terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Lar São Vicente: carinho, dedicação e amor no atendimento ao idoso

Instituição foi fundada em Itapetininga há 103 anos

O casal Zilda e Ari, que se conheceram no Lar São Vicente


Localizado em Vila Carolina, em uma área de 92 mil m2, o Lar São Vicente de Paulo acolhe idosos em situação de risco, encaminhados pelos Centros de Referencia Especializados em Assistência Social (CREAS).
Mantida com recursos públicos (Estado, União e Município) e particulares, a instituição tem a maior parte dos seus gastos (cerca de 60%) bancada pela Sociedade São Vicente de Paulo, movimento ligado à Igreja Católica, e fontes de renda como aluguel de imóveis, repasses do Poder Judiciário (penas pecuniária), telemarketing e renda líquida da Zona Azul. Segundo a direção do Lar, o gasto mensal gira em torno de R$ 230 mil.
Com capacidade para atender 85 idosos, o lar conta atualmente com 87 “hóspedes”, que contam com o trabalho de 87 profissionais que atuam na instituição, além do trabalho de voluntários. “Como o lar precisa ter funcionários 24 horas por dia, que trabalham em três turnos, isso explica o número de trabalhadores”, conta Cilene Araújo, gerente geral da instituição. 
O lar conta com uma infraestrutura voltada para atender os internos, com salas de enfermagem, fisioterapia e terapia ocupacional, além de amplos espaços para passeio, cozinha terapêutica, refeitório, sala de recreação, lavanderia hospitalar, horta e pomar e até uma horta planejada para cadeirante. “A nossa proposta é que a horta seja como uma terapia para eles”, diz Cilene, acrescentando que o idoso que deseja sair do asilo e passear um pouco pode fazer isso com acompanhamento. “Programamos alguns passeios com eles, pois a socialização é importante na vida deles”, afirma a gerente. Os idosos também podem ir a cabeleireiros, restaurantes e sorveterias. Os asilados desenvolvem atividades como artesanato e trabalhos manuais.
E a socialização é importante sem dúvida nenhuma! No dia da visita, a reportagem encontrou um casal (foto) que se conheceu e começou a namorar na instituição. Para quem acha que o amor tem prazo de validade ou idade certa para acontecer, Ari Máximo da Cruz, 77 anos, e Zilda, 70, provam o contrário. Ambos são viúvos e já há conversas sobre casamento.

Encaminhamento
Segundo a gerente, atualmente os idosos atendidos pela instituição são encaminhados pelos CREAS, conforme determinação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Esse encaminhamento é feito após um levantamento feito junto à família para verificar as condições em que o idoso se encontra. Entre os critérios que são checados estão se o idoso tem filhos e se é de Itapetininga, pois o foco da instituição é receber idosos do município.
Idosa descansa no páteo do asilo

“Um dos critérios é a vulnerabilidade social”, conta Cilene. “A faixa de renda não importa. Ele não precisa ganhar nada”, explica a gerente. Ela esclarece ainda que, de acordo com o Estatuto do Idoso, 70% dos rendimentos do asilado vão para a instituição e 30% para uma poupança em benefício do interno. “Isso é lei”. Ainda segundo ela, o lar trabalha com graus de dependência, que variam do um ao três, sendo que o grau três é o mais grave e a pessoa “não consegue fazer quase nada”, observa Cilene. Ainda segundo esta fonte, o gasto com um idoso varia de R$ 3,5 mil por mês (grau 1) até R$ 5 mil ou mais, no caso do grau 3. A maioria dos internos na instituição é grau 2. “O custo do idoso é muito alto no Brasil”, observa Cilene.
A gerente informa que a instituição banca os idosos que não possuem renda até 65 anos. “Ao completar essa idade, damos entrada na documentação para que ele possa receber o benefício de um salário mínimo”, fala Cilene, esclarecendo que parte do benefício fica com a instituição e entra na composição dos 60% que ajudam a custear a manutenção da entidade. Outra fonte de renda são aluguéis de imóveis doados à instituição, além da venda de imóveis. Há pouco tempo, a entidade vendeu a antiga sede, na área central da cidade. O dinheiro está sendo usado na manutenção da entidade.

Cuidadores
“Nós incentivamos nossos cuidadores a se capacitar e especializar no atendimento ao idoso”, revela Cilene, “para trabalhar aqui, a pessoa tem que ter mais um pouco de amor, carinho e paciência. Eles, os cuidadores, sempre passam por reciclagem, em todos os setores; o atendimento não pode cair. Se notamos que acontece algo, a gente vai e pergunta o que tá acontecendo”. A gerente, que trabalha no lar há cinco anos, afirma que atuar na instituição é uma experiência marcante e emocionante.

Texto: Marco Antônio
Fotos: Maíra Moraes