Prefeitura anuncia
nova licitação no segundo semestre
Frente do ginásio está tomada pelo mato |
A prefeitura
de Itapetininga anunciou na última semana a realização de uma nova licitação
para a retomada das obras de reforma do Ginásio Mário Carlos Martins, no centro
da cidade. A informação é do jornal Correio
de Itapetininga. As obras estão paradas há mais de cinco anos. Também na
última semana, a administração municipal anunciou que irá assumir a gestão do
Recinto Acácio de Moraes Terra (o Carrito) e a realização da edição deste ano
da Expo-Agro, maior evento do setor agropecuário da Região, com uma média de
público estimada em 300 mil pessoas durante os 10 dias do evento. Ainda não há
data marcada para a realização da feira, mas o anúncio da prefeitura gerou
polêmica na cidade.
Mário Carlos
Segundo o jornal Correio de Itapetininga, a expectativa
da prefeitura é de que o processo licitatório seja aberto no segundo semestre
deste ano. As obras ainda não têm data para começarem. A administração
municipal informou que devem ser investidos R$ 1 milhão na conclusão da reforma
e que o projeto já foi aprovado pela Caixa Econômica Federal. O valor anunciado
agora é igual ao montante investido em 2015 nas obras do Mário Carlos e do
Ginásio Ayrton Senna, na Vila Barth, segundo informou na época o então
secretário de Esportes, Osmar Thibes Júnior (veja histórico abaixo).
Ainda segundo o jornal Correio, a reforma foi suspensa em
dezembro de 2012, porque a empresa contratada rescindiu o contrato alegando que
os recursos financeiros liberados estavam defasados. A ampliação do ginásio
estava orçada em mais de R$ 1 milhão. Naquele ano, a prefeitura utilizou o
dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para reformar o ginásio e
comprar placares eletrônicos para escolas municipais. Para utilizar o recurso,
o prédio do ginásio foi repassado para uma escola municipal.
Situação só piora
Quase um ano depois que
o Marconews abordou pela última vez a questão das obras do ginásio
Mário Carlos Martins (foto), na área central da cidade, paradas desde 2012, a
degradação do imóvel só aumentou.
Na tarde desta segunda, 22, a
reportagem esteve no local e constatou que o mato tomou praticamente toda a
frente do imóvel, que agora também serve de estacionamento. O mato, aliás, está
presente não apenas na frente do ginásio, mas nas esquinas e ruas próximas,
como no cruzamento da rua Expedicionários Itapetininganos, com São Vicente de
Paula. Existe mato alto também em trechos da Expedicionários e da rua Capitão
José Leme. Nesta última, quase não se pode andar pela calçada em determinado
ponto da rua.
Histórico
Mato e lixo se acumulam nas proximidades do ginásio |
Iniciadas na administração de
Roberto Ramalho, as obras foram paralisadas em 2012 porque, de acordo com o
ex-secretário de Esportes, Osmar Thibes Júnior, a empresa vencedora da
licitação abandonou a obra “e a segunda colocada não quis fazer pelo mesmo
valor”, contou o ex-secretário, que esteve à frente da pasta desde julho de
2014 até dezembro de 2016, já na administração Hiram Jr. Durante a última
campanha para prefeito, a Prefeitura chegou a realizar a limpeza na frente do
prédio, mas o trabalho parou nisso.
Em janeiro de 2015,
Thibes esteve visitando o ginásio acompanhado do então prefeito Luiz Di Fiori
(PSDB). Na ocasião, o secretário garantiu que as obras do Mário Carlos e do
ginásio Ayrton Senna (Vila Barth) seriam concluídas ainda no primeiro semestre
daquele ano, com investimento de R$ 1 milhão.
Dois anos depois, o
Ayrton Senna passou por uma reforma para adequá-lo às normas de segurança do Corpo
de Bombeiros, além de atender exigências da Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV) e de instituições como a Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol)
e Confederação Brasileira de Futsal. O ginásio, inclusive, já sediou jogos da
Supercopa de vôlei e da Liga Paulista de Futsal, com a presença do jogador
Falcão. Já o Mário Carlos continua esquecido.
Expo-Agro
O recinto recebe outros eventos além da Expo-Agro |
Também na
última semana, a prefeitura anunciou, em nota, que estava assumindo a gestão do
Recinto Acácio de Moraes Terra e a realização da exposição. Veja a íntegra da
nota.
“Pela 1ª vez, o Sindicato Rural
de Itapetininga definiu que deixará de administrar o Recinto de Exposições
“Acácio de Moraes Terra”, imóvel de propriedade do Governo do Estado de São
Paulo, destinado ao desenvolvimento de atividades e exposições específicas do
setor agropecuário, com permissão por tempo indeterminado.
O Sindicato Rural, em entendimento com a Prefeita Simone
Marquetto, procurou a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo para que a cessão de uso do recinto passe à Prefeitura de
Itapetininga”, afirma a nota enviada pela prefeitura.
Ainda segundo
o documento, “o Sindicato Rural se comprometeu a oferecer o apoio técnico às
atividades realizadas no local. A prefeitura aguarda a assinatura de um decreto
do governador Geraldo Alckmin para oficializar a cessão de uso. Enquanto isso,
a prefeita Simone Marquetto solicitou ao secretário de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, a cessão de uso do espaço
temporário para a realização da Expoagro 2018, que neste ano teve a definição
da Prefeita para que os dias de eventos solidários sejam voltados para a saúde.
O pedido foi autorizado e a partir de agora, a Prefeitura passa a desenvolver a
edição da mais tradicional festa agropecuária da região. Nos próximos dias, a
Prefeitura de Itapetininga irá organizar toda a realização do evento”.
Perguntas sem
respostas
O Marconews enviou perguntas à assessoria
de imprensa da prefeitura de Itapetininga, solicitando mais informações a
respeito desta iniciativa, mas a assessoria limitou-se a responder o seguinte:
“A Prefeitura de Itapetininga informa que essa é a nota oficial sobre o
assunto. Outras informações serão divulgadas posteriormente”.
Veja agora as
perguntas encaminhadas e não respondidas: Por
que a Prefeitura decidiu assumir o recinto? Além da Expo Agro, outros eventos
poderão ser realizados no local? Quais? Há recursos no orçamento municipal para
investimentos no recinto? Como vai ser a parceria com o Sindicato Rural? Com
relação à Expo Agro, os ingressos continuarão sendo cobrados? Quem bancará os
cachês dos shows artísticos? Já está definida a data para a realização da
exposição?
Repercussão
A decisão da
administração municipal em assumir o recinto e a organização da Expo-Agro
repercutiu nas redes sociais, com muitos comentários a favor e contra a
realização da feira.
“Eu acho que
foi uma decisão precipitada da administração municipal”, afirmou o jornalista e
autor teatral Rogério Sardela, de 43 anos. Ele lembra que “até hoje, em quase
cinco décadas da exposição, nenhuma prefeitura esteve sozinha à frente do
evento. De onde sairá o cachê dos shows, considerando que a Cultura é a pasta
com menos verba? Tem a questão da segurança e a cobrança de ingressos. No
Abílio Victor, por exemplo, não podemos cobrar”, afirma Sardela, referindo-se
ao auditório municipal Abílio Victor. Para ele, “haverá muita cobrança com
relação a qualidade do evento e críticas virão”.
Risco
O vereador Eduardo
Vinícius Venturelli de Almeida Prando (PMDB). 44 anos, mais conhecido como
Eduardo Codorna, afirma, por sua vez,
que o recinto Acácio de Moraes Terra é um dos bens que pode estar na lista dos
imóveis que o Estado de São Paulo pretende leiloar. “O Recinto pertence ao Estado e o Estado
vai leiloar vários “BENS DOMINICAIS”. Se o município não requerer a Cessão de
Uso, corremos o risco de perder. Com isso pode o município utilizar o recinto
para outras atividades”. Ainda segundo o parlamentar, no caso de requerer a
cessão de uso, não há a necessidade de aprovação por parte do Legislativo. “E
no caso de assumir a Expo-Agro, só se tiver que remanejar verba do orçamento”.
Eduardo Codorna afirma ainda que “a intenção de requerer a cessão
de uso é justamente pra isso (a realização de vários eventos no local). E os eventos ficam à critério do executivo e suas secretarias”. Ele
não acredita que a prefeitura tenha se precipitado ao tomar a decisão de
assumir o recinto.
Parceria
O vereador ressaltou que
não há a necessidade de investimento público na iniciativa. “Temos uma lei
aprovada que torna possível as parcerias público-privada”, disse Codorna, referindo-se a uma provável
parceria entre a administração municipal e o setor privado para a gestão do
recinto e a realização da exposição.
O vereador afirmou ainda
que “provavelmente” os ingressos para a Expo-Agro continuarão a serem cobrados.
“Se (a exposição) for realizada pela prefeitura com dinheiro público, a entrada
deve ser gratuita; se for uma PPP, não”. Ele ressalta ainda que, se a festa for
realizada por uma empresa, o cachê dos shows artísticos “vai ser pago com o
caixa da bilheteria, como sempre”
“Quanto ao intuito de direcionar a renda da Expo-Agro
para comprar aparelhos para a saúde, me lembro daquela festa que fizeram pra
arrumar o TOMOGRAFO…Até hoje ninguém viu tomógrafo e também o dinheiro. É um
assunto muito sério. Como vereador tenho por obrigação estar em cima das
proposituras”, alertou Codorna.
Fotos ginásio: Marco Antônio
Foto recinto: Facebook
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