Água e dióxido de carbono são utilizados na fabricação
Gasolina sintética será o futuro?
John
Rockfeller, primeiro bilionário da história, fez sua fortuna com a exploração
do petróleo. Se fosse vivo, ele estaria muito preocupado com as pesquisas que
visam substituir o assim chamado ouro negro por combustíveis sintéticos
que empregam água e dióxido de carbono em sua fabricação e têm a vantagem de
neutralizarem os efeitos negativos de sua queima.
Empresas do
setor energético e automotivo estão investindo em pesquisas (que já estão
avançadas) para desenvolver um produto que dê uma vida mais longa ao motor a
combustão.
Alguns países europeus anunciaram
recentemente planos para banir os motores movidos a combustíveis fósseis em um
futuro não muito distante. Não há dúvida de que o movimento rumo ao transporte
mais limpo, com limites cada vez mais rígidos quanto às emissões de poluentes,
passa pela eletrificação. Porém, essa não é a única alternativa no horizonte.
Montadoras e outras empresas
relacionadas à mobilidade acreditam que o motor a combustão interna tem ainda, literalmente,
muito combustível para queimar. Porém, esse combustível precisa ser
sustentável, produzido a partir de fontes renováveis. No Brasil, temos o
etanol. A cana-de-açúcar com a qual ele é fabricado compensa as emissões de CO2
por meio da fotossíntese - que converte o gás causador do efeito estufa em
oxigênio.
Os combustíveis sintéticos, cujo
desenvolvimento tem avançado sobretudo na Alemanha, são outra alternativa: são
produzidos sem petróleo, utilizando como matéria-prima água e o próprio dióxido
de carbono disponível na atmosfera.
O assunto pode parecer longínquo
e ficção científica, mas empresas como a McLaren, umas das grandes equipes da
Fórumla-1 e fabricante de superesportivos exclusivíssimos, têm se debruçado
sobre o tema. As alemãs Audi e Bosch têm investido nessa tecnologia, que também
está nos planos da McLaren para seus carros esportivos, segundo a publicação
britânica "Autocar".
Zero carbono
Técnicos
apontam que os combustíveis sintéticos têm a vantagem, como o etanol, de
"neutralizarem" o carbono resultante de sua queima, além de
aproveitarem a infraestrutura de abastecimento.
Também conhecidos como e-fuel,
podem ser extraídos na forma de gasolina ou diesel e, portanto, não exigem
alterações nos motores atuais que utilizam a versão fóssil desses combustíveis.
Segundo especialistas, o
combustível sintético já era usado pela Alemanha na época da Segunda Guerra
Mundial e desde então as pesquisas têm evoluído. Porém, sua extração ainda é
muito cara na comparação com o petróleo, que ainda é muito mais fácil e barato
de obter e refinar.
Passados mais de 70 anos do final
da guerra, a pressão pela busca de matrizes energéticas limpas parece dar um
novo impulso para os combustíveis sintéticos.
É o caso da Audi, que nomeou seu
produto como e-benzina. A montadora diz que o líquido emite menos
poluentes e permite taxas maiores de compressão, para maior performance. E
performance, como se sabe, é uma das características marcantes dos carros da
montadora.
Hidrogênio
A fabricação do e-fuel
começa em um processo físico-químico chamado de hidrólise, que retira o
hidrogênio da água para posterior combinação com o CO2. O gás resultante depois
é utilizado para produzir cadeias de hidrocarbonetos que vão se tornar
combustível líquido.
Um dos principais desafios para a
produção do combustível, segundo técnicos, é a grande quantidade de energia
elétrica necessária para separar o hidrogênio presente na água. Essa energia
deve preferencialmente ser de origem limpa como: solar, eólica ou de
hidrelétricas. O hidrogênio, que também pode ser extraído do gás natural, é a
grande aposta de países como a Alemanha para renovar sua matriz energética -
apesar dos desafios para obtê-lo.
Além de servir para sintetizar
combustível líquido, o hidrogênio também é visto como alternativa às caras e
pesadas baterias de veículos a propulsão elétrica. Por meio das chamadas célula
de combustível, incorporadas a automóveis, o gás é utilizado para gerar a
eletricidade necessária para a propulsão das rodas. Modelos como o Toyota Mirai, comercializado
no Japão, já trazem essa tecnologia e são abastecidos com hidrogênio.
Parece que o futuro está bem mais
próximo do que se imagina, não é mesmo? Se estivesse vivo, talvez Rockfeller
não estivesse tão preocupado com o fim dos combustíveis fósseis; ele
provavelmente estaria envolvido nas pesquisas sobre as novas formas de
combustíveis! Afinal, ele era um visionário e, na sua época, percebeu logo a
importância que petróleo teria no futuro e fundou a Standard Oil, a primeira
gigante do setor energético.
Fonte: UOL
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