domingo, 24 de março de 2013

Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa


A comunidade católica de Itapetininga inicia neste Domingo de Ramos as comemorações da Semana Santa, que lembra a Paixão e Morte de Jesus Cristo, assim como a sua Ressureição no próximo domingo, quando é comemorada a Páscoa.
As comemorações começaram logo cedo, às 7h30, com missa e procissão de ramos, celebrada pelo padre Lorival de Oliveira Pedro na capela do Instituto Imaculada Conceição.
Logo mais, a partir das 18h30, haverá benão de ramos e procissão, sainda da praça Peixoto Gomide (em frente ao Fórum Velho) e seguindo até a Matriz de Nossa Senhora das Estrelas, onde haverá missa.
Nesta segunda, haverá missa e via-sacra nas ruas do entorno da Matriz, a partir das 19 horas. Na terça-feira, haverá missa e celebração penitencial, a partir das 19 horas, também na Matriz de Nossa Senhora das Estrelas.
Na quarta, a partir das 19h30, na Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres, haverá a Missa dos Santos Óleos.
 
Tríduo Pascal
Na Quinta-Feira Santa, dia 28, acontece a Santa Missa da Ceia do Senhor, com a cerimônia do Lava-pés, a partir das 20 horas, na Matriz das Estrelas, com transladação do Santíssimo Sacramento ao Salão Paroquial, onde haverá adoração até a meia-noite, com a participação de integrantes de movimentos religiosos e a população em geral.
Na Sexta-Feira Santa, dia de jejum, continua a adoração ao Santíssimo Sacramento, a partir das cinco da manhã e até as 14 horas. Depois haverá via-sacra e leitura da Paixão e Morte de Jesus Cristo, com adoração da Santa Cruz e Comunhão, as 15 horas.
À noite, a partir das 19 horas, haverá a Procissão do Senhor Morto pelas ruas da cidade. no Sábado Santo, dia 30, acontece a Vigília Pascal, às 20 horas, na Matriz das Estrelas, com a participação de toda a comunidade.
As comemorações da páscoa começam cedo no domingo, dia da Ressureição do Senhor. háverá missa na Matriz das Estrelas às cinco horas, seguida de café da manhã especial de páscoa, que será servido no salão paroquial. A programação inclui missas durante todo o dia, incluindo o Instituto Imaculada Conceição (7h30), comunidade São José (9 horas), Igreja Matriz de Nossa Senhora das Estrelas (11 horas e 19 horas) e comunidade São Caetano (17 horas). Também haverá um batismo, na Matriz das Estrelas, as nove horas.
 
Doação
A Matriz das Estrelas está recebendo a doação de ovos de páscoa (unidade de 100 g) que serão entregues à famílias assistidas pela comunidade. Quem quiser colaborar pode deixar sua doação na secretaria da igreja.

quinta-feira, 14 de março de 2013

“O Crack me quebrou”, conta ex-dependente




O servente Júlio César Campos
Aos 30 anos e pai de três filhos (dois meninos, de 11 e nove anos e uma menina de seis), o servente Júlio César da Silva Campos passou dez anos bebendo e usando drogas, principalmente o crack. A dependência química o levou a separa-se da família e a morar nas ruas. Com vergonha dos filhos, escondia-se para que eles não o vissem. Caçula de sete irmãos, viu três deles perderem a vida por causa da droga; uma quarta irmã também envolveu-se com o tráfico de entorpecentes e acabou presa, saindo recentemente da cadeia.
            Depois de chegar ao fundo do poço e ficar acordado durante dias, vagando pelas ruas, inclusive da Capital, Campos conheceu a Casa Luz, instituição que acolhe moradores de rua em Itapetininga. Depois de ficar um ano no local, o servente saiu em dezembro do ano passado, arrumou emprego registrado (pela primeira vez na vida) e tem esperança de reconstruir a vida. Atualmente, já visita e passa tempo com os filhos, para quem é um herói. Ele ainda auxilia outros moradores da Casa Luz, aconselhando e dando testemunho de vida.
 
Início
Júlio César posa junto aos tijolos ecológicos
que aprendeu a fazer durante sua estada na Casa Luz
            “Comecei a beber cerveja aos 19 anos, quando ainda era namorado da minha esposa”, conta o servente. Da cerveja para o álcool (pinga) foi um passo e daí para a maconha, “apresentada” por amigos. Depois, conheceu a “farinha” (cocaína), passando a cheirar thiner e, finalmente, o crack. “Aí, quebrou tudo”, lembra o servente, que perdeu a mãe aos seis meses de vida e foi criado por uma tia.
            “Eu fazia de tudo um pouco como servente. Recebia toda a sexta-feira e ia para o bar, beber. Os amigos chegavam e perguntavam se eu queria ir cheirar crack. Eu ia e, enquanto tinha dinheiro, ficava lá. Chegava em casa e minha mulher perguntava do dinheiro; aí a gente brigava. Eu dizia que tinha bebido, mas na verdade tinha fumado”, conta Campos. A situação foi piorando até tornar-se insustentável. “Eu pedia para ela me dar força, que iria parar, mas não conseguia. Ela tentou me ajudar mas no final pediu a separação”. O servente lembra que, a essa altura, já estava se afastando da família.
 
Fundo do poço
            Júlio César Campos relata que, com a separação, “aí tudo caiu mesmo. Passei três meses na rua, mas consegui emprego e o patrão me levou para São Paulo. Lá, um primo me levou para conhecer a favela, e voltei às drogas e para as ruas (foi despedido)”. Um irmão do servente foi até a capital para ajudá-lo, mas acabou se envolvendo com drogas também. “Meu irmão conseguiu voltar para Itapetininga e depois voltou para São Paulo para tentar me tirar. Eu disse para ele esperar um pouco e fui até a favela pegar mais droga; acabei ficando lá e meu irmão veio embora, cansado de me esperar”.
            Completamente sozinho, Campos passava dias vagando pelas ruas, sem dormir, mas não sentia medo. Um dia, conseguiu ajuda para voltar para Itapetininga, mas não a tempo de falar com o irmão, que morreu logo em seguida, devido ao envolvimento com o crack. “Ele tinha câncer e misturava os remédios com o crack”, diz o servente; ele próprio contraiu tuberculose devido ao uso de droga.
 
Clamando a Deus
            Quando a esperança estava acabando, o rapaz clamou a Deus, pedindo ajuda. “Eu via as pessoas passarem felizes indo para a igreja. Então pedi ajuda a Deus, achava que a religião poderia me salvar. Eu não era religioso e mal sabia ler, mas também queria muito ver meus filhos; recomeçar a minha vida”. Hoje, Campos é evangélico e dá testemunho aos outros moradores da Casa Luz, contando sua história. “A fé, a esperança, e a vontade de ver minha família me salvaram”, conta o servente.
 
Casa Luz
            Campos lembra que, no começo, não queria ir para a Casa Luz. “Não sabia como era; queria sair das ruas, mas também tinha medo. E o André insistia”, disse o servente, referindo-se a André Franco, fundador e coordenador da Casa Luz. “Demorei, mas acabei vindo. Fiquei aqui até dezembro, quando sai para morar só e trabalhar”. A primeira experiência, contudo, não deu certo. “Fiz uma pintura em três dias (levaria uma semana) recebi R$ 400 e usei parte do dinheiro para pagar o aluguel de uma casa, mas não deu certo porque uma pessoa que morava no fundo usava droga, aí resolvi voltar para a Casa Luz”. Ele até tentou morar com familiares, mas não deu certo. “A minha tia está com Alzheimer e então ficou difícil morar lá”.
            De volta à instituição, Campos continua apoiando os outros moradores. Durante o dia, trabalha em uma empresa de luminosos da cidade. É o seu primeiro emprego com carteira assinada e ele aguardava ansioso o primeiro pagamento. “Sou feliz e estou recuperado e firme – leio a bíblia. Quero sair e ter minha casa. Os patrões estão me ajudando a encontrar a casa. Hoje vejo meus filhos todos os domingos e já contei sobre o meu problema para eles e me tornei o herói deles. Tenho certeza de estar preparado para sair da casa e tocar minha própria vida”, afirmou.
 
Texto: Marco Antonio
Fotos: Mike Adas

terça-feira, 12 de março de 2013

Casa Luz recolhe moradores de rua e dependentes químicos

André Franco mostra planta da
futura sede da instituição
A Casa Luz existe desde 2008 e abriga dependentes químicos (álcool e drogas) e que vivem abandonados pelas ruas de Itapetininga, mas desejam se livrar do vício. O projeto surgiu por iniciativa do casal André e Lucinéia Franco. “Tudo começou no réveillon de 2008, quando minha esposa me disse que nessa época, quando todas as famílias estavam reunidas em festa, havia pessoas morando na rua e ainda mais tristes do que o normal, pois estavam sozinhas”, lembra Franco, acrescentando que a esposa sugeriu em seguida que eles preparassem o jantar e levassem para os moradores de rua. “Na hora dei risada, mas fizemos o jantar e colocamos no porta-malas do carro, encontrando a primeira pessoa quase em frente ao Genefredo Monteiro. E demos o primeiro prato de comida na rua!”, conta Franco, “o olhar daquela pessoa nos conquistou de tal maneira, que não conseguimos mais parar, levamos comida até hoje, semanalmente, para quem está na rua”.
 
Portas fechadas
 
André Franco enfatiza que sua iniciativa visa atender moradores de ruas abandonados e sem família. “Depois de um tempo, começamos a conhecer as pessoas, suas histórias e seu sofrimento; e fizemos uma triste constatação: a maioria morava na rua por opção, não por querer morar na rua, mas por opção de um estilo de vida não é compatível com a sociedade”, disse Franco, “isso mexeu conosco. Decidimos ajudar ligando para clínicas da região buscando vaga social para quem queria sair dessa vida, mas o número de pessoas (e pedidos) cresceu ao ponto de esgotarmos vagas sociais. Chegou o momento em que ninguém me atendia mais”, lembra o fundador (e atual coordenador) da Casa Luz. Ele ressalta que quem está na rua, sem família, por causa do vício, “chegou ao fundo do poço. Para muitos, as portas se fecharam de tal maneira que não tem jeito de sair sem ajuda”. Uma ajuda que ficava cada dia mais difícil de obter. Chegou ao ponto de Franco recolher em sua própria casa três pessoas que queriam sair das ruas, mas não encontravam vagas. “Ficaram em casa durante um mês, até que uma amiga cedeu uma casa na Vila Recreio, onde ficamos durante um ano”. Atualmente, a casa possui sua sede na avenida Cyro Albuquerque, mas planeja construir uma nova na Vila Paulo Ayres.
 
Casa de Recuperação
            Para Franco, o principal problema do município é a falta de uma casa de recuperação de dependentes químicos, que permita um tratamento por longos períodos, abrangendo vários aspectos, desde a parte psicológica até a religião. “Com este atendimento, a pessoa fica mais estruturada para vencer o vício, mais preparada para vencer as dificuldades”. André Franco ressalta que a internação não significa a cura, mas ajuda a pessoa nesse processo. “Se é difícil se curar com uma internação longa, imagine no período de 15 dias, como é no SUS, que só tem hospital psiquiátrico”. A Casa Luz recebe pessoas encaminhadas pelos centros de assistência social do município e até pelo Hospital Regional. “Eles não podem colocar um morador de rua, abandonado, que não tem ninguém, que está com a perna quebrada e foi atendido pelo hospital, na rua de novo. Por isso mandam para cá. Eles podem ficar o quanto quiserem ou até decidirem tocar a vida de novo”.
Franco afirma que Itapetininga não possui uma casa de recuperação de dependentes químicos ou um convênio com qualquer instituição que faça um trabalho nestes moldes. “Esse é o maior problema da cidade neste sentido”, disse, acrescentando que cidades como São Miguel Arcanjo, por exemplo, possuem três casas de recuperação de dependentes. “Em Itapeva, você procura a Promoção Social, que o encaminha à uma clinica e a prefeitura paga o tratamento”.
Sobre o fato de que muitos municípios “exportam” moradores de ruas para outras cidades, André Franco disse que “todos fazem isso. Aqui mesmo há uma entidade cujo trabalho se resumo a dar um prato de comida e uma passagem para fora da cidade para quem chega de outro município”. A exceção, segundo ele, é a cidade de Sorocaba. “Lá, o serviço social dá abrigo a pessoa por 15 dias e, quando é o caso, espera conseguir emprego e receber salário; aí, a pessoa pode retomar a vida”.
 
Prefeitura
Em nota encaminhada por email, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Itapetininga informou que “o CAPS (Centro da Apoio Psicossocial), atende ao público em geral. Algumas pessoas acompanhadas vivem na rua, devido ao vício. Neste caso, eles ficam no CAPS nos dois períodos. O CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) desenvolve dois projetos: um é o Blitz. Neste programa, assistentes sociais e guardas civis municipais abordam moradores de rua e os levam para abrigos, mas não é um trabalho direcionado especificamente para dependência química. Outro trabalho é o Café com Papo, em que palestrantes voluntários tratam de assuntos ligados ao bem estar, como prevenção de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), e uso de drogas. Eventualmente, alguns moradores de rua assistem a essas palestras”.
 
Texto: Marco Antonio
Foto: Mike Adas

sexta-feira, 8 de março de 2013

A professora que fez da Educação uma lição de vida

Neste dia 8 de março, data Internacional da Mulher, o Marconews traz uma homenagem especial às mulheres, com uma entrevista feita em 2011 com a professora aposentada Lúcia Araújo (foto), então com 93 anos. A reportagem foi publlcada na Revista Divina. A vida da professora serve como exemplo para todos nós e mostra a força da mulher. Leiam agora a matéria completa.
A professora aposentada Lúcia Araújo fez do magistério um verdadeiro sacerdócio. Entre seus alunos, estão muitas pessoas de destaque hoje na sociedade itapetiningana, como o advogado Francisco de Castro, pai do promotor de justiça Célio de Castro Sobrinho, além de inúmeros funcionários do Banco do Brasil. Formada pela então Escola Normal Peixoto Gomide, a professora passou boa parte de sua carreira lecionando na zona rural, não apenas em Itapetininga, mas em diversos municípios da Região. Isto em uma época em que o acesso aos bairros mais distantes era muito difícil e a viagem era feita a cavalo. Por esta razão, os professores chegavam a morar no sítio, raramente vindo à cidade.
Familiares contam que a professora levava a filha mais velha, Linda, junto. “Eu punha a menina em uma caixa de papelão e ia a cavalo dar aula”, conta a educadora. Até a pé a professora chegou a ir dar aula, o que provocou um susto: “Eu estava andando e no meio do caminho apareceu uma cobra. Eu tive de passar bem por cima dela; lembro até hoje disso”, lembra, ressaltando que enfrentava tudo sozinha. Devido às dificuldades da época, era o marido da professora, Dimas, que ia visitá-la no bairro onde lecionava.
Professora da primeira a quarta série, Lúcia Araújo gostava de trabalhar com os alunos do primeiro ano. “As outras professoras não queriam pegar o primeiro ano porque os alunos tinham de ser alfabetizados, mas eu gostava disso. Eu pensava: se dou aula para a quarta série, por que não para o primeiro ano também?”.
Sem medo de enfrentar desafios e sempre disposta a trabalhar, a veterana professora conciliava o magistério com o fato de ser dona de casa e mãe. Assim, depois de mais de 20 anos ensinando na zona rural, foi transferida para a escola Fernando Prestes, onde sempre que podia auxiliava em diversas atividades e socorria as outras professoras.
“Havia uma classe, bem em frente à minha, onde os alunos eram muito barulhentos. A professora chorava por não conseguir controlar os estudantes”, lembra Lúcia Araújo. Após passar a lição para seus alunos, Lúcia ia em socorro da colega, cuidando para que os alunos ficassem quietinhos. “Onde precisasse de mim, eu ia”, lembra a professora, que chegou a lecionar, nessa época, para classes de alunos de 15 anos. Ela também preparava e aplicava os exames, além de ensinar canto. A professora garante que os estudantes dessa época também eram bagunceiros.
 
Dedicação e cobrança
            Com dedicação, e também muita cobrança a professora alfabetizou muitas crianças e jovens, fazendo com que merecidamente fossem promovidos de uma série à outra.  Com iluminação à base de lampião, pois ainda não havia energia elétrica naquele tempo, Lúcia preparava os cadernos que seriam utilizados na alfabetização dos alunos.
Tal dedicação rendia elogios dos diretores com os quais a professora trabalhava, entre eles Abílio Fontes.  “Os diretores examinavam os cadernos para saber o que a gente ia dar em sala de aula”, lembra Lúcia. Além das matérias, os cadernos continham também as tarefas que os estudantes tinham de fazer em casa. Esse trabalho todo tinha uma recompensa: nunca um de seus alunos foi reprovado.
A dedicação da mestra ia além. Se algum aluno tinha uma deficiência, ela ia até a casa dele para ajudá-lo a recuperar.
Para manter a classe sob seu controle, ela tinha um truque: chegava um pouco antes do início da aula e colocava toda a matéria na lousa. Assim, quando entravam na sala, os estudantes tinham de copiar tudo e a professora podia prestar atenção em que conversava.
A professora também alfabetizou filhos e netos e ainda hoje corrige quando alguém fala alguma coisa errada. Incansável, aos 80 anos auxiliou o filho de uma empregada da família. Em 20 dias, o menino, que estava no segundo ano, mas praticamente não sabia ler, estava alfabetizado e passou de série.
Depois de 11 anos atuando na Escola Fernando Prestes, a professora se aposentou, recebendo um prêmio do Centro do Professorado Paulista.
Nascida em 15 de março de 1917, Lúcia Ferreira de Araújo completa 96 anos este ano, com saúde, alegria e, claro, um pouco de vaidade, tanto que ela não queria tirar a foto sem estar arrumada. Nada mais justo para quem fez a diferença na vida de tanta gente.

terça-feira, 5 de março de 2013

Temporal complica trânsito no fim de tarde

Carros enfentam enxurrada na avenida Cyro Albuquerque
Um forte temporal surpreendeu os moradores de Itapetininga no final de tarde desta terça-feira e tumultou o trânsito em vários pontos da cidade,
Na avenida Cyro Albuquerque, principal ligação com a SP 127 e o município de Alambari, uma forte enxurrada surpreendeu os motoristas. A agua, provavelmente de um córrego próximo, invadiu a pista, uma viatura policial estava no local, orientando os carros a desviarem pelo bairro Taboãozinho. o bairro também sofreu com a enxurrada, que tomou parte da rua. Até a visibilidade dos motoristas ficou reduzida. O trânsito ficou complicado no cruzamento da rua Padre Albuquerque com a avenida Antonio Vieira de Moraes.
O temporal também atingiu a cidade de Alambari, com ventos muito fortes. Houve queda de energia na prefeitura local.

Estilo musical único, cururu pode acabar

Apresentação de cururu na avenida Peixoto Gomide
Fortemente identificado com a cultura popular brasileira, o cururu é um estilo de música de raiz que pode desaparecer. A afirmação é do apresentador e ex-radialista Comendador Pedraco, que há 28 anos mantém um espaço para apresentação de duplas de cantores e violeiros, aos domingos e quintas-feiras durante a feira-livre na avenida Peixoto Gomide e ao sábados, na feira da Vila Rio Branco.
“O cururu é o nosso folclore. Antigamente cantava na Igreja Católica. A palavra cururu quer dizer curucê, que significa cantar dentro da Cruz (dentro da igreja); era cantado em versos, com duas violas, para atrair o povo para catequisar e para a missa”, explica Pedraco. “Isso vem do tempo dos Bandeirantes e dos padres jesuítas”, acrescenta. Segundo ele, na primeira metade do século passado, o folclorista Cornélio Pires levou o cururu para fora do ambiente religioso, apresentando o gênero em circo, por exemplo.
“O nosso cururu é um pouco diferente do cururu no Nordeste”, explica Pedraco. “Cada região tem seu sotaque e modelo. Lá, é o repente”. Em quase três décadas, o ex-radlialista abre espaço para vários estilos de músicas de raiz, além da moda de viola. “Aqui vem gente de todo lugar cantar. Até do Paraná, mas lá o estilo é diferente, mais influenciado pela música gaúcha”.
O cururu tem como característica principal ser cantado por dois violeiros. “Antigamente, as violas tinham 12 cordas, simbolizando os 12 apóstolos, depois baixou para 10. No cururu o violeiro pega a carreira do A (letra A) e vai embora rimando de improviso, depois passa para o B e assim por diante”, diz Pedraco, lembrando que, antigamente, a cantoria seguia pela madrugada afora.
O apresentador enfatiza, porém, que este estilo de música raiz pode desaparecer, já que as gerações mais novas não o apreciam. “Só os mais velhos gostam e tocam”. Pedraco afirma que, se não houver estímulo. “Não só o cururu, mas a catira, o fandango e outras manifestações podem acabar”, disse.
Enquanto isso, o apresentador continua em sua luta solitária, defendendo a cultura regional. No próximo dia 10 deste mês, Pedraco promove um grande encontro de cantadores de cururu, com a participação de artistas de toda a Região.
Contribuição
“O cururu contribui para a identidade cultural por que é manifestação artística e folclórica das mais antigas. Os temas enfocados geralmente são sobre o universo caipira, sendo que nas festas rurais sempre tinha um bom desafio de cururu pra animar e divertir os muitos fãs do gênero”, afirmou Bob Vieira, ex-secretário de Cultura do município. Vieira lembra que o cururu é um gênero típico de São Paulo e confirma sua origem ligada à igreja.
“Quando os jesuítas se esforçavam para catequisar os índios no início da colonização, perceberam que eles se interessavam pelo som da viola e pelos cânticos. Foi então que resolveram divulgar os ensinamentos da Sagrada Escritura cantando em versos rimados ao som da viola. Mais pra frente virou desafio improvisado entre cantadores caipiras, que disputam pra ver quem é o melhor repentista”.
Apesar da importância do cururu para a cultura, Vieira afirma que “muito pouca coisa está sendo feita para preservar essa manifestação folclórica. Os mais jovens não se interessam em aprender a arte herdada dos pais e avós. Do jeito que está, certamente o cururu entrará para o rol dos extintos, assim como tantas outras manifestações com Cavalhada, Bugrada, Congada, etc. Se os aspectos do cururu fossem explorados nas escolas, valorizando a criatividade das rimas, o improviso cantado e o debate em desafio, se fosse ensinado aos alunos os seus fundamentos e incentivados, na certa isso contribuiria muito para que o cururu não fosse esquecido”, disse o ex-secretário.
Segundo ele, há cerca de três anos existe na cidade de Tatuí um campeonato de cururu, realizado pelo Conservatório Musical Dr. Carlos de Campos. O evento reúne cantadores da Região, que competem entre si. “É uma grande coisa que estimula o gênero, mas poderia ser estendido para outras cidades também”.
Texto: Marco Antonio
Foto: Mike Adas