Cerca de 52% dos trabalhadores já aderiram ao novo modelo
Com o
avanço da tecnologia, das mídias sociais e de plataformas de mídia, trabalhar
em casa, uma atividade que há duas décadas parecia ser para poucos
privilegiados, hoje se mostra uma tendência do mercado de trabalho que tem tudo
para ficar.
A pandemia
da Covid-19 praticamente obrigou empresas e funcionários a adotarem novas
posturas e modelos de trabalho. Distanciamento social, uso de máscaras e
higienização constante de mãos, objetos e locais de trabalho passaram a ser
rotina.
Por isso, o
trabalho remoto (home office) tornou-se uma necessidade para corporações e
trabalhadores; uma ferramenta que possibilitou a manutenção de empregos,
contribuiu para tirar as pessoas das ruas e ajudou empresas a continuarem
trabalhando e atendendo seus clientes.
Se, por um
lado, a pandemia é uma tragédia que vitimou mais de 120 mil brasileiros, por
outro lado nos levou a questionar e repensar nosso modo de vida, mais pessoas
trabalhando em casa significa menos gente no transito das grandes cidades, no
transporte coletivo, menos automóveis nas ruas, menos poluição e menos
estresse. O meio ambiente e a qualidade de vida agradecem.
Claro que
muitas coisas precisam ser ajustadas nesta nova realidade: leis trabalhistas
precisam ser atualizadas; as pessoas, mesmo estando em casa, precisam se
organizar e definir horários de trabalho e de lazer, como se estivessem no
escritório. Especialistas ressaltam que, pelo fato de estar sempre conectado, o
funcionário pode se sentir obrigado a estar à disposição da empresa 24 horas
por dia, o que, claro, não é nada saudável e pode levar a exaustão.
O fato é
que o trabalho remoto chegou para ficar e a sociedade (em todo o mundo) precisa
se adaptar a esta nova realidade, buscando a melhor solução e o equilíbrio para
todos.
Adesão ao home office
Pesquisas
apontam que a adesão ao modelo de trabalho remoto (home office) vem subindo
desde o início da pandemia. Entre os trabalhadores das classes A e B, o índice
de adesão é de mais de 50%, já entre os trabalhadores classe C, este percentual
cai para 29%. A informação é de pesquisa realizada em julho pelo Datafolha, a
pedido do C6 Bank.
Em outro levantamento, de acordo
a revista Isto é, 41% dos funcionários de empresas que podiam trabalhar em home
office, aderiram a este modelo, segundo estudo elaborado pela Fundação Instituto
de Administração (FIA), citado pela revista. O levantamento coletou, em abril,
dados de 139 pequenas, médias e grandes empresas que atuam em todo o Brasil.
O percentual de companhias que
adotou o teletrabalho durante a quarentena foi maior no ramo de serviços
hospitalares (53%) e na indústria (47%). Entre as grandes empresas, o índice
das que colocaram os funcionários em regime de home office ficou em 55% e em
31%, entre as pequenas. Um terço do total das empresas (33%) disse que
adotou um sistema parcial de trabalho em casa, valendo apenas em alguns dias da
semana. No setor de comércio e serviços, 57,5% dos empregados
passaram para o teletrabalho, nas pequenas empresas o percentual ficou em
52%.
Dificuldades
O estudo aponta que 67% das
companhias relataram dificuldades em implantar o sistema de home office. A
familiaridade com as ferramentas de comunicação foi apontada como obstáculo por
34% das empresas, assim como o comportamento dos funcionários ao acessarem os
ambientes virtuais (34%). A atuação das áreas de tecnologia da informação foi
um ponto levantado como dificuldade por 28% das empresas.
Poucas empresas ofereceram
suporte material aos funcionários para implantação do teletrabalho: 9% ajudaram
nos custos de internet e 7%, nos custos com telefone.
Fonte: revista Isto é julho de 2020
Pesquisa DataFolha
Já na pesquisa do DataFolha,
realizada no começo de julho, aa pedido do C6 Bank, 52% dos trabalhadores
aderiram ao home office durante a pandemia da Covid-19. Este
percentual é predominante entre as classes A e B.
Por outro lado, no que compete à
classe C, o índice tem uma queda expressiva, para somente, 29% dos
profissionais que puderam executar as funções de casa. Nas classes D e E, a
taxa é ainda menor, inferior a 26%. O balanço excede os percentuais
relativos à População Economicamente Ativa (PEA) brasileira.
Segundo o DataFolha, 1.503 pessoas
foram ouvidas, via telefone, em todas as regiões do Brasil entre os dias 6 e 10
de julho. A margem de erro é de apenas três pontos percentuais. O levantamento
aponta o trabalho em casa como uma das principais “medidas adotadas durante a
pandemia, no intuito de aumentar os índices de isolamento social e diminuir a
disseminação e contágio da Covid-19. Por outro lado, a execução das
atividades realizadas pelo setor de serviços é bem limitada perante a economia brasileira,
limitando significativamente, as possibilidades de trabalho à distância”.
Produtividade maior
Para o
tecnólogo em construção e estudante de engenharia civil Gabriel Duarte Nogueira
(foto), o home office veio mesmo para ficar. “E algumas situações, o rendimento
no trabalho aumentou”, explica o estudante, que desde março trabalha no sistema
remoto (home office). “Seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial da
Saúde), o escritório achou mais conveniente o trabalho à distância. No caso
dele, o trabalho é mesmo à distância: o estudante mora em Itapetininga e o
escritório para o qual trabalha como projetista fica em Sorocaba.
Entre os
benefícios do home office, Gabriel Nogueira lista: “conforto de estar na sua
casa, sem ter que pegar trânsito e outros problemas que surgem na ida e volta
do trabalho”.
Quanto às
dificuldades que podem prejudicar o trabalhador, o estudante ressalta que
“depende da área de atuação.
Perspectiva positiva
“Apesar de tudo, a perspectiva
pós-quarentena, na construção civil é positiva. Porém, enxergo o mercado de
trabalho se adequando às novas necessidades”, afirma Nogueira, sobre o futuro
do mercado de trabalho.
Questionado se escolheria voltar
ao modelo de trabalho tradicional, Nogueira afirmou que “depende do tipo de
serviço. Em relação aos projetos, gostaria de manter em home office. Já no
acompanhamento e execução de obra, é preciso que volte ao modelo tradicional,
pois está diretamente relacionado a outros prestadores de serviço.” Veja
matéria completa na edição deste mês da revista Hadar (www.revistahadar.com.br).
2018
Em 2018, bem antes da pandemia, o
Marconews abordou o tema home office como tendência do mercado de
trabalho, citando um estudo feito pela Universidade Cardiff, no País de Gales
(Reino Unido), o qual demostrou que quem trabalha em casa ou em outro lugar que
não seja o escritório da empresa, tende a relatar maiores níveis de satisfação
e são mais propensos a dizer que os seus trabalhos são agradáveis e
estimulantes do que aqueles que trabalham nos escritórios. De um modo geral, o
estudo conclui que trabalhar em casa é vantajoso para os empregados e para
os empregadores. Numa altura em que se fala tanto do fim dos escritórios, e se
estimula o desapego pelo escritório, esta conclusão é benéfica nesta mudança de
paradigma de trabalho.
O ambiente é também importante.
Acontece que trabalhar sozinho aumenta a produtividade, uma vez que os
trabalhadores não são interrompidos ou distraídos com tanta facilidade.
24 horas ligado
Um dos maiores perigos do
home office é que ele pode fazer com que o trabalhador não se desligue do
serviço. Segundo o estudo, 39% dos trabalhadores remotos dizem que trabalham
fora do horário normal de trabalho e apenas 24% dos que trabalham no escritório
dizem o mesmo. Isto faz com que tenham mais dificuldade em desligar do
trabalho. E, neste caso, a diferença aumenta de 44% para 36%. Ou seja, quase
metade dos profissionais que trabalham em casa dizem que não conseguem se
desligar do trabalho. Os responsáveis pelo estudo indicam que é fundamental
haver uma separação do local onde se trabalha do que é usado para lazer. Às
vezes, uma mesma mesa serve para trabalhar e para comer. O conselho é que,
quando vai servir de mesa de refeições, não haja qualquer sinal de trabalho.