Integrante do movimento Acorda Itapê, Vitor Oliveira
diz que a atual administração
tem atitudes autoritárias
As recentes
manifestações e protestos que varreram as principais cidades brasileiras
chegaram à Itapetininga nesta semana, tendo como tema principal o aumento na
taxa de iluminação pública, mas também com críticas a situação do funcionalismo
municipal, o desemprego em Itapetininga, a crise na saúde no município, a
terceirização de serviços públicos, a corrupção e a violência no País.
O aumento foi revogado pelo prefeito
Luis Di Fiori (PSDB), mas os ativistas devem continuar com as manifestações.
Nesta quinta-feira, a partir das 19 horas, está programada uma concentração na
praça Marechal Deodoro (Largo dos Amores), de onde os integrantes devem se
dirigir para a Câmara local, onde haverá manifestações sobre a questão da saúde
no município. O secretário municipal de saúde, Felipe Thibes Galvão, deverá
estar presente na sessão de hoje do Legislativo.
O movimento usa o incrível poder de
disseminação das redes sociais para mobilizar seus integrantes e conquistar
simpatizantes, além da repercussão das ações.
Estudante do curso de Administração,
Vitor Oliveira (foto) é um dos integrantes do movimento e participou ativamente da assembleia
realizada na noite de terça-feira, também no Largo dos Amores. Na ocasião, foi
definida a pauta principal de reivindicações do Acorda Itapê.
Candidato nas últimas eleições para
prefeito na cidade, Oliveira fez campanha pelo PSOL, sem coligar com outros
partidos, e surpreendeu no debate com os demais candidatos, promovido por uma
emissora de TV. Militante de movimentos estudantis, ele destaca que o movimento
não é apolítico, mas sim apartidário. Segundo o militante, o movimento é “grande
e heterogêneo”, razão pela qual “os assuntos que estão na mesa deverão ser
debatidos”, antes de serem definidas suas propostas para então se iniciar um
diálogo com a administração municipal. Veja agora a entrevista exclusiva que
ele concedeu ao Marconews.
Marconews - Como surgiu a ideia do movimento
Acorda Itapê? Quais as principais reivindicações e propostas do grupo? Quem são
os integrantes?
Vitor Oliveira - Com toda essa onda de protestos
pelo Brasil, a população de Itapetininga também foi para as ruas e aquilo foi
como se tivéssemos saído de um sono. Não sei de quem foi a criação do nome;
quando vimos todas as postagens na internet tinha o Acorda Itapê e tinha um
grito de ordem no manifesto que era “Itapê Acorda, Itapê Acorda!”
Marconews - Como vocês avaliam a administração
Di Fiori até o momento? Quais os principais problemas? Quais ações foram
acertadas, no seu ponto de vista?
Vitor Oliveira - Na verdade ainda é muito pouco
tempo para se fazer uma analise, o que podemos ver nesse começo são atitudes
autoritárias, muitas vezes incompreendidas pela população, como foi o aumento
dos secretários e a falta de autonomia dos secretários e demais funcionários. A
partir disso faço a análise que não tem como um governo prosperar assim, estudo
administração e esse tipo de administrador era da época da 1º revolução
industrial e do começo da 2º.
Marconews - O Movimento Acorda Itapê se diz
apolítico, mas você foi candidato a prefeito nas últimas eleições, Isso não é
um contrassenso? Existe o risco de uso político do movimento?
Vitor Oliveira - Ele não é apolítico, afinal estamos
discutindo exatamente política, mas ele é apartidário. Veja bem: eu sempre
militei dentro dos movimentos estudantis; há alguns dias eu estava com o
microfone na mão conversando com a população de Goiânia nos protestos contra o
aumento do ônibus daquela capital e não sou, nem nunca serei candidato a nada
la. O que me levou a ser candidato foi minha militância dentro de movimentos
que lutam por um mundo justo, igualitário. Prefiro 1000 vezes um movimento
popular organizado do que disputar uma eleição, onde quem vence é quem tem o
dinheiro.
Marconews - O movimento tem criticado duramente
a administração municipal, sobretudo no que diz respeito ao funcionalismo,
principalmente na questão salarial. Entretanto, logo no começo de sua gestão, o
prefeito aumentou o salário dos secretários em mais de 90% e a população não se
manifestou. Você acha que o cidadão demorou para se mobilizar?
Vitor Oliveira - Não houve uma grande manifestação,
mas muitos dos que estão hoje no movimento estavam la na câmara lutando contra
esse aumento, tanto que sua votação foi adiado algumas vezes, lembra do “Veta
Ramalho”?
Marconews - O movimento pretende iniciar um
diálogo com o prefeito?
Vitor Oliveira - Acho que esse ainda não é momento,
é um movimento muito grande e heterogêneo, teremos que debater mais sobre os assuntos
que estão na mesa, para que tenhamos propostas claras, objetivas e palpáveis.
Por exemplo, foi votado por consenso a bandeira contra a terceirização, agora
cabe a nós provarmos ao prefeito por que ele não deve terceirizar.
Marconews - Como vocês avaliam o Legislativo? Têm
acompanhado o trabalho dos vereadores?
Vitor Oliveira - Eu não perco uma sessão, seja em
plenário ou na reprise da sessão pela tvi, na parte da tarde das terças e
sexta. Eu o vejo muito burocrático, cheia de requerimentos que poderiam na
verdade ser feitos pelo SAC da prefeitura ou mesmo pelo Atende Facil, mas é
começo, temos que aguardar mais. Sinto também uma falta de liberdade da base do
governo.
Marconews - Quais são os próximos passos e
ações do grupo?
Vitor Oliveira - Quinta tem um novo ato, dia 13 tem
fórum popular de saúde, nesse intervalo devem surgir mais manifestações, mas
isso ainda tem que ser discutido pelo grupo; é uma coisa que não depende só de
uma pessoa, até para que ele não seja realmente usado para favorecer políticos.
Prefeitura recua
Diante da
repercussão negativa do aumento na taxa de iluminação pública, a administração
municipal recuou e suspendeu o reajuste. Em nota enviada no final da tarde de
terça-feira, o prefeito Luis Di Fiori (foto) informou que revogou o decreto nº
1.048 de 29 de maio de 2013, que aumentava de R$ 5 para R$ 7,50 a Contribuição
de Iluminação Pública (CIP). Segundo a nota, “essa atitude do poder executivo é
para ter a oportunidade de debater em audiência pública a questão com os mais
interessados no assunto, a população de Itapetininga”.
Ainda
conforme a administração municipal, desde maio de 2003 a taxa de iluminação em
residências é de R$ 5. “A administração atual analisou que com o passar dos
anos, os gastos com o setor de iluminação cresceram e a arrecadação estagnou”,
afirma a nota divulgada, acrescentando que “hoje, os valores arrecadados são
insuficientes para o município se adequar a nova legislação. A gestão atual
assumiu a equipe de iluminação pública com apenas quatro funcionários e um
veículo. O município por lei é obrigado a fazer a manutenção na Iluminação
Pública. E neste momento está se adequando a nova lei da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), que entrará em vigor no próximo ano. A arrecadação da taxa de
iluminação em média por mês é de R$ 210 mil, em comparativo com os custos
mensais que são em média R$ 230 mil para iluminação pública e R$ 50 mil para
manutenção, portanto totalizando um déficit de R$ 80 mil. Em um ano esse
déficit pode chegar a R$ 1 mi/ano, onerando ainda mais os cofres do município”,
afirma o texto.
Ainda de
acordo com a prefeitura, o aumento estipulado (50%) está muito abaixo do
reajuste do salário mínimo, que no mesmo período subiu 282,5%.
Texto: Marco Antônio
Fotos: Divulgação: Internet/Facebook
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