Valor equivale a 6% do PIB
Nossa juventude é a maior vítima da violência
Segundo o Atlas da Violência
2019, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a
violência custa muito para os cofres brasileiros. Em 2016 (últimos dados
disponíveis), o gasto com a violência, incluindo custos privados e públicos,
ficou em torno de 5,9% do Produto interno Bruto (PIB) ou R$ 373 bilhões. Como o
PIB é a soma de tudo que um país produz, pode-se afirmar que 6% de toda a
riqueza produzida aqui vai para custear uma situação que poderia ser evitada (a
violência) e afeta principalmente os jovens, os desfavorecidos, os
discriminados e as mulheres.
O estudo aponta ainda que “a
morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por homicídio é um fenômeno que tem
crescido no Brasil desde a década de 1980. Além da tragédia humana, os
homicídios de jovens geram consequências sobre o desenvolvimento econômico e
redundam em substanciais custos para o país”.
Os pesquisadores lembram que “as
mortes violentas de jovens custaram ao Brasil cerca de 1,5% do PIB nacional em
2010”. Menos de uma década depois, essa fatia aumentou quatro vezes, passando
para 6% do PIB. Um crescimento assustador.
Ainda segundo o Atlas, “em 2017,
35.783 jovens foram assassinados no Brasil. Esse número representa uma taxa de
69,9 homicídios para cada 100 mil jovens no país, taxa recorde nos últimos dez
anos. Homicídios foram a causa de 51,8% dos óbitos de jovens de 15 a 19 anos;
de 49,4% para pessoas de 20 a 24; e de 38,6% das mortes de jovens de 25 a 29
anos; tal quadro faz dos homicídios a principal causa de mortes entre os jovens
brasileiros em 2017”.
Momento de transição
O relatório alerta que “esse
recorde nos índices da juventude perdida se dá exatamente no momento em que o
país passa pela maior transição demográfica de sua história, rumo ao
envelhecimento, o que impõe maior gravidade ao fenômeno. As taxas por 100 mil
habitantes jovens permitem a comparação da magnitude desse fenômeno nos diferentes
estados do país. Em 2017, 15 UFs (Unidades Federativas) apresentaram taxas de
homicídios de jovens acima da taxa nacional de 69,9 por 100 mil. A comparação
entre os estados também evidencia a heterogeneidade do fenômeno entre as
unidades federativas, com taxas variando de 18,5 até 152,3 para cada 100 mil
habitantes jovens. Em 2017, os estados com as menores taxas de homicídios entre
jovens foram São Paulo (18,5), Santa Catarina (30,2) e Piauí (38,9). Já as três
taxas mais elevadas foram as dos estados de Rio Grande do Norte (152,3), Ceará
(140,2) e Pernambuco (133,0).”.
150 mil mortos em
duas décadas
Em 20 anos, mais de 155 mil
jovens foram mortos por armas de fogo no país. A informação consta de levantamento
feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria, divulgado no mês de março, e
aponta quase 10 mil vítimas em 2017 (9.936). Em 2016, segundo a SBP, foram
registrados 9.517 óbitos. Ou seja, em apenas dois anos, quase 19,5 mil pessoas
jovens foram assassinadas no Brasil por armas de fogo.
Este triste
número de vidas jovens ceifadas pela violência é maior do que a população de
Itapetininga registrada no último Censo do IBGE, que foi de 144.377 habitantes,
no ano de 2010, e também chega próximo à população do município estimada para o
ano de 2018, que é pouco mais de 162 mil pessoas.
Ainda para
efeito de comparação, o número de vítimas supera em quase 35 mil a população
estimada da cidade de Tatuí, que é de pouco mais de 120 mil pessoas.
Não é à toa que, segundo o
levantamento da SBP, em nosso país, a cada 60 minutos uma criança ou
adolescente morre em decorrência de ferimentos por arma de fogo. Nas últimas
duas décadas, mais de 155 mil jovens, com idades entre zero e 19 anos,
faleceram em consequência de disparos acidentais ou intencionais, como em casos
de homicídio ou suicídio.
Segundo o levantamento da
entidade, que considerou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM), do Ministério da Saúde, em 2016, foram registrados 9.517 óbitos. O
número é praticamente o dobro do identificado há 20 anos (4.846 casos, em
1997), representando em números absolutos o pico dessa série histórica.
Para a presidente da SBP,
Luciana Rodrigues Silva, é imprescindível que as autoridades assegurem a paz e
a integridade dos jovens e daqueles que cuidam de seu bem-estar. “O País
precisa de medidas efetivas para aumentar a segurança das nossas crianças e
adolescentes, e também dos profissionais que os acompanham nas escolas, nas
unidades de saúde, nos centros desportivos e outras instalações do tipo”,
defendeu Luciana.
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