quinta-feira, 14 de março de 2019

A humanidade precisa rever suas prioridades

Ensinamos nossos filhos a discriminar, não a amar



          A tragédia do massacre na escola estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano, na Grande São Paulo, chocou a todos. Esta situação nos leva a refletir que realmente deve haver algo de muito errado na sociedade moderna; algo que não é restrito ao nosso país, mas que atinge outras nações, com menor ou maior frequência.
          É aterrador saber que jovens recorrem à violência e ao massacre para canalizarem suas frustrações, seus medos, seu ódio, sua dor. Que mundo é esse em que matar se tornou algo tão banal, que de massacre em massacre vamos simplesmente eliminando nosso futuro, que se esvai com o sangue de vítimas jovens, com a vida pela frente e que poderiam, talvez, contribuir para uma sociedade mais justa?
          Que mundo é esse onde jovens buscam a fama destruindo vidas e não salvando? Que mundo é esse onde jogos virtuais podem influenciar uma pessoa ao ponto dela misturar ficção com realidade e sair por aí matando, como se estivesse em uma competição? Que mundo é esse onde comunidades clandestinas na Internet profunda (deep web) se reúnem para discutir, incentivar e aconselhar ataques de puro terror e ódio contra pessoas inocentes?
          Que sociedade é esta em que vivemos, onde os pais, talvez até mesmo inconscientemente, ensinam seus filhos a discriminar (e até odiar) pessoas por causa da cor da pele, da religião, da orientação sexual, da posição social, do time de futebol que torce e até o corte de cabelo ou roupa que veste. Tem futuro uma sociedade assim? Se a humanidade não mudar, parece claro que não haverá futuro.
          E para os que acham que o massacre em Suzano é um caso isolado, em que os assassinos se vingaram do bullyng que sofriam (se é que sofriam, pois já não estavam há tempos na escola), aqui vai um dado assustador: desde 2002, foram pelo menos sete ataques do tipo em escolas brasileiras, com pelo menos 24 mortos, sem contar os autores dos disparos, que se mataram.
          Mais assustador ainda é quando vemos nos números da violência no Brasil: os números da violência no país, sobretudo a violência contra a mulher, assustam e jogam por terra a imagem de país pacato e tranquilo. O que há de errado com o nosso país? Em 2017, batemos um triste recorde, com mais de 63 mil assassinatos. São números comparáveis aos de países em guerra. Só para se ter uma ideia, na Guerra da Síria, entre 2011 e 2017, mais de 330 mil pessoas morreram, o que dá cerca de 55 mil por ano, bem menos do que foi registado no Brasil em um único ano.
          A situação é alarmante. Especialistas lembram que por trás dos números estão vidas destruídas. Há muita informação na internet sobre o tema e. embora possa haver pequenas diferenças entre os números apresentados por diversas fontes (até porque muitos casos não são denunciados), o certo é que a violência vem aumentando no país e as mulheres estão entre as principais vítimas. Até a conceituada Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos, em uma tradução livre), afirmou em relatório divulgado no começo deste ano que a violência doméstica é “uma epidemia” no Brasil. Segundo a organização, há mais de 1 milhão de casos de agressões contra as mulheres pendentes na justiça brasileira. A HRW, porém, aponta a Lei Maria da Penha como um importante instrumento no avanço do combate a esta situação de violência.
Tanta violência só pode ser falta de empatia e de amor com o semelhante. E, para quem tem fé, seja qual for a religião, é a falta de Deus na vida das pessoas, e quando falta amor, o mal toma conta.
O mal existe e marca presença no mundo. Vejam por exemplo a fome. A fome é a presença do mal na terra! Porque se o homem tivesse mesmo vontade, poderia acabar com a fome. Gasta-se bilhões com armas, mas não consegue levar comida e água pra quem precisa. Não consegue dar um sistema de saúde digno para a maioria da população, mas consegue fazer games de última geração que parecem reais; daí o nome: realidade virtual. A humanidade precisa rever suas prioridades, antes que seja tarde demais.

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