade, que mais
tarde ficou conhecida como Itapetininga.
Colaboração: Everton Dias (Jornal Correio de
Itapetininga)
Fotos: Mike Adas
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