sábado, 7 de março de 2020

A difícil e arriscada vida da mulher brasileira

Apesar de terem mais tempo de estudo, elas ganham menos 
do que os homens e ainda são vítimas de assédio e violência

O femínicídio vem aumentando no país

          Ser mulher no Brasil é uma missão quase impossível! Apesar de serem a maioria da população (quase 52%) ou mais de 100 milhões de pessoas e terem mais anos de estudo, além de desempenharem jornadas dentro e fora da casa, as mulheres convivem com o machismo do homem brasileiro (e latino em geral), com salários menores do que homens na mesma função, com o medo da violência, com o assédio e a importunação sexual, com piadas machistas e muito outros fatores. Ser mulher no Brasil não é para os fracos.
          Levantamento do portal G1, aponta que os feminicídios (quando a mulher é morta simplesmente por ser mulher) aumentaram continuamente entre 2017 e 2019, passando de 1046 para 1314 no período.
E o mais triste disto tudo é que este um tipo de crime geralmente é praticado por alguém próximo: marido, ex-marido, namorado, companheiro, amante, um familiar.
Há exatamente um ano, o Marconews também trazia uma matéria especial sobre O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março.
          Em 2019, tanto quanto neste ano, a grande pergunta era: por que se mata tanta mulher no Brasil hoje? E aí entra outra questão: O que há de errado com a nossa sociedade atualmente? E mais outra pergunta surge: será que hoje se mata mais do que no passado ou estes casos são mais denunciados do que antes? Que espécie pode ter futuro se mata a si própria: se não mata a mulher (mãe), mata a prole (os filhos), comprometendo seu próprio futuro.
          Os números da violência no Brasil, sobretudo a violência contra a mulher, assustam e jogam por terra a imagem de país pacato e tranquilo. O que há de errado com o nosso país? Em 2017, batemos um triste recorde, com mais de 63 mil assassinatos. São números comparáveis aos de países em guerra. Só para se ter uma ideia, na Guerra da Síria, entre 2011 e 2017, mais de 330 mil pessoas morreram, o que dá cerca de 55 mil por ano, bem menos do que foi registado no Brasil em um único ano.
          A situação é alarmante. Especialistas lembram que por trás dos números estão vidas destruídas. Há muita informação na internet sobre o tema e. embora possa haver pequenas diferenças entre os números apresentados por diversas fontes (até porque muitos casos não são denunciados), o certo é que a violência vem aumentando no país e as mulheres estão entre as principais vítimas. Até a conceituada Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos, em uma tradução livre), afirmou em relatório divulgado no começo de 2019 que a violência doméstica é “uma epidemia” no Brasil. Segundo a organização, há mais de 1 milhão de casos de agressões contra as mulheres pendentes na justiça brasileira. A HRW, porém, aponta a Lei Maria da Penha como um importante instrumento no avanço do combate a esta situação de violência.

A violência em números
O 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em agosto de 2018 mostra que em 2017 o Brasil teve 221.238 registros de violência doméstica, o que significa 606 casos por dia. São registros de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha. É a primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tabula esses dados. De acordo com o anuário, o país registrou 63,8 mil assassinatos em 2017, um triste recorde, como já dissemos.

Feminicídio cresce
O Brasil teve um aumento de 7,3% nos casos de feminicídio em 2019 em comparação com 2018, aponta levantamento feito pelo portal G1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal. São 1.314 mulheres mortas pelo fato de serem mulheres – uma a cada 7 horas, em média.
De acordo com o portal, a alta acontece na contramão do número de assassinatos no Brasil em 2019, o menor da série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O país teve 19% menos mortes em 2019 que em 2018.
Se forem consideradas apenas as mortes de mulheres, o que inclui também os casos que não são classificados como feminicídios, houve uma diminuição de 14% – menor, mas, ainda assim, um recorde. É o segundo ano seguido em que o número de mulheres vítimas de homicídios cai, mas os registros de feminicídios crescem no país. 
O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Dados
O Brasil teve 3.739 homicídios dolosos de mulheres em 2019 (uma redução de 14% em relação ao ano anterior) do total, 1.314 foram feminicídios, o maior número já registrado desde que a lei entrou em vigor, em 2015; 8 estados registraram alta no número de homicídios de mulheres; 16 estados contabilizaram mais vítimas de feminicídios de um ano para o outro; o Acre é o que tem o maior índice de homicídios de mulheres: 7 a cada 100 mi. Acre e Alagoas são os estados com a maior taxa de feminicídios: 2,5 a cada 100 mil.

Mulher no mercado de trabalho
          Não vamos falar só de violência. Segundo a empresa SB Coaching, atualmente, o papel ocupado pela mulher no mercado de trabalho nunca foi de tanto destaque, mas ainda não motivos para comemorar.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que as mulheres estão mais presentes nas vagas de emprego, embora ainda abaixo dos homens.
As estatísticas são um ingrediente a mais em um debate complexo, que envolve ainda a desigualdade com os homens no que diz respeito à remuneração recebida, por exemplo. Esse é um tema diretamente ligado ao modo como a sociedade se estruturou século após século.

Educação

          Mesmo sendo mais escolarizadas do que os homens, as mulheres continuam ganham menos. E o motivo disto, segundo Bárbara Cobo, coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, é que “muito provavelmente ela está escolhendo ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais flexível porque ainda tem a carga de afazeres domésticos extremamente pesada”.
          Ainda de acordo com Bárbara, “você só resolve desigualdades no mercado de trabalho se tiver uma política integrada, por exemplo, de creche, porque a gente sabe que um dos maiores fatores para as mulheres saírem da escola ou do sistema formal escolar ou de emprego é você ter que cuidar de casa, afazeres domésticos.”

Texto: Marco Antônio
Fonte e gráficos: G1 e IBGE

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