Geraldo Macedo usa a tribuna da Câmara na época em que era vereador |
Ao menos 10
pessoas foram presas em Itapetininga nesta terça-feira, durante operação
deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
e o Grupo Antissequestro de Sorocaba. Batizada de Operação Atenas, a ação
também apreendeu mais de R$ 1,5 milhão em notas de Real, Dólar e Euro -
dinheiro que estava distribuído entre uma mala e um cofre na casa do homem
apontado como líder da quadrilha. Ao todo, o Gaeco e o GAS estavam com 11
mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão. A informação é do G1,
portal de notícias da Globo. Os nomes dos detidos não foram divulgados.
A operação investiga uma organização
que usava ONGs (Organizações Não Governamentais) como fachada para desviar
recursos da área de Saúde, atuando em diversos municípios do Estado, incluindo
a Capital. Computadores e documentos foram apreendidos na Prefeitura e no
Hospital Regional de Itapetininga. As investigações tiveram início após denúncia
feita pelo vice-prefeito e ex-secretário de Saúde de Itapetininga, Geraldo
Miguel de Macedo (foto).
De acordo com o G1, a investigação
conduzida pelo Mistério Público aponta que a quadrilha se valia de lobistas, financiamento de campanhas de agentes políticos e pagamento
de propina a servidores para direcionar contratos públicos fraudulentos às
organizações, que atuavam sob os nomes de Sistema de Assistência Social e Saúde
(SAS) e Instituto SAS. Embora fossem instituições distintas, elas seriam
lideradas pelo mesmo homem, segundo o MP.
Posteriormente, os recursos eram
desviados em benefício do grupo mediante pagamento de notas fiscais
"frias" ou superfaturadas, emitidas por empresas, na maioria das
vezes, registradas em nome dos integrantes do grupo ou de seus parentes.
Denúncia
As investigações começaram depois que
o vice-prefeito e então Secretário de Saúde, Geraldo Miguel de Macedo, declarou
a existência de inúmeras irregularidades na execução do Termo de Parceria
celebrado entre o Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS) e a prefeitura
para a administração do Hospital Regional de Itapetininga.
As denúncias de Macedo foram feitas
no final de agosto de 2011, na Câmara local. Na oportunidade, diante de um
plenário lotado, o vice-prefeito atacou duramente a administração Ramalho,
denunciando o então suposto desvio de dinheiro da saúde e até a realização de
pagamentos sem o devido empenho, o que teria gerado uma dívida de mais de R$
400 mil. Na época em que respondia pela área de Saúde do município, Macedo
afirmou ter sido contrário à renovação do contrato entre a Prefeitura e o SAS.
Ao defender-se dos ataques do
ex-secretário, o prefeito Roberto Ramalho, afirmou que as denúncias tinham
fundo político e que as irregularidades denunciadas por Macedo tinham sido
levantadas pela equipe da própria prefeitura.
“Todo processo que assinamos passa
por avaliação do secretário e quando chega ao prefeito é para as providências
para a renovação”, afirmou Ramalho na
ocasião. Segundo ele, a época de renovação do contrato, a dívida da
administração municipal com o SAS era de R$ 4 milhões. O prefeito informou
ainda que o contrato se encerraria em setembro deste ano.
Apuração
A
apuração das denúncias revelou que, embora constituídos na forma de Organizações
Não Governamentais independentes uma da outra, o Instituto SAS e o Sistema de
Assistência Social e Saúde (SAS) se confundem em uma única organização
criminosa, administrada e comandada pelo mesmo líder. Além do contrato com a
Prefeitura Municipal de Itapetininga, o SAS mantinha Termos de Parceria ou
Contratos de Gestão com os Municípios de São Miguel Arcanjo, São Paulo, Americana,
Araçariguama e Vargem Grande Paulista - todos no Estado de São Paulo -, além
dos municípios do Rio de Janeiro (RJ) e Araranguá (SC). Nesta primeira fase, a
investigação teve como foco principal os líderes da quadrilha e as fraudes
relativas ao Termo de Parceria referente apenas ao Hospital Regional de
Itapetininga. A investigação apontou indícios do envolvimento de pelo menos um
prefeito municipal como beneficiário da propina paga pela quadrilha.
São
investigadas também as empresas Planos Administração Hospitalar Ltda, Carone
Administração e Participações, Contacto Intermediação de Negócios Ltda, Mille
Med Serviços Médicos, Indaiamed Serviços Médicos, M.K Prestação de Serviços em
Saúde, Gestão Administração e Serviços, Rosemeire de Almeida Bisbocci, Maria
Vitória de Moraes Terra, Odair José da Silva, Invest Serv Serviços
Administrativos e de Manutenção, DHS Serviços em saúde e educação, Globalvita
Saúde e Paulista Pronto Med.
Prefeitura
A
Prefeitura itapetiningana
afirmou por meio de nota oficial que está tomando providências para dar
continuidade ao atendimento no Hospital Regional. Na nota divulgada, a
administração afirmou que "até o momento não há nenhuma citação de
envolvimento ilícito de agentes públicos municipais". Ainda segundo a
prefeitura, toda documentação sobre o caso já havia sido encaminhada ao
Ministério Público local e à Câmara de Vereadores "a partir de
procedimento administrativo instaurado muito antes das denúncias".
Nenhum comentário:
Postar um comentário