quarta-feira, 3 de junho de 2020

Gasolina sem petróleo é alternativa ao combustível fóssil

Água e dióxido de carbono são utilizados na fabricação

Gasolina sintética será o futuro?

            John Rockfeller, primeiro bilionário da história, fez sua fortuna com a exploração do petróleo. Se fosse vivo, ele estaria muito preocupado com as pesquisas que visam substituir o assim chamado ouro negro por combustíveis sintéticos que empregam água e dióxido de carbono em sua fabricação e têm a vantagem de neutralizarem os efeitos negativos de sua queima.
            Empresas do setor energético e automotivo estão investindo em pesquisas (que já estão avançadas) para desenvolver um produto que dê uma vida mais longa ao motor a combustão.
Alguns países europeus anunciaram recentemente planos para banir os motores movidos a combustíveis fósseis em um futuro não muito distante. Não há dúvida de que o movimento rumo ao transporte mais limpo, com limites cada vez mais rígidos quanto às emissões de poluentes, passa pela eletrificação. Porém, essa não é a única alternativa no horizonte.
Montadoras e outras empresas relacionadas à mobilidade acreditam que o motor a combustão interna tem ainda, literalmente, muito combustível para queimar. Porém, esse combustível precisa ser sustentável, produzido a partir de fontes renováveis. No Brasil, temos o etanol. A cana-de-açúcar com a qual ele é fabricado compensa as emissões de CO2 por meio da fotossíntese - que converte o gás causador do efeito estufa em oxigênio.
Os combustíveis sintéticos, cujo desenvolvimento tem avançado sobretudo na Alemanha, são outra alternativa: são produzidos sem petróleo, utilizando como matéria-prima água e o próprio dióxido de carbono disponível na atmosfera.
O assunto pode parecer longínquo e ficção científica, mas empresas como a McLaren, umas das grandes equipes da Fórumla-1 e fabricante de superesportivos exclusivíssimos, têm se debruçado sobre o tema. As alemãs Audi e Bosch têm investido nessa tecnologia, que também está nos planos da McLaren para seus carros esportivos, segundo a publicação britânica "Autocar".

Zero carbono
            Técnicos apontam que os combustíveis sintéticos têm a vantagem, como o etanol, de "neutralizarem" o carbono resultante de sua queima, além de aproveitarem a infraestrutura de abastecimento.
Também conhecidos como e-fuel, podem ser extraídos na forma de gasolina ou diesel e, portanto, não exigem alterações nos motores atuais que utilizam a versão fóssil desses combustíveis.
Segundo especialistas, o combustível sintético já era usado pela Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial e desde então as pesquisas têm evoluído. Porém, sua extração ainda é muito cara na comparação com o petróleo, que ainda é muito mais fácil e barato de obter e refinar.
Passados mais de 70 anos do final da guerra, a pressão pela busca de matrizes energéticas limpas parece dar um novo impulso para os combustíveis sintéticos.
É o caso da Audi, que nomeou seu produto como e-benzina. A montadora diz que o líquido emite menos poluentes e permite taxas maiores de compressão, para maior performance. E performance, como se sabe, é uma das características marcantes dos carros da montadora.

Hidrogênio
A fabricação do e-fuel começa em um processo físico-químico chamado de hidrólise, que retira o hidrogênio da água para posterior combinação com o CO2. O gás resultante depois é utilizado para produzir cadeias de hidrocarbonetos que vão se tornar combustível líquido.
Um dos principais desafios para a produção do combustível, segundo técnicos, é a grande quantidade de energia elétrica necessária para separar o hidrogênio presente na água. Essa energia deve preferencialmente ser de origem limpa como: solar, eólica ou de hidrelétricas. O hidrogênio, que também pode ser extraído do gás natural, é a grande aposta de países como a Alemanha para renovar sua matriz energética - apesar dos desafios para obtê-lo.
Além de servir para sintetizar combustível líquido, o hidrogênio também é visto como alternativa às caras e pesadas baterias de veículos a propulsão elétrica. Por meio das chamadas célula de combustível, incorporadas a automóveis, o gás é utilizado para gerar a eletricidade necessária para a propulsão das rodas.  Modelos como o Toyota Mirai, comercializado no Japão, já trazem essa tecnologia e são abastecidos com hidrogênio.
Parece que o futuro está bem mais próximo do que se imagina, não é mesmo? Se estivesse vivo, talvez Rockfeller não estivesse tão preocupado com o fim dos combustíveis fósseis; ele provavelmente estaria envolvido nas pesquisas sobre as novas formas de combustíveis! Afinal, ele era um visionário e, na sua época, percebeu logo a importância que petróleo teria no futuro e fundou a Standard Oil, a primeira gigante do setor energético.

Fonte: UOL

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