Novas configurações familiares diferem do conceito tradicional
Tudo na vida evolui
e se transforma. E isto vale para coisas materiais – os carros, por exemplo,
estão hoje anos luz à frente dos primeiros modelos – e também para
comportamentos, relacionamentos e até para instituições.
E
uma dessas instituições que vem se transformando é a família. O conceito
tradicional, baseado no modelo patriarcal, onde o pai era o chefe e provedor de
sustento e a família era basicamente mulher e filhos não é mais o único modelo
existente. Novos padrões de relacionamento surgiram nos últimos anos e a
sociedade procura se ajustar a essa nova realidade.
As
mudanças ocorrem em todo o mundo e o Brasil acompanha as transformações. A
família brasileira, mais do que nunca, vem também em novas configurações. Mães
e pais solteiros, divorciados que unem suas famílias, casal de
homossexuais que têm filhos de um relacionamento heterossexual
anterior, crianças que são criadas pelos avós, pessoas que só tem seu
animal de estimação como família, praticantes do poliamor, heterossexuais
que adotam, homossexuais que adotam, casais sem filhos, amigos que moram juntos,
três gerações que dividem o mesmo teto, casais divorciados que vivem na
mesma casa: as possibilidades são diversas.
Famílias do Brasil
O
Censo de 2010, realizado pelo IBGE, mostra que a família brasileira se
multiplicou, trazendo 19 laços de parentesco, contra 11 presentes no
censo de 2000. O conceito tradicional de família, composta por um casal
heterossexual com filhos, esteve presente em 49,9% dos lares
visitados, enquanto que em 50,1% das vezes, a família ganhou uma nova
forma. As famílias homoafetivas já somam 60 mil,
sendo 53,8% delas formada por mulheres. Mulheres que vivem
sozinhas são 3,4 milhões, enquanto que 10,1 milhões de famílias são
formadas por mães ou pais solteiros.
Segundo
o site Hypeness, praticamente todos
os modelos familiares são aceitos pela Associação Brasileira de Terapia
Familiar (ABRATEF). “Uma definição que me agrada é a de pensar que a minha
família é composta por aqueles com quem eu conto. Hoje, todas as formas de
família são aceitas pela Associação. Pelo IBGE, a única forma não aceita de
família é a de um grupo de adultos que mora no mesmo local sem laços de sangue
ou relacionamentos romântico-afetivos. Nesse caso, o IBGE classifica esse grupo
como ‘moradia em conjunto’”, explicou Marcos Naime Pontes, psiquiatra e
terapeuta de família e de casal.
Segundo ele, o
que hoje nós chamamos de “novas configurações de família” é algo que
sempre existiu, embora sem que houvesse um reconhecimento público ou jurídico.
Mas mesmo com propostas como o Estatuto da Família, a Justiça Brasileira tem
mostrado grandes avanços no que diz respeito à desbiologização da
família e à quebra do modelo familiar baseado em uma relação heterossexual
monogâmica em que o pai é a figura-chefe. Para especialistas, a principal mudança é que
o afeto ganhou importância jurídica, permitindo que as discussões sobre
filiação fossem levadas a um outro nível.
Leia matéria completa na revista Hadar (www.revistahadar.com.br)
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