Somente
na última semana, houve dois casos; Verão é período crítico
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Tenente Adriano Brito mostra equipamento
usado pelos bombeiros em casos de afogamento |
A
Região de Sorocaba e Itapetininga, atendida pelo 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros
da Polícia Militar do Estado de São Paulo, está entre as que mais registram
casos de afogamento em águas internas, como são chamados rios, lagos, açudes e
piscinas.
Com a
chegada do Verão, período considerado crítico, aumenta a procura por lugares
onde as pessoas possam nadar e se refrescar. Consequentemente, as estatísticas
envolvendo casos de afogamento aumentam.
“Nós
temos uma grande rede hidrográfica e a Região é vasta”, comenta o tenente
Adriano Augusto Freitas de Brito, comandante interino do 4º Sub-Grupamento da
corporação, sediado em Itapetininga e abrangendo uma área de 10 cidades,
contando com a sub-sede na cidade de Capão Bonito.
O
oficial ressalta que o período considerado crítico, que inclui as férias de
verão, está começando. “Até o momento os dados estão dentro do que foi
verificado em anos anteriores, mas há anos em que há um pico neste tipo de
ocorrência”.
O
problema é que a área de atendimento da unidade tem registrado um volume grande
de afogamentos, perdendo apenas para a Capital. Para Brito, o tamanho da
região, a grande quantidade de chácaras com piscinas, ou que dão fundos para
rios ou possuem açudes e lagos contribui para esta situação.
“Proporcionalmente,
a nossa área só tem menos afogamentos do que a Capital. Mas é bom que se diga
que a maioria dos afogamentos atualmente acontece no que chamamos de águas
interiores, como açudes, lagos e piscinas. No litoral, isso acontece menos
devido a um maior trabalho de prevenção e o aparelhamento do Estado; e o mar
assusta mais também”, observou Brito.
Manter
a calma e chamar o bombeiro, evitar lagos, açudes e rios e ter cuidado
inclusive em piscinas. Estas são algumas dicas que o Corpo de Bombeiros do
Estado procura passar à população. Outro fator de risco é o excesso de consumo
de álcool, o que potencializa o perigo de um afogamento.
“Se
em piscinas, onde o ambiente é controlado e tem boa visibilidade, o risco é
grande de se afogar, imagine em um lago onde a pessoa não sabe a profundidade,
se há algo no fundo que possa prendê-la ou machuca-la, como um pedaço de cerca
ou de madeira pontiaguda. Não podemos esquecer que um açude é uma região
alagada e pode ter objetos no fundo. Além disso, o consumo de álcool exagerado
afeta a coordenação da pessoa”, afirmou Brito, acrescentando que mesmo bons
nadadores de piscina podem se afogar ao mergulhar em lagos.
Mais
cuidados
Saltar de lugares altos, como pontes e pedras, também é
perigoso. “A pessoa pode ter um traumatismo, seguido de um afogamento pós-trauma”,
observou o bombeiro.
Brito ressalta, entretanto, que é difícil evitar que as
pessoas nadem em açudes e similares. “Há poucas opções de lazer. Por isso, se
for nadar, não consuma bebida alcoólica, pois açudes e lagos são imprevisíveis,
não há controle e segurança”. Mesmo em clubes que possuem piscina, estes devem
zelar pela segurança dos usuários, proporcionando equipamentos e a presença de
um salva-vidas.
No caso de você presenciar um afogamento, a orientação do
tenente é “lançar material flutuante, se estiver próximo da pessoa, ou algo para
ela se agarrar e depois puxá-la, como um pneu com uma corda”, disse Brito,
lembrando que o bombeiro deve ser acionado imediatamente. O socorro também
dever feito com cuidado. “Se você estiver em um barco, não se aproxime muito,
pois no desespero a pessoa pode virar o barco. O correto é dar o remo para ela
segurar até se acalmar e depois puxar para o barco”.
O oficial ressalta que os bombeiros possuem treinamento
para fazer o salvamento. “Muitas vezes, na ânsia de salvar um amigo ou parente,
quem vai socorrer acaba se afogando também e a tragédia é ainda maior. Já
atendemos ocorrência em que quatro irmãos se afogaram em sequencia, um tentando
salvar o outro. Mesmo que a pessoa tenha porte físico, tem de estar acostumada
com a água para poder se desvencilhar do outro e retirá-lo da água em
segurança”.
Brito contou que todo o bombeiro recebe treinamento para
salvar alguém que está se afogando. Nos casos fatais, chamados de nível seis os
bombeiros recebem um treinamento especial de 45 dias para aprender a mergulhar
e procurar o corpo, que por vezes está longe do lugar onde afundou, levado pela
correnteza. “É bom que as pessoas saibam o quão perigoso é nadar em rios e
lagos, pois o bombeiro treina para fazer este trabalho, arriscando-se a ter uma
doença descompressiva (devido ao uso de ar comprimido) que pode prejudica-lo no
futuro”.
Equipamento
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Máscara com comunicador subaquático |
Além do kit básico de mergulho, que inclui roupa, máscara
e um cilindro de oxigênio que garante uma autonomia de mergulho de uma hora
aproximadamente, o grupamento possui uma moderna máscara que possibilita a
comunicação via rádio entre o mergulhador e a equipe que está na superfície,
com alcance de 50 metros, tanto de distância quanto de profundidade. “Este é um
equipamento novo e somente São Paulo e Ribeirão Preto possuem, além de
Itapetininga”, contou o tenente Brito. Segundo ele, a máscara custa R$ 30 mil e
foi dada ao bombeiro por uma empresa.
Outro equipamento que está sendo preparado pela
corporação é um tanque de mergulho, onde os bombeiros treinarão. Mesmo com todo
o treinamento e tecnologia, orientação e prevenção são as principais armas
contra os afogamentos. “Há um ditado que diz: água no umbigo, sinal de perigo”,
finaliza o oficial.
Casos
recentes
O Verão nem bem começou e dois casos de afogamentos já
foram regisrados na Região. O corpo de um homem foi resgatado na tarde de
sábado (10) em um açude de Itapetininga(SP). De acordo com os bombeiros, a
vítima se afogou enquanto brincava na água com um grupo de amigos.
O
acidente ocorreu na estrada Jurandir Pinto, no bairro São Camilo. Quando a
vítima desapareceu na água, os amigos ainda tentaram fazer buscas enquanto os
bombeiros eram chamados, mas sem sucesso. Os mergulhadores levaram
aproximadamente uma hora para encontrar o rapaz. O corpo estava a uma
profundida de aproximadamente cinco metros. O local é citado pelo tenente Brito
como um dos mais arriscados, assim como o Vale San Fernando.
Outo caso de afogamento aconteceu em Itaberá,
no dia 12, quando um homem se afogou em uma cachoeira. O corpo foi encontrado
após 45 minutos de buscas. O homem era casado e tinha uma filha de dois anos.
Bombeiro
mirim
Cerca
de 70 crianças participam do curso de Bombeiro Mirim, realizado pela corporação
com o objetivo de passar às crianças como é a rotina dos bombeiros e noções de
prevenção de acidentes e de como se salvar de um afogamento. O curso vai até a
próxima sexta e será encerrado com uma visita à Fazenda do Estado.
“Queremos
que as crianças sejam disseminadoras de nossas orientações e ajudem seus pais”,
comentou o tenente Adriano Brito.
Texto:
Marco Antônio
Fotos: Mike Adas/Jornal Correio