País mudou nos últimos 30 anos
Decano do jornalismo regional, com
58 anos de profissão e 89 de vida (completa 90 em setembro), o veterano
jornalista Alberto Isaac (foto) afirma que o Brasil mudou muito nos últimos 30
anos, período marcado pela redemocratização do país, após a ditadura militar
(1964-1985).
Isaac lembra que, durante o regime
de exceção, “a censura era rigorosa, inclusive com a presença de censores nas
redações dos jornais. Nessa época, o Estadão
(jornal O Estado de São Paulo) costumava publicar receitas e poesias na
primeira página”, afirma o jornalista. A prática acabou se tornando uma forma
velada de protesto contra a censura, pois o leitor ficava sabendo que a poesia
ou receita entrou no lugar de uma matéria censurada.
Embora estivesse em plena atividade
durante a ditadura, Alberto Isaac garante que nunca sofreu qualquer tipo de
pressão. “A nossa Região é tranquila; apenas uma única vez um militar me
procurou querendo saber porque eu criticava o então prefeito Joaquim Aleixo
Machado. Eu disse: tudo bem, vou
comunicar ao jornal a sua reclamação! Fiz a matéria e mandei, mas o jornal
não publicou! Foi a única vez que isto aconteceu, o Estadão não costumava censurar minhas matérias”, conta o
jornalista.
Com o fim do regime militar, Isaac
recorda que os jornais também se democratizaram. “Foi um momento muito especial:
cada um escrevia o que bem entendia, mas é claro que havia o critério do Chefe
de redação”, diz o jornalista.
Evolução
De meados da década de 80 até hoje,
a imprensa brasileira evoluiu muito, segundo a avaliação do veterano
profissional. “A tecnologia evoluiu muito, mas os jornais ainda têm um peso enorme”.
Sobre as recentes manifestações que
aconteceram em várias cidades do Brasil, Alberto Isaac entende que “pelo que se
observa é manifestação popular motivada por descontentamento, mas tem um viés
político”, ressalta o jornalista, acrescentando que “as pessoas odeiam o PT,
mas tem também pessoas do bem, que estão realmente preocupadas com o país.
Democracia é isso! Se fosse durante o regime militar o protesto seria proibido
e, se houvesse, seria reprimido”.
Assim
como a maioria da população, ele não concorda com os protestos violentos que
ocorreram no ano passado. “Aquilo antes era um baderna; hoje é pacífico, mas
com viés político”, afirma o jornalista.
Alberto
Isaac também se lembra da inflação galopante que existia há 30 anos. “Tenho uma
loja no Mercado Municipal há 56 anos; na época da inflação descontrolada, eu
comprava uma calça em um dia e no dia seguinte o preço era outro”. Ela recorda
de uma antiga cliente que falava que o dinheiro pipocava em sua conta. “Mas não
valia nada...a inflação comia tudo”.
Para o veterano profissional, a
liberdade de expressão só é possível dentro do regime democrático. “Essa é a
vantagem da Democracia”, afirma, com a autoridade de que tem quase 60 anos de
atuação ininterrupta no jornalismo. “Na verdade, comecei em 1952, mas parei por
quatro anos para lecionar no Vale do Ribeira, voltei a escrever para o Estado
em 57 e não parei mais”, esclarece Isaac.
Veja matéria completa na próxima edição da revista
Hadar
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