Apesar de terem mais tempo de estudo, elas ganham menos
do que os homens e ainda são vítimas de assédio e violência
O femínicídio vem aumentando no país
Ser mulher no
Brasil é uma missão quase impossível! Apesar de serem a maioria da população
(quase 52%) ou mais de 100 milhões de pessoas e terem mais anos de estudo, além
de desempenharem jornadas dentro e fora da casa, as mulheres convivem com o
machismo do homem brasileiro (e latino em geral), com salários menores do que
homens na mesma função, com o medo da violência, com o assédio e a importunação
sexual, com piadas machistas e muito outros fatores. Ser mulher no Brasil não é
para os fracos.
Levantamento
do portal G1, aponta que os feminicídios (quando a mulher é morta simplesmente
por ser mulher) aumentaram continuamente entre 2017 e 2019, passando de 1046
para 1314 no período.
E o mais triste disto tudo é que
este um tipo de crime geralmente é praticado por alguém próximo: marido,
ex-marido, namorado, companheiro, amante, um familiar.
Há exatamente um ano, o Marconews
também trazia uma matéria especial sobre O Dia Internacional da Mulher,
comemorado no dia 8 de março.
Em
2019, tanto quanto neste ano, a grande pergunta era: por que se mata tanta
mulher no Brasil hoje? E aí entra outra questão: O que há de errado com a nossa
sociedade atualmente? E mais outra pergunta surge: será que hoje se mata mais
do que no passado ou estes casos são mais denunciados do que antes? Que espécie
pode ter futuro se mata a si própria: se não mata a mulher (mãe), mata a prole
(os filhos), comprometendo seu próprio futuro.
Os
números da violência no Brasil, sobretudo a violência contra a mulher, assustam
e jogam por terra a imagem de país pacato e tranquilo. O que há de errado com o
nosso país? Em 2017, batemos um triste recorde, com mais de 63 mil
assassinatos. São números comparáveis aos de países em guerra. Só para se ter
uma ideia, na Guerra da Síria, entre 2011 e 2017, mais de 330 mil pessoas
morreram, o que dá cerca de 55 mil por ano, bem menos do que foi registado no
Brasil em um único ano.
A
situação é alarmante. Especialistas lembram que por trás dos números estão
vidas destruídas. Há muita informação na internet sobre o tema e. embora possa
haver pequenas diferenças entre os números apresentados por diversas fontes
(até porque muitos casos não são denunciados), o certo é que a violência vem
aumentando no país e as mulheres estão entre as principais vítimas. Até a
conceituada Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos, em
uma tradução livre), afirmou em relatório divulgado no começo de 2019 que a
violência doméstica é “uma epidemia” no Brasil. Segundo a organização, há mais
de 1 milhão de casos de agressões contra as mulheres pendentes na justiça
brasileira. A HRW, porém, aponta a Lei Maria da Penha como um importante
instrumento no avanço do combate a esta situação de violência.
A violência em números
O 12º Anuário Brasileiro de
Segurança Pública divulgado em agosto de 2018 mostra que em 2017 o Brasil teve
221.238 registros de violência doméstica, o que significa 606 casos por dia.
São registros de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha. É a
primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tabula esses dados. De
acordo com o anuário, o país registrou 63,8 mil assassinatos em 2017, um triste
recorde, como já dissemos.
Feminicídio cresce
O Brasil teve um aumento de 7,3%
nos casos de feminicídio em 2019 em comparação com 2018, aponta levantamento
feito pelo portal G1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do
Distrito Federal. São 1.314 mulheres mortas pelo fato de serem mulheres – uma a
cada 7 horas, em média.
De acordo com o portal, a alta acontece
na contramão do número de assassinatos no Brasil em 2019, o menor da série
histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O país teve 19% menos
mortes em 2019 que em 2018.
Se forem consideradas apenas as
mortes de mulheres, o que inclui também os casos que não são classificados como
feminicídios, houve uma diminuição de 14% – menor, mas, ainda assim, um
recorde. É o segundo ano seguido em que o número de mulheres vítimas de
homicídios cai, mas os registros de feminicídios crescem no país.
O levantamento faz parte do
Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da
Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Dados
O Brasil teve 3.739
homicídios dolosos de mulheres em 2019 (uma redução de 14% em
relação ao ano anterior) do total, 1.314 foram feminicídios,
o maior número já registrado desde que a lei entrou em vigor, em 2015;
8 estados registraram alta no número de homicídios de
mulheres; 16 estados contabilizaram mais vítimas de
feminicídios de um ano para o outro; o Acre é o que tem
o maior índice de homicídios de mulheres: 7 a cada 100 mi. Acre e Alagoas são
os estados com a maior taxa de feminicídios: 2,5 a cada 100 mil.
Mulher no mercado de trabalho
Não vamos
falar só de violência. Segundo a empresa SB Coaching, atualmente, o papel
ocupado pela mulher no mercado de trabalho nunca foi de tanto destaque, mas
ainda não motivos para comemorar.
Dados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), mostram que as mulheres estão mais presentes
nas vagas de emprego, embora ainda abaixo dos homens.
As estatísticas são um
ingrediente a mais em um debate complexo, que envolve ainda a desigualdade com
os homens no que diz respeito à remuneração recebida, por exemplo. Esse é um
tema diretamente ligado ao modo como a sociedade se estruturou século após
século.
Educação
Mesmo sendo
mais escolarizadas do que os homens, as mulheres continuam ganham menos. E o
motivo disto, segundo Bárbara Cobo, coordenadora de População e Indicadores
Sociais do IBGE, é que “muito provavelmente ela está escolhendo ocupações que
precisam de uma jornada de trabalho mais flexível porque ainda tem a carga de
afazeres domésticos extremamente pesada”.
Ainda de acordo com Bárbara, “você só resolve desigualdades
no mercado de trabalho se tiver uma política integrada, por exemplo, de creche,
porque a gente sabe que um dos maiores fatores para as mulheres saírem da escola
ou do sistema formal escolar ou de emprego é você ter que cuidar de casa,
afazeres domésticos.”
Texto: Marco Antônio
Fonte e gráficos: G1 e IBGE
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