quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Agricultura mostra força e inicia reação

Um dos pilares da economia nacional, setor agrícola deve crescer em 2017

Safra de grãos deve crescer este ano


          Há décadas as pessoas ouvem a frase: O Brasil é o celeiro do mundo. A extensão territorial, a qualidade de nossas terras e o clima contribuem para que a produção agrícola brasileira se mantenha entre as maiores do mundo.
          Mesmo com as idas e vindas da economia nacional, a agricultura sempre colaborou para que as crises passassem. Mesmo neste momento difícil – com a recessão que provocou quedas de emprego até neste setor – a força do campo mais uma vez reage e começa a mostrar sinais de recuperação. A boa nova é que as projeções indicam que uma super fafra vem por aí.
A safra brasileira de grãos deve avançar 16,1% este ano em relação a 2016, para 213,7 milhões de toneladas, estimou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no terceiro prognóstico para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2017. Todas as regiões devem ter aumentos na produção neste ano, segundo o instituto: Norte (13,4%), Nordeste (73%), Sudeste (11,1%), Sul (5,8%) e Centro-Oeste (20,5%).
As principais influências desses aumentos são a alta de 9,6% na estimativa de produção da soja (9,2 milhões de toneladas a mais que a safra de 2016) e de 31% na produção de milho (19,6 milhões de toneladas a mais que em 2016).
O arroz, o milho e a soja representaram 92,2% da estimativa da produção e responderam por 87,8% da área a ser colhida. Em relação a 2015, houve recuos na produção da soja (-1,8%), do arroz (-14,0%) e do milho (-25,7%).
Para 2016, a distribuição regional da produção de grão foi a seguinte: Centro-Oeste, 75,1 milhões de toneladas; Sul, 73 milhões de toneladas; Sudeste, 19,6 milhões de toneladas; Nordeste, 9,5 milhões de toneladas e Norte, 6,7 milhões de toneladas.
Em relação à safra passada, houve redução de 2,1% no Sudeste, de 12,5% no Norte, de 42% no Nordeste, de 16,3% no Centro-Oeste e de 3,6% no Sul. Nessa avaliação para 2016, o Mato Grosso foi o maior produtor nacional de grãos, com participação de 23,9% no total do país, seguido pelo Paraná (19%) e Rio Grande do Sul (17,3%). Somados, esses três estados representaram 60,2 % do total nacional, segundo o IBGE.

Área plantada
Com dimensões continentais, o Brasil tem 72 303 327 hectares de terra cultivados, segundo o IBGE. Os dados são relativos a junho de 2016 e representam uma leve diminuição na área plantada (-0,2%) em relação a maio do ano passado, quando foram contabilizados 72 482 079 hectares.
          A soja, um dos principais produtos (comodities) das exportações brasileiras, é de longe o grão mais cultivado, com 33 021 828 hectares, apresentando uma variação positiva de 0,1% em relação ao mês de maio. Já o milho, o segundo grão mais plantado, caiu de 15.450.679 ha em maio para 15.326.098 hectares em junho de 2016, com uma redução de 0,8% na área cultivada.
         
Região
          Na área do Escritório de Desenvolvimento Rural de Itapetininga, o milho é o produto mais cultivado, de acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão ligado à Secretaria de Agricultura do Estado. Em 2015, o IEA apontou que haviam mais de 50 mil hectares dessa cultura na Região, com uma produção de 5.157.300 sacas de 60 kg cada, a soja, por sua vez, ocupava  uma área de 28.350 hectares, com uma produção de quase 1,5 milhão de sacas de 60 kg. A Região conta também com o milho Safrinha (plantado no começo do ano) com 13,5 mil hectares e produção de pouco mais de 1 milhão de sacas. A cana de açúcar para a indústria ocupa uma área de 42 mil hectares, com uma produção de mais de 3,5 milhões de toneladas. Outra cultura forte na Região é a laranja, com mais de 8,7 mil hectares e uma produção de mais de 21,4 milhões de caixas de 40,8 kg.

Produtor
Para o produtor rural Rogério Barretti, de Itapetininga, “a Safra Nacional segue um crescimento regular, apesar das variações de cambio e do mercado internacional, mesmo no auge da crise tivemos um crescimento razoável, o produtor que esta capitalizado continua trabalhando normalmente, o que ocorre é que com a crise se prolongando ele terá que se programar para uma reserva de capital com mais peso, a expectativa é que a economia se mantenha e deixe de  encolher, mas isso está mais para o segundo semestre de 2017”.
Para ele, a safra regional deve manter “a predominância da soja sobre o milho na cultura da região, como em todo o país para a safra de verão, os preços sofreram leve queda como de costume, mas a expectativa é que se recupere ao longo da colheita que já está se iniciando. Com certeza haverá aumento de produção em relação a safra anterior, mas não tão significativo assim, o crédito rural foi bastante prejudicado e aumentaram as exigências e burocracia para consegui-lo. Quanto ao preço da dava de soja ele continua favorável em relação ao milho”.
Ele acredita que uma safra recorde contribui para melhorar a economia: “o PIB agrícola é fundamental para equilibrar a economia, se o governo desse suporte ao setor logístico seria ainda melhor. Uma safra volumosa gera empregos, gera fluxo no mercado de máquinas e veículos, mesmo com os contratempos que o produtor sofre hoje em relação à falta de suporte do governo, sempre será positivo para o país. Vale a pena investir no agronegócio para que o pais retome mais rapidamente sua posição de destaque na economia global”. Veja matéria completa na revista Hadar.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

DPVAT pode ser pago até o dia 27

Seguro obrigatório está 37% mais barato


          A partir desta segunda, 23, e até a próxima sexta, 27, os proprietários de veículos automotores podem pagar o DPVAT, o seguro obrigatório para indenizar vítimas de acidentes de trânsito, que pode ser pago junto com a primeira parcela ou a parcela única do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Este ano, o seguro está 37% mais barato. A redução se deve, segundo especialistas, à diminuição no número de acidentes, devido ao reajuste das multas, maior número de pontos na carteira e, claro, ao maior cuidado dos motoristas.
Para alívio dos proprietários, o valor do seguro caiu bastante em alguns casos. Para motos, por exemplo, o seguro era de R$ 286,75 e agora caiu para R$ 180,65. No caso dos automóveis, passou de R$ 101,10 para R$ 63,69 e para caminhões e utilitários (picapes), de R$ 105,81 para R$ 66,66.

Como pagar
O boleto do DPVAT não é entregue em casa, como ocorre com o boleto do IPVA. Portanto, é preciso acessar ao site da Seguradora Líder, responsável pela administração do seguro, e imprimir o boleto. O usuário precisa do CPF e dos números do Renavam e da placa do veículo para ter acesso ao boleto, que pode ser pago no Banco do Brasil, Bancoob, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander ou no Sicredi. As datas de vencimento do seguro DPVAT e do IPVA acompanham os números finais da placa do veículo.
Confira os  finais de placa e data:
1 e 2 - 23 de janeiro
3 e 4 - 24 de janeiro
5 e 6 - 25 de janeiro
7 e 8 - 26 de janeiro
9 e 0- 27 de janeiro


O que é DPVAT
DPVAT é o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, é o "Seguro Obrigatório" que é pago anualmente junto com a primeira parcela do IPVA, ou na Cota Única. O pagamento do DPVAT garante a indenização em caso de acidente de trânsito que resulte em morte ou invalidez permanente e o reembolso de despesas médicas e hospitalares devidamente comprovadas.
A obrigatoriedade do seguro é mantida pela Lei n°11.482/07, para que as vítimas de acidente de trânsito em território nacional fiquem amparadas - sejam motoristas, passageiros ou pedestres - independente de quem seja o culpado.
A administradora do DPVAT é a Seguradora Líder, que orienta os cidadãos através do site na internet ou da linha telefônica SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente).
Para solicitar indenização, não é necessário intermediários. A própria vítima de acidente de trânsito (ou um familiar) poderá dirigir-se a uma Companhia Seguradora e apresentar os documentos (boletim de ocorrência policial, certidão de óbito, relatório médico, comprovação de gastos médicos etc.) conforme o tipo de acidente.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Breno Ruiz fala sobre música, trabalho e identidade cultural

Músico se diz especialista em canções


No próximo dia 5 de fevereiro, no Auditório Ibirapuera -  sala Oscar Niemeyer – o músico Breno Ruiz (foto) lança oficialmente seu CD Cantilenas Brasileiras. O evento está programado para acontecer a partir das 19 horas. O espetáculo será realizado um dia depois de Breno completar 34 anos. Um belo presente de aniversário!
Fruto de uma parceria com o poeta carioca Paulo César Pinheiro, o CD levou 12 anos para se tornar realidade e já é considerado um trabalho histórico e que tem recebido críticas positivas da imprensa. O jornal O Globo, por exemplo, afirma que Breno Ruiz hoje é referência entre os músicos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Nesta entrevista ao Marconews, Breno fala de sua vida, música, trabalho e identidade cultural. Com vocês, Breno Ruiz.

Marconews - Conte um pouco de sua história. Como se interessou pelas artes, em especial a música?  Quais instrumentos você toca? Você compõe também?
Breno Ruiz - Sou compositor popular, toco um pouco de piano, e arranho um pouco de acordeon, mas não me considero pianista. acordeonista ainda menos. Toco o suficiente para defender honestamente a música que faço, para servi-la da melhor maneira. Pianista é o ofício de quem dedica uma vida ao estudo do instrumento e ao aperfeiçoamento de uma técnica de execução perfeita e elaborada. No meu caso, embora eu tenha estudado (um pequeno período, durante minha infância, com a Vasti, em Itapetininga, e depois em Tatuí), meu lado instrumentista vive a serviço da canção. Como criador, me interesso muito mais por buscar e aperfeiçoar, dentro do processo composicional, caminhos que sugiram afetos, emoções, e que sintetizem uma linguagem e uma comunicação não verbal.  É meio difícil de explicar, mas a minha praia é mais essa, por isso não me considero pianista. A Chiquinha Gonzaga, entendendo bem sua praia, se dizia “pianeira” sempre que a chamavam de pianista...  No mais, não sei como a música surgiu na minha vida; sei que ela sempre esteve presente e eu, desde muito cedo, sempre me dei muito bem com ela.
Marconews - Por que decidiu seguir a sua profissão? Sua família, teve influência na sua decisão? Hoje você atua na área?
Breno Ruiz - Não tive um momento de escolha. Tive a música. Só isso. Fui muito incentivado por meus pais, que também teriam me incentivado se eu tivesse escolhido outra carreira (como mais recentemente, quando quis estudar Medicina, e depois Psicologia). Mas aqueles a quem considero família, para além dos meus pais, sempre foram reticentes. Sempre temeram pelas incertezas do caminho artístico, tão estigmatizado desde sempre, também. Como se nos dias de hoje, ser concursado ou funcionário público, ou qualquer coisa que garanta o status de “um bom emprego”, uma vida tranquila e confortável, tenha, de fato, alguma garantia... Um dia, meu amigo querido, Pedro Ozi, me chamou a atenção para um fato. Quando decidi prestar vestibular pra Medicina, muita gente vinha me perguntar (alguns afirmavam, inclusive, e até me parabenizavam por isso) se eu fazia aquela opção pra ter estabilidade financeira e, portanto, um futuro mais “certo”, uma carreira menos incerta do que aquela que a Música me proporcionaria. O Pedro tirou da cartola uma máxima que desde então carrego comigo: “Breno, até a Física se serve de um Princípio da Incerteza, que dirá a vida humana!”. Depois disso, sempre que estou em algum tipo de apuro, e que o mundo a minha volta soa em uníssono aquele monocórdio “vida de artista”, eu lembro que tenho a meu favor ninguém menos que Heisenberg, Nota da redação: o músico se refere ao físico alemão Werner Karl Heisenberg, que recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1932 pela criação da mecânica quântica. Em seus estudos, Heisenberg também apresentou o Princípo da Incerteza.
Marconews - Como é viver de música em uma cidade como Itapetininga, ou mesmo no Brasil? Na sua opinião, o que precisa melhorar na cidade nesta área?
Breno Ruiz - Essa é uma pergunta que não gosto nunca de responder, e nem sei se é possível respondê-la, porque existem inúmeras formas para se viver de música. Um produtor cultural pode viver de arte e cultura sem ser artista; pode viver de música, inclusive, sem ser músico – aliás, esse perfil existe aos montes em todos os cantos. E esse exemplo se desdobra de milhares de formas diferentes. Viver de música no interior ou em qualquer outro lugar depende do que aquele que pretende viver de música espera para si e para o próprio futuro. Em Itapetininga há gente vivendo de música, cada um a seu modo, mas vivendo de música muito antes de mim, e está na ativa, até hoje. Citar os colegas, que eu poderia, seria um tanto injusto, porque são muitas as pessoas presentes na cena. Então, falar de um e não falar de outro não seria legal. Penso que boa parte das pessoas que trabalham nessa área, acabam ganhando a vida no mercado de entretenimento. O mundo do entretenimento é uma das maneiras de se ganhar a vida. Numa cidade pequena, isso esbarra em quem toca em casamentos, faz baile, etc, etc. Numa cidade grande isso se desdobra e gera empresas do mundo do entretenimento, empresas de seresta, por exemplo, ou numa escala muito maior (e bastante questionável), esbarra naquilo que costumou-se chamar de indústria fonográfica. Entretanto, em cidades como Itapetininga, e tantas outras, sempre haverá aquele que vai defender seu ofício transmitindo-o aos outros. São professores de música, entusiastas culturais sinceros, regentes e organizadores de bandas, gente que faz sarau, violeiros, sanfoneiros, cantores, cantadores, e por aí vai. No caso dessas pessoas, especialmente, penso que qualquer gestão deveria olhar pro trabalho delas com muito mais cuidado. Essas pessoas estão, antes de mais nada, assegurando uma identidade para sua população, para sua sociedade. Estão garantindo que a História não se perca. Estão contribuindo para que linguagens não se percam. Isso deveria ser tratado como algo vital. Faz parte da saúde de qualquer sociedade, de qualquer cultura.
Breno e outros músicos na reinauguração
do autidório da Prefeitura de Itapetininga

Marconews - Quais são as dificuldades em trabalhar em uma área pouco valorizada? Você já se sentiu discriminado?
Breno Ruiz - Pergunte aos médicos cubanos se eles se sentiram discriminados no Brasil. E pergunte aos médicos brasileiros sobre o que pensaram (e pensam) quando o governo assumiu a posição de trazê-los para cá. A despeito da discussão sobre esse tema, que não nos interessa aqui, o que quero com essa imagem é constatar que todo mundo, alguma vez na vida, já enfrentou ou vai enfrentar algum tipo de discriminação. Vai se sentir desvalorizado em algum momento da vida. A Arte, de um modo geral, e especialmente a Música, é, sim, estigmatizada no Brasil. A sua segunda pergunta, neste item, reforça o juízo que já está presente na primeira. É um juízo amplamente difundido no senso comum que a arte seja pouco valorizada, o que não quer dizer que seja falso. Mas você sabe quanto custa uma obra como o Abapurú, ou quanto é o cachê do Nelson Freire? Claro, alguém vai falar que o cachê do pianista que eu citei é pequeno perto daqueles artistas de empreendimentos sertanejos, por exemplo. Mas são duas coisas distintas: O Nelson é um artista, de fato; os outros são talentosos exploradores do mercado de entretenimento. Não convém confundir bife à milanesa com bife ali na mesa, né? Esse “pouco valorizado” existe dentro de um contexto de alta complexidade e que tem incontáveis variáveis que precisariam ser consideradas, uma a uma, dentro do mesmo contexto, para se chegar, de fato, a uma conclusão. O que a gente está entendendo por pouco valorizado? Existe dentro da psicologia comportamental aquela velha ideia de reforço. E o reforço pode ser positivo ou negativo. Quando se deseja extinguir um determinado comportamento, dentro desse ponto de vista (que nem é o que eu mais gosto), é necessário que se elimine os elementos que reforçam a permanência do tal comportamento. Aquele velho “gelo” que a criança dá na outra, quando a outra faz alguma coisa que não convém à primeira, vai um pouco nesse sentido. Falar que já me senti discriminado, pode denunciar, sim, uma cena hostil à minha profissão. Mas tenho tido, ao longo da minha vida, inúmeros outros exemplos bem-sucedidos e esse recorte deveria ser melhor explorado. Fazer um show autoral para 800 pessoas dentro do Auditório do Ibirapuera, sem ser um nome popular, e ser aplaudido em pé, ou fazer um sarau pra dez pessoas na sala de casa, onde, ao final, todos se emocionam e melhoram a qualidade de sua experiência no mundo, não são exemplos de valorização? Garanto que não há juiz de direito, em tempo atual, que não esteja sendo discriminado por parte generosa da população; garanto que outra parte generosa da população também está se sentindo discriminada pelos motivos que lhes são pertinentes; garanto que não há médico psiquiatra que já não tenha se sentido discriminado por alguém da psicologia ou, mesmo, o contrário disso. Tudo existe dentro de um contexto. O que acontece com a arte, e a música, em especial, é reflexo de algo muito maior. Se valorizássemos a “Educação”, exclusivamente, a Educação, todas as outras coisas seriam valorizadas por consequência. Refletiria na saúde, na segurança, na política, na infraestrutura, e a arte, finalmente, cumpriria seu papel de não ter que ter um papel definido e ser apenas um objeto de experiência estética, de contemplação e ócio, um objeto ligado à transcendência humana. Falar que já me senti discriminado, me serve só para a experiência terapêutica de partilhar um tipo de sofrimento pessoal (e nem por isso irreal) com outras pessoas que têm em comum outras tantas experiências frustradas na própria área, experiências de não se sentirem valorizadas. Isso não muda o mundo, não melhora nada, do ponto de vista da coletividade, não se transforma num legado...
Marconews - Vc está lançando seu primeiro CD, fruto de uma parceria com o poeta Paulo César Pinheiro. Por que este trabalho levou mais de 10 anos para ficar pronto? Como está sendo a repercussão?
Breno Ruiz - O trabalho levou doze anos para ficar pronto. Aconteceu, principalmente, porque eu levei esse tempo para amadurecer o suficiente de modo que eu pudesse dar conta desse trabalho. Meu tempo é caymminiano. E tem outra. Não tinha recurso para fazê-lo. Há quem goste de fazer financiamento coletivo, projeto de lei, etc, etc... Eu não tenho tino para isso. No caso do financiamento coletivo, nem sei se sou favorável à ideia. Tenho vários senões que também não cabem aqui. Não acho errado, só não serve para mim, ao menos nesse momento. Sobre a repercussão do trabalho, tem sido muito positiva. Alguns críticos têm considerado o trabalho “histórico”. Se é histórico ou não, o tempo e a história é que irão julgar.
Marconews - Você está lançando um trabalho centralizado em MPB. Como você avalia o mercado de arte, principalmente música, atualmente? Há perspectiva de crescimento?
Brenno Ruiz - A sigla MPB surgiu com o nome do grupo MPB4, e virou sinônimo de muita coisa boa e muita coisa ruim, também. Hoje qualquer coisa do tipo Ana Carolina é MPB. Essa sigla não é a mais adequada à minha música. Prefiro não botar rótulo nas coisas. Faço música brasileira, só isso. Minha música é ligada às raízes da nossa cultura, é ligada, de certa forma a nossa identidade. O mercado? Acho que é melhor você perguntar para empresários, produtores, etc. Tem muita gente a fim de ganhar dinheiro, muito dinheiro, enriquecer com música. O Jacob do Bandolim era escrivão, trabalhava entre policiais, e não admitia a ideia de músico “profissional”. Toda turma que o acompanhava tinha seu ganha pão fora da música. A ideia era não macular o ofício, o sagrado ofício de ser artista. Embora eu viva de música, como um Saddhu (espécie de monge andarilho hindu) vive dos pratos que lhe ofertam, o meu papel e fazê-la. Não sou alienado, do ponto de vista dos direitos da minha profissão, mas falar sobre mercado entre músicos é coisa que tem se tornado uma grande especulação que ocorre em detrimento da qualidade artística. Muitos têm se transformado em especialistas de mercado. A minha especialidade é a canção. É o acorde bonito que vai me fazer rir ou chorar, e vai inspirar o afeto do meu parceiro que então colocará sua poesia a disposição de outras pessoas, conversando alma com alma. A música para mim, se dá na sala da minha casa, na rua, no boteco, até no mercado, em qualquer lugar. Mas essa discussão sobre mercado fonográfico, ainda que eu me faça parecer alienado, não me interessa. Se o mercado falir, eu vou dar aula, vou engraxar sapato, vou vender côco na praia para viver, mas vou continuar legando a minha obra, as minhas canções, que serão, no futuro, ao lado de todos os artistas que trabalham hoje, a arqueologia da nossa cultura, uma contribuição pra história na qual estamos inseridos, fazemos parte e que estamos construindo eternamente, uns com mais consciência, outros com menor consciência, e alguns, de modo totalmente inconsciente.
Marconews - Muitos avaliam que alguns gêneros musicais correm o risco de desaparecer, como por exemplo o Chorinho e o Cururu. Como você avalia esta situação?
Breno Ruiz - É disso que estou falando quando digo que o que me interessa é a música, mais do que o mercado, a música brasileira. Não sou bom em História, embora essa ciência me encante. Não me lembro qual foi o povoado grego que, uns 20 anos após uma grande contenda, perdeu a própria língua, esqueceu a própria língua! Isso é uma coisa muito séria, nos parece distante, mas não é. Embora língua e linguagem sejam coisas distintas, expressões como o Choro ou o Cururu são linguagens musicais que nos trazem identidade. Nos identificam como pessoas, pois são as guardiãs das nossas origens. Só faz sentido ser brasileiro, paulista, itapetiningano porque algo nos identifica com esse local. Não sou antropólogo, sociólogo, psicólogo nem nada disso. Mas imagine que amanhã ou depois você entra em depressão, numa depressão profunda. Nesse estado, o sujeito perde o interesse por tudo que despertava sua atenção anteriormente. Se gostava de um tipo de música, deixa de gostar; se gostava de passeio, deixa de gostar; se gostava de fazer jardim, deixa de gostar. A música, o passeio e o jardim, constituíam significado à vida do sujeito. Do dia para noite, tudo aquilo perde o sentido. E a própria vida do sujeito acaba por perder o sentido. Guardadas as devidas proporções, se as raízes daquilo que nos confere significado à existência, dentro de um determinado local ou grupo forem perdidas, não saberemos mais quem somos, e as implicações e consequências disso no mundo pragmático são profundamente drásticas e perigosas. Não me considero conservador, pelo contrário. Mas tomo como exemplo a fala do grande Ariano Suassuna. Certa ocasião ele disse algo mais ou menos assim “houve um tempo em que se os EUA quisessem conquistar o território alheio, eles mandavam tropas para lá; hoje, eles mandam a música do Michael Jackson e da Madonna”. Nada contra os dois, mas a fala do mestre Suassuna sintetiza brilhantemente o que quero dizer e faz pensar. Particularmente, não acredito na extinção de gêneros como o Choro ou o Cururu. Sempre haverá um guardião dessa linguagem, que a história se encarregará de ressuscitar. Mas é importante que haja o fortalecimento dessa linguagem. Esse discurso de ter vergonha de ser brasileiro faz sobrar rebarbas para todos os cantos, inclusive para aqueles que, tenho certeza, nenhum de nós gostaríamos que sobrasse. A música brasileira é de altíssimo nível criativo e sempre foi nosso maior cartão postal, nosso maior cartão de visitas. É preciso que se fortaleça o que há de melhor aqui, antes que a gente acabe como aquele povoado grego que esqueceu a própria língua e perdeu a identidade

Quem é Breno Ruiz
Nascido em 1983 na cidade de Sorocaba, mudou-se imediatamente para a vizinha Itapetininga, onde conheceu seu ofício e vocação. Aos quatro anos já tocava piano, aos dez animava os bailes do clube local ao lado de um regional de choro e, a partir dos 15, já compunha com parceiros como Rafael e Rita Alterio, Cristina Saraiva, Sergio Natureza e Paulo Cesar Pinheiro – este, seu parceiro mais constante. Tem sido, desde então, gravado por parceiros e intérpretes como Tetê Espíndola, Renato Braz, Maogani, Celso Viáfora, Cristina Saraiva, Rafael Alterio, MPB4, entre outros. Como pianista e arranjador, gravou com o grupo Garimpo e produziu os arranjos para o CD Terra Brasileira, da compositora Cristina Saraiva.

Texto: Marco Antônio
Fotos: João Francisco

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Ginásio Mário Carlos tem projeto readequado

Reforma começou há mais de quatro anos e está parada

O ginásio está abandonado


          Uma das heranças e um grande desafio para a prefeita Simone Marquetto será a retomada das obras de reforma do Ginásio de Esportes Mário Carlos Martins, instalado na área central da cidade. Iniciadas na administração de Roberto Ramalho (eleito também pelo PMDB), as obras foram paralisadas em 2012 porque, de acordo com o ex-secretário de Esportes, Osmar Thibes Júnior, a empresa vencedora da licitação abandonou a obra “e a segunda colocada não quis fazer pelo mesmo valor”, contou o ex-secretário, que esteve à frente da pasta desde julho de 2014 até dezembro de 2016, já na administração Hiram Jr. Durante a campanha do ano passado, a Prefeitura chegou a realizar a limpeza na frente do prédio, mas o trabalhou parou nisso.
          Em janeiro de 2015, Thibes esteve visitando o ginásio acompanhado do então prefeito Luiz Di Fiori (PSDB). Na ocasião, o secretário garantiu que as obras do Mário Carlos e do ginásio Ayrton Senna (Vila Barth) seriam concluídas ainda no primeiro semestre daquele ano, com investimento de R$ 1 milhão.
          Dois anos depois, o Ayrton Senna passou por uma reforma para adequá-lo às normas de segurança do Corpo de Bombeiros, além de atender exigências da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e de instituições como a Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol) e Confederação Brasileira de Futsal. O ginásio, inclusive, já sediou jogos da Supercopa de vôlei e da Liga Paulista de Futsal, com a presença do jogador Falcão. Já o Mário Carlos continua esquecido e o mato já começa a tomar conta de tudo.

Prefeitura diz que já tem novo projeto
Em nota encaminhada à redação, a Prefeitura de Itapetininga informou que o Secretário de Obras, Ado Albuquerque, fez a entrega do projeto readequado do Ginásio Mário Carlos Martins na última terça-feira (03) ao setor de engenharia da Caixa Econômica Federal. Será feito um novo processo licitatório devido a desistência da empresa vencedora da licitação anterior. Ainda de acordo com a secretaria, o recurso deverá ser conseguido por meio de emenda parlamentar do Governo Federal com repasse da Caixa Econômica Federal. Há projeto de implantação de escolinhas esportivas de várias modalidades.

Texto e fotos: Marco Antônio

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

EUA sob a presidência de Trump: a incógnita dos próximos anos

Incertezas marcam os primeiros meses de Donald Trump como presidente

Donald Trump cumprimenta Barack Obama durante visita à Casa Branca


          Se a vitória do bilionário Donald Trump nas eleições norte-americanas pegou muita gente de surpresa, o seu governo à frente da maior potência do planeta pode ser uma verdadeira caixinha de surpresas, ou pior: pode ser uma caixa de Pandora, da qual, segundo a lenda, só saem coisas ruins. A partir do dia 20 deste mês, quando o bilionário tomar posse, saberemos que tipo de surpresas nos aguardam.
          Mas é importante frisar que Trump pode ser tudo, menos bobo. Seu discurso após ter sido eleito já mostrou um tom mais ameno. E ele sabe que não governará sozinho e que tem enormes desafios em seu caminho.
          Mas Trump é impetuoso, um típico homem de negócios habituado a ter o que quer e dizer o que pensa. Mas comandar uma empresa privada é muito diferente de governar uma nação. O presidente eleito já avisou que pretende rever o acordo comercial com os países do Oceano Pacífico e já recebeu críticas; também pretende rever a aproximação com Cuba e, mais recentemente, cutucou a China com vara curta ao conversar com a presidente de Taiwan – que deseja a independência em relação aos chineses – e criticou a política cambial chinesa em uma rede social. Uma atitude não muito sábia, já que a economia chinesa é uma séria candidata a ultrapassar a americana.
          Para nós, brasileiros, resta a expectativa sobre os primeiros passos do futuro governo. Se o Fed – o banco central americano – vai manter os juros atrativos para investidores ou abaixá-los. Um dólar forte em relação ao real contribui para as exportações brasileiras e isto, sem dúvida nenhuma, é muito bom para o Brasil. Em um momento de crise igual ao que atravessamos, manter um saldo comercial positivo é muito importante. O saldo da balança comercial brasileira em novembro foi de quase U$ 4,76 bi. E o acumulado no período de 12 meses, entre dezembro de 2015 e novembro de 2016, supera os US$ 49 bilhões.
          Este resultado comprova o bom desempenho da balança comercial brasileira este ano. De janeiro a agosto, por exemplo, o superávit comercial brasileiro foi de US$ 32,37 bilhões, o melhor resultado em 28 anos.
Apesar das projeções e de um esboço de recuperação na produção industrial, a crise está longe de acabar e o PIB brasileiro vem sendo revisado pra baixo. E mesmo a indústria que esboça reação também sofre pequeno recuo. Em novembro último, por exemplo, as vendas de veículos caíram mais de 8% no país e a tendência de queda continua.
Mas, se cada um fizer a sua parte – principalmente os governos, em todas as esferas – a crise será vencida. E a recuperação pode começar já neste ano de 2017
Resta saber agora se o mundo manterá um mínimo de equilíbrio e bom senso, já que a extrema direita avança em alguns dos principais países da Europa, ameaçando a própria existente do bloco de nações que formam a União Europeia. Dependendo do rumo das coisas, o cenário internacional pode se complicar e isto talvez afete a recuperação brasileira, mas nada que assuste quem já enfrentou outras crises.

Texto: Marco Antônio
Foto: Agência Reuters

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Primeira prefeita eleita de Itapetininga, Simone assume administração

“Vocês terão orgulho de mim”, declarou prefeita em seu discurso
Prefeita Simone (ao centro) e secretários


          Primeira mulher a ser eleita prefeita de Itapetininga, Simone Marquetto (PMDB) tomou posse oficialmente na tarde deste domingo, 1º de janeiro, em cerimônia realizada na Câmara do Município. Em seguida, nos jardins do Paço Municipal, foi realizado outro evento para a transmissão do cargo. Coube à ex-presidente do Legislativo e candidata a vice na chapa do ex-prefeito Hiram Junior, a médica Maria Lucia Haidar, transmitir o cargo para Simone. O prefeito não apareceu. Ao final de seu discurso, a prefeita fez questão de cumprimentar Maria Lúcia, frisando que agora selava a paz na política. “Fomos concorrentes, mas não somos inimigas. Gostaria que a população visse que a política de Itapetininga agora vai ser de união”, afirmou Simone.
          A prefeita se emocionou várias vezes durante seu pronunciamento, como na hora que lembrou o apoio das crianças, que a chama de Tia Simone, e que “ainda hoje me mandam fotos e vídeos” e no momento em que lembrou da família e dos pais. Com um secretariado composto por muitas mulheres, ela afirmou que vai “dar um toque feminino na Prefeitura” e destacou que muito trabalho está por vir. “Sei que vocês já estão trabalhando muito”, observou a prefeita.
          Simone lembrou que, em fevereiro de 2014, preparava-se, junto com sua equipe, para fazer uma transmissão em alta definição (HD) do Paço Municipal, quando uma senhora a abordou e teria lhe pedido: “Simone, cuida de Itapetininga”. “Eu estava em uma sala ao lado da sala do prefeito e disse para a minha equipe que um dia eu seria prefeita de Itapetininga”. Ao encerrar, ela afirmou que “com a mesma certeza que tinha quando disse que seria prefeita, eu digo a vocês que vocês irão se orgulhar de mim”.
          Entre suas prioridades estão a saúde e a educação. “Quero que minha filha estude na rede municipal”, declarou a prefeita, “eu não tenho plano de saúde, se ficar doente vou ao Hospital Regional. Temos que entender que o serviço público tem de fazer o melhor para a população e por isso temos de fazer o nosso melhor para ter um serviço público de qualidade”, disse Simone.
          Embora seja a primeira mulher eleita para ocupar a cadeira de prefeito no município, Simone não é a primeira a ficar à frente do Poder Executivo. A professora Juliana Fabiano Alves, eleita vice-prefeita, assumiu o Executivo entre 1963 e 1964, quando o então prefeito José Ozi ocupou uma vaga na Assembléia Legislativa.

Como foi a posse
A cerimônia na Câmara de Itapetininga começou pouco depois das 16h. Durante o primeiro discurso como prefeita de Itapetininga, Simone agradeceu os eleitores, falou sobre buscar metas para 2017, disse que pretende trabalhar em conjunto com o Legislativo e chegou a ler um trecho do hino do município. Depois da cerimônia na Câmara, ela realizou um discurso em frente à Prefeitura.
Além de Simone, assumiram o vice-prefeito Coronel Pintor (PDT) e os 19 vereadores eleitos. Desses, apenas seis foram reeleitos. O vereador Etson Brun (Rede) foi escolhido como presidente do Legislativo com 13 votos. Ele é um dos seis reeleitos para a nova gestão.
Tatuí
A prefeita Maria José Gonzaga (PSDB) tomou posse pela manhã, também na Câmara local. Durante a solenidade, os 17 vereadores do município, a prefeita e o vice-prefeito Luiz Paulo (PSDB) fizeram juramentos, assinaram o livro de presença e discursaram. Maria José Gonzaga falou por cerca de 20 minutos. Ela agradeceu os eleitores e pediu união entre os poderes Executivo e Legislativo na nova gestão. Houve a votação para o presidente da Câmara, e o vereador Junior Vaz (PSDB) foi eleito o presidente com 12 votos. O parlamentar foi o 10° candidato mais votado nas eleições, com 1.087 votos. A cerimônia de posse em Tatuí durou cerca de duas horas, terminando às 12h30.

Foto: Amaury Filho