Rogério Sardela fala
sobre sua nova montagem
Autor mostra texto da nova peça
Após um
intervalo de uma década, o ator, autor teatral e jornalista Rogério Sardela, de
45 anos, está de volta com uma nova montagem. A peça, cujo elenco foi definido
recentemente, trata do cotidiano do trabalhador brasileiro. Uma realidade que
Sardela conhece bem já que, por opção pessoal, não se limitou às atividades
culturais e exerceu várias profissões em diferentes segmentos. Uma experiencia
que ele garante ter sido enriquecedora e importante ajuda para escrever seus
textos.
Nesta
montagem intitulada O Salvador da Casa,
Sardela, além de ser o autor, também dirige e atua. A comédia deve estrear em
setembro deste ano.
Rogério
Sardela falou com exclusividade para o Marconews
sobre este novo projeto, sua paixão pelo teatro e sobre o desejo de viver de
cultura em um país como o Brasil. Veja a seguir os principais trechos da
entrevista.
Paixão
Marconews - O que é o teatro para você? Como surgiu essa paixão?
Rogério Sardela - O teatro - uma das mais antigas formas de
expressão do ser humano, uma vez que tem como principal base o próprio corpo.
Para mim o teatro é não ter pudores, a oportunidade de vivermos uma vida que
não é da gente. No popular, o ator empresta seu corpo para a personagem, como
se outro alguém se manifestasse através dele, não mesmo? Minha primeira
experiência se deu por volta de 1990/1991, quando fiz figuração na Paixão de
Cristo, dirigida pelo saudoso Antonio Balint (diretor de teatro itapetiningano
já falecido), mas um pouco antes, havia assistido ‘As Desgraças de Uma
Criança’, de Martins Pena, no Clube Recreativo Itapetiningano. De alguma forma
aquilo ficou marcado.
Marconews - Há quanto tempo você escreve peças e participa de
montagens?
Rogério Sardela - Oficialmente desde 1993 como ator. O lado
escritor de peças a partir de 1996.
Marconews - Você disse recentemente que passou por várias
experiências profissionais. Esta pluralidade de experiencias o ajuda no
trabalho de escrever peças?
Rogério Sardela - Sim. O fato de ter trabalhado em diferentes áreas
inspira na criação de personagens, seja de minha própria obra ou na composição
de vidas escritas por outros escritores. Fatos do cotidiano, verídicos ou não,
também podem servir de ponto de partida para algum momento do autor/ator.
Marconews - É possível viver da Cultura no Brasil? E no seu caso,
viver do teatro?
Rogério Sardela - Pergunta muito difícil de ser respondida, pois o
artista no Brasil, com exceção de cantores e atores midiáticos, muitas vezes
trabalha por ‘amor à arte’, mas não se pode esquecer que por trás da personagem
está o ator, que antes de estar no teatro, é cidadão comum, pai de família,
solteiro, enfim, alguém que também batalha para o seu sustento e paga suas
contas. O momento no palco pode ser mágico, mas ninguém vive só de aplausos.
Gostaria de viver de teatro, mas sei que a realidade é outra. Não digo que seja
impossível. Cada um tem seu ponto de vista.
Marconews - Depois de um intervalo de uma década, você voltou a
escrever. Por que esse período tão grande de intervalo? E por que decidiu
voltar agora?
Rogério Sardela - O último texto foi em 2009 – o monólogo
‘Revelações de Um Cinquentão’, encenado em 2010. De lá para cá fui fazer outras
coisas. Nunca me limitei a ser apenas jornalista, ator ou escritor. Queria
mais. Então neste intervalo passei no concurso para ser Conselheiro Tutelar
(que durou até 2015, quando terminou o mandato). Mesmo enquanto estava como
conselheiro, entre 2012 e 2013 me profissionalizei como Técnico em Segurança no
Trabalho. Em 2016 fui assessor de imprensa do Clube Recreativo Itapetiningano,
mesmo ano em que disputei as eleições para vereador. Havia iniciado algumas
linhas de meu novo texto para o teatro, mas com a loucura das eleições, parei
com o texto, já que o foco era outro. A falta de tempo me tirou o ‘tempo’ para
o teatro. Não fiquei ausente porque quis. É curioso e ao mesmo tempo
gratificante que mesmo estando tanto tempo fora dos palcos, em 2018 recebi
vários convites para participar de peças, como do Paulinho Carriel, Angelo
Ricchetti e Fábio Jurera.
Marconews - Do que trata a peça que está montando? Como está o
trabalho de captação de recursos para a montagem? Já tem elenco escolhido?
Quando é a estreia?
Rogério Sardela- A peça retrata o cotidiano do brasileiro,
especialmente a classe trabalhadora. Neste caso, tudo acontece numa república,
onde três homens sem qualquer parentesco expõem as dificuldades enfrentadas
para ganhar o pão de cada dia. Um deles vive de bicos e do Bolsa-Família. O
outro é professor em escola estadual e o terceiro vendedor em lojas de
calçados, além de ser fã incondicional de Michael Jackson. É uma comédia, que
cita inclusive coisas e pessoas de Itapetininga. O ponto alto da história será
o final. Daí a justificativa para o título da peça ‘O Salvador da Casa’. O
trabalho para captação de recursos vai começar, mas para isso é preciso
programação, inclusive de estreia. Sim, já tenho o elenco. Além de mim, que
estarei dirigindo e atuando, tem também a participação dos atores Magnus
Machado, Sérvulo Santos e José Ferreira. O espetáculo deve estrear no máximo em
Setembro.
Marconews - Se pudesse, o que faria para impulsionar/incentivar a
cultura em Itapetininga e Região?
Rogério Sardela - Nossa cidade merece o seu tão sonhado teatro
municipal. Como disse em outra ocasião, o que existem são espaços improvisados,
não desmerecendo nenhum, e o teatro do Sesi, maravilhoso, mas privado. Balint
dizia que lutaria com os grupos para que Itapetininga fosse conhecida como a
‘Terra do Teatro’, assim como Tatuí é a ‘Terra da Música’. Se pudesse lutaria
para conseguir esse título (e é possível), levaria o teatro para a periferia,
para todas as escolas. Como diz a canção, ‘o artista tem de ir aonde o povo
está’, mas sozinho não se faz nada. É preciso parcerias, oferecer condições.
Marconews - Como avalia a política cultural em Itapetininga?
Rogério Sardela - Em termos de teatro os
grupos estão trabalhando e levando Cultura para a população. Muito já foi feito
para que o cidadão vá ao teatro, mas ainda existe uma certa resistência, aquela
velha conversa: ‘não gosto de teatro’. Acho um absurdo, como se as telenovelas
não fossem feitas por atores, só diferindo na forma de transmissão. As novelas
são gravadas. O teatro é ao vivo.
Texto: Marco Antonio
Fotos: Arquivo pessoal
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns e obrigada por compartilhar novamente esse talento conosco!!! Q Deus o abençoe sempre e muito sucesso!!!
ResponderExcluirParabéns Rogério pelo seu talento e pela sua história de vida. Continue firme na luta pela realização de seus sonhos, e nós aqui torcemos pelo seu sucesso!!!
ResponderExcluirAgradeço de coração pelos comentários carinhosos de amigos e leitores que são motivos de continuar sempre.Vocês são meu grande incetivo!
ResponderExcluir*Meu grande incentivo!
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