Precisamos aprender a olhar além das
aparências
Crianças vasculham saco de lixo em Itapetininga |
Clássico da Ficção Cientifica dos
anos 90, o filme Inimigo Meu traz uma
história que não poderia ser mais conhecida, mas também nunca perde a
atualidade. Ao contrário, quanto mais a humanidade avança e se desenvolve
técnica e materialmente, mais e mais se torna necessário lembrar o valor da
vida e a necessidade de coexistir com seu semelhante. Resgatar valores como
lealdade, amizade, respeito pela vida (todo tipo de vida) e saber conviver com
as diferentes maneiras de ser e pensar das pessoas. Estas são atitudes simples
que poderiam tonar a vida de todos mais fácil.
Poderiam, mas na realidade não é
assim que ocorre. Em pleno século XXI, assistimos o recrudescimento de
movimentos e atitudes intolerantes e extremistas, que através da violência e
opressão querem impor às outras pessoas a sua visão de mundo, não se importando
em matar, torturar e destruir vidas e culturas que não estejam em conformidade
com a sua filosofia.
E o filme acima citado começa
partindo desse ponto: duas raças (homem e Drac, um alienígena), que mal se
conhecem, mas se odeiam a fundo, tudo por causa de disputas para explorar novos
planetas. O filme tem a sua narrativa no espaço, mas poderia perfeitamente se
encaixar na história humana, em qualquer época e lugar.
Na produção, um piloto de combate
humano cai em um planeta deserto, após abater uma espaçonave alienígena. O
detalhe é que o Drac também cai no planeta. Embora os dois se odeiem e tentem
matar um ao outro no começo, a necessidade de se unir para sobreviver faz com
que os dois guerreiros comecem a enxergar além das aparências e dos
estereótipos e uma sólida amizade cresce entre eles.
O filme me fez refletir que está na
hora (mais do que na hora, de fato) do ser humano olhar para o seu semelhante e enxergar
além das aparências, aprofundar o olhar além da superfície do outro, além da
casca, por assim dizer.
Precisamos todos olhar além; olhar
nos olhos de nossos irmãos e procurar ver a luz que cada pessoa tem, enxergar
sua alma e ter a consciência de que esta pessoa, embora seja diferente de mim e
tenha opiniões diferentes, também é um ser humano. Uma pessoa de carne e osso
que tem sentimentos, tem família, amigos...Uma pessoa que sente dor e sangra,
como todos nós!
Não é fácil para ninguém conviver
com as diferenças, mas respeitá-las é o mínimo para se viver em paz! Assim como
liberdade de expressão não dá direito a ofender ninguém só porque é de outra
cor, classe social, orientação sexual, religião ou etnia. É preciso enxergar
além! É preciso ver o que há por baixo das roupas de grifes famosas e caras,
mas também o que existe sob os trapos e as roupas surradas e até o mau cheiro
de quem vive esquecido, à margem de uma sociedade que dita padrões de moda,
beleza e comportamento. Uma sociedade que vira o rosto ou faz vista grossa para
quem vive jogado pelas ruas, para os marginalizados, para quem não teve a sorte
de ter uma família estruturada, quem não teve acesso à educação e aprendeu
apenas o que a vida lhe ensinou. Ou, muitas vezes, aprendeu com o que a vida
lhe negou.
Precisamos olhar além do
conformismo, do lugar-comum. Precisamos encarar os problemas de frente e buscar
soluções. Não é fácil. Apesar de todo mundo, em tese, saber o que fazer para
melhorar o mundo, ninguém ousa dar o primeiro passo. Talvez por medo de olhar
nos olhos do outro e ver uma pessoa; um ser vivo que precisa de ajuda.
Mas
precisamos ter coragem e olhar além do nosso egoísmo, do nosso preconceito, da
intolerância e do medo que temos daquilo que não compreendemos ou
desconhecemos. O futuro da humanidade depende disso.
Texto: Marco Antônio
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