Jovens, com idades entre 28 e 32 anos, criaram módulo que ajuda motoristas profissionais a marcar exame toxicológico
Criar um
módulo integrado à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que auxilie
motoristas profissionais a marcar e a realizar exames toxicológicos,
facilitando também a fiscalização. Esta foi a ideia vencedora da Hackatran 2020,
maratona que busca ideias inovadoras para a questão do trânsito no país. O
evento, obviamente de nível nacional, é promovido pelo Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran), Ministério da Infraestrutura e Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro) e abordou o tema: Perceba o risco. Proteja a
vida. A ideia vencedora é da equipe GM2, de Itapetininga, composta por Marlon
Ribeiro da Silva, 28 anos, Mayara Shiguemi Nanini Horiy, 28, Gabriel Moreira
Ragazzi, 29, e Thiago Leme da Silva, 32 anos.
Problema
A equipe se debruçou sobre um
problema que atinge os motoristas profissionais brasileiros: a dificuldade em
fazer exames toxicológicos, tendo em vista que vivem viajando. Segundo
levantamento feito pelos jovens, grande parte dos acidentes envolvem esses
motoristas, além de fiscalização deficiente (sem ferramentas adequadas para
verificar a regularidade do exame).
A solução encontrada pela equipe
foi criar um módulo no app da CNH digital que permite agendar o exame em
qualquer laboratório credenciado junto ao Denatran – com o resultado acessado
pelo app, facilitando a fiscalização. Além disso, os motoristas com exame em
dia recebem benefícios em lojas e empresas de conveniência parceiras da
iniciativa.
Como funciona
O módulo criado para o app CNH
digital informa o vencimento do exame toxicológico. Através do módulo, o
motorista pode encontrar o laboratório mais perto de onde estiver e agendar o
exame de acordo com o dia e horário disponibilizados pelo laboratório para a
realização do exame. Agilização no agendamento é feita de maneira simples e
prática. Com o número do exame, o motorista tem acesso à integra do resultado,
sem a necessidade de retirar o exame no laboratório.
Marconews - O
que é a Hackatran e qual seu objetivo? Quais as categorias existentes? Como pretendem usar o prêmio?
Equipe GM2 - Hackatran é
um hackathon (estilo maratona de hackers), que consiste em buscar ideias
inovadoras. Este hackathon foi voltado para a área de trânsito. Por este motivo,
recebeu o nome de “HACKAtran”. Tivemos
06 (seis dias) para solidificar nosso projeto. Durante esse período
solidificamos a ideia, realizamos apresentação do pitch (apresentação rápida do
projeto, em vídeo), fizemos reuniões com mentores e coordenadores do projeto e
desenvolvemos o contexto e software do produto. A abertura aconteceu no dia 18
de novembro, e a live de encerramento foi em 25 de novembro de 2020.
Foram
classificadas 03 (três) equipes, onde os prêmios se deram da seguinte forma:
R$25.000,00 para a primeira equipe classificada, R$15.000,00 para a segunda e
R$10.000,00 para a terceira equipe. Como somos em 04 integrantes, iremos
dividir o prêmio em partes iguais (R$ 6.250,00 para cada um). Gabriel e Mayara
estão pensando em investir na construção ou em uma viagem já planejada. Marlon
irá guardar um pouco, tal como realizará investimentos, enquanto Thiago
comprará coisas para seu apartamento.
Marconews - Vocês esperavam ganhar o
prêmio ou foi surpresa? Já participaram dessa maratona antes?
Equipe GM2 - Nossa equipe, diferente de tantas
outras (as quais participaram do evento), NUNCA participou de um hackathon. O
Marlon já deteve uma premiação no âmbito da tecnologia e projetos. Mas de um
hackathon, foi a primeira vez. Diante da falta de experiência em um desafio de
âmbito nacional, tal como o prazo de 06 dias, articulado ao desenvolvimento do
nosso trabalho, julgamos ser inviável deter o 1º lugar. Nosso pitch
parecia simples, quando comparado aos demais vídeos de apresentação. Enquanto
uns realizaram edições maravilhosas, nós tivemos como recurso a nossa voz,
imagem e ideia, tão somente. Na segunda-feira, dia 23 de novembro, até às
12h00, precisávamos entregar todos os documentos, códigos e link do pitch no
youtube. Das 40 equipes inscritas, apenas 21 entregaram o projeto desenvolvido
no tempo estipulado. Neste mesmo dia foram classificadas 10 equipes para a
próxima etapa, a qual consistia na seleção para apresentação do projeto na live
de encerramento. Tivemos a surpresa de encontrar o nome da nossa equipe neste
rol. Para nós, não estaríamos entre as 05 equipes. Em 24 de novembro,
aguardamos mensagens da organização, a fim de saber se obteríamos alguma
classificação. Após às 18h00, o único com esperança era o Marlon. Após às
19h00, ao verificar meu e-mail, encontrei uma mensagem da organização. Nós
estávamos entre as 05 equipes finalistas e precisaríamos realizar uma
apresentação de 03 minutos, para a live de encerramento. No dia seguinte, com
uma enorme ansiedade, realizei, em nome da equipe, a apresentação, junto com as
04 equipes classificadas. Diante desse contexto, julgamos que poderíamos ficar
em 3º lugar -visto que as equipes eram ótimas. Estávamos ao vivo e o único com
esperança era o próprio Marlon. Após ser anunciada a 3ª equipe classificada,
ele pediu para mantermos a calma, pois estaríamos em 1º lugar. Ao ouvir que nossa equipe era a vencedora,
pulamos e gritamos. Estávamos incrédulos. O Marlon, por alguma razão já sentia,
mas Gabriel, Thiago e eu, ficamos surpresos.
Marconews - Como surgiu a ideia de criar
um módulo dentro do app da CNH digital para motoristas profissionais agendarem
exames toxicológicos? Por que escolheram este tipo de público e não motoristas
em geral? O módulo pode ser usado por motoristas que não sejam profissionais?
Equipe GM2 - O Gabriel é advogado especialista em
trânsito e acompanha diariamente as mudanças do CTB. Após ter ciência de que,
em abril, pode de fato existir uma alteração, julgou por bem pensar em algo que
acompanhasse a legislação e que pudesse auxiliá-la. Sabemos que a tecnologia e
o direito devem acompanhar a sociedade. Diversos acidentes de trânsito e óbitos
na estrada, são derivados de tragédias as quais envolvem os profissionais de
categoria C, D e E. Tais motoristas passam maior tempo na estrada do que em
suas próprias casas, tendo dificuldade para encontrar um laboratório e realizar
o exame. Com um módulo em aplicativo já existente, o motorista profissional
poderá agendar exame, de acordo com a rota estipulada, recebendo também o resultado
do exame e aviso de vencimento. O Estado, por outro lado, não tinha como
fiscalizar se o motorista profissional realizava o exame no período
estabelecido. Com o mesmo aplicativo, o agente de fiscalização poderá verificar
se o motorista está regular. Logo, foi criado um módulo o qual pode ser usado
pelos motoristas profissionais e pelo Estado (em prol da fiscalização), com a
intenção de desburocratizar o sistema, garantindo a segurança viária e salvando
vidas.
Marconews - Qual o custo de implantação do
módulo? Quem pagar por esta implantação?
Equipe GM2 - O custo de implantação do módulo será
mínimo, uma vez que o aplicativo CNH digital já existe e todos os códigos de
software utilizados pela equipe foram fornecidos. Caberá ao governo verificar
custeio e demais encargos, caso realize a o módulo de fato. O projeto foi
cedido ao governo, pela Equipe (cedente), razão pela qual todo custeio com
implantação será tão somente dos cessionários.
Marconews - O modulo já está disponível no app da CNH digital? Como está sendo a aceitação por parte dos motoristas profissionais e autoridades?
Equipe GM2 - O concurso teve fim no dia 25 de novembro de
2020, e neste mesmo dia a Equipe assinou um termo de cessão de direitos
patrimoniais.
A
ideia foi cedida para o governo, razão pela qual poderão implantar ou não, de
acordo com a necessidade aparente. Até o momento o módulo ainda não foi
implantado, mas como idealizadores da ideia, torcemos muito para que seja realizado
de fato e gere bons resultados para NOSSO BRASIL, garantindo melhor segurança
viária, educação no trânsito e fiscalização.
Marconews - Vocês têm planos de montar uma
empresa na área de softwares?
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