Ensinamos nossos
filhos a discriminar, não a amar
A tragédia do
massacre na escola estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano, na Grande São
Paulo, chocou a todos. Esta situação nos leva a refletir que realmente deve
haver algo de muito errado na sociedade moderna; algo que não é restrito ao
nosso país, mas que atinge outras nações, com menor ou maior frequência.
É aterrador
saber que jovens recorrem à violência e ao massacre para canalizarem suas
frustrações, seus medos, seu ódio, sua dor. Que mundo é esse em que matar se
tornou algo tão banal, que de massacre em massacre vamos simplesmente
eliminando nosso futuro, que se esvai com o sangue de vítimas jovens, com a vida
pela frente e que poderiam, talvez, contribuir para uma sociedade mais justa?
Que mundo é
esse onde jovens buscam a fama destruindo vidas e não salvando? Que mundo é
esse onde jogos virtuais podem influenciar uma pessoa ao ponto dela misturar
ficção com realidade e sair por aí matando, como se estivesse em uma
competição? Que mundo é esse onde comunidades clandestinas na Internet profunda (deep web) se
reúnem para discutir, incentivar e aconselhar ataques de puro terror e ódio
contra pessoas inocentes?
Que sociedade
é esta em que vivemos, onde os pais, talvez até mesmo inconscientemente,
ensinam seus filhos a discriminar (e até odiar) pessoas por causa da cor da
pele, da religião, da orientação sexual, da posição social, do time de futebol
que torce e até o corte de cabelo ou roupa que veste. Tem futuro uma sociedade
assim? Se a humanidade não mudar, parece claro que não haverá futuro.
E para os que
acham que o massacre em Suzano é um caso isolado, em que os assassinos se
vingaram do bullyng que sofriam (se é
que sofriam, pois já não estavam há tempos na escola), aqui vai um dado
assustador: desde 2002, foram pelo menos sete ataques do tipo em escolas
brasileiras, com pelo menos 24 mortos, sem contar os autores dos disparos, que
se mataram.
Mais assustador
ainda é quando vemos nos números da violência no Brasil: os números da violência no país,
sobretudo a violência contra a mulher, assustam e jogam por terra a imagem de
país pacato e tranquilo. O que há de errado com o nosso país? Em 2017, batemos
um triste recorde, com mais de 63 mil assassinatos. São números comparáveis aos
de países em guerra. Só para se ter uma ideia, na Guerra da Síria, entre 2011 e
2017, mais de 330 mil pessoas morreram, o que dá cerca de 55 mil por ano, bem
menos do que foi registado no Brasil em um único ano.
A situação é alarmante. Especialistas lembram que por trás dos números estão
vidas destruídas. Há muita informação na internet sobre o tema e. embora possa
haver pequenas diferenças entre os números apresentados por diversas fontes
(até porque muitos casos não são denunciados), o certo é que a violência vem
aumentando no país e as mulheres estão entre as principais vítimas. Até a
conceituada Human Rights Watch (Observatório dos Direitos
Humanos, em uma tradução livre), afirmou em relatório divulgado no começo deste
ano que a violência doméstica é “uma epidemia” no Brasil. Segundo a
organização, há mais de 1 milhão de casos de agressões contra as mulheres
pendentes na justiça brasileira. A HRW, porém, aponta a Lei Maria da Penha como
um importante instrumento no avanço do combate a esta situação de violência.
Tanta
violência só pode ser falta de empatia e de amor com o semelhante. E, para quem
tem fé, seja qual for a religião, é a falta de Deus na vida das pessoas, e
quando falta amor, o mal toma conta.
O mal existe e marca
presença no mundo. Vejam por exemplo a fome. A fome é a presença do mal na
terra! Porque se o homem tivesse mesmo vontade, poderia acabar com a fome.
Gasta-se bilhões com armas, mas não consegue levar comida e água pra quem
precisa. Não consegue dar um sistema de saúde digno para a maioria da
população, mas consegue fazer games de última geração que parecem reais; daí o
nome: realidade virtual. A humanidade precisa rever suas prioridades, antes que
seja tarde demais.
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