quarta-feira, 20 de março de 2019

“O ser humano será responsável pela falta d’água, se nada for feito”

Consultor diz que é preciso atitudes 
sérias, mas sempre é possível salvar um rio

Sudão: país enfrenta a escassez de água potável

Para o administrador de empresas e consultor em Saneamento Ambiental José Aurélio Boranga, “o ser humano será responsável pela falta d’água no planeta, se não forem tomadas atitudes sérias para a utilização racional”. Boranga, que é ex-presidente e conselheiro vitalício da ABES - Associação Brasileira de Saneamento Ambiental, concedeu entrevista exclusiva à revista Hadar e ao blog Marconews. Veja agora os principais trechos da entrevista
          Para Boranga, entre as iniciativas para levar água potável às pessoas, está a necessidade de que “os governos ampliem os mecanismos para criação de uma consciência coletiva de que a água é um produto escasso e precisa ser usado de forma racional, evitando qualquer desperdício. É preciso intensificar a todos os níveis da sociedade, informações que criem esta consciência. Na minha opinião isso tem que ser feito a partir da pré-escola, atingindo toda a cadeia educacional e a partir daí o restante da população”. O consultor destaca ainda: “medidas que também penalizem as pessoas, que mesmo após intensas campanhas permanentes de conscientização insistam em desperdiçar água, precisarão ser adotadas”.

Alternativas
“Outra fonte, que é utilizada em alguns países onde a escassez de água já é muito severa, é o processo de dessalinização das águas dos oceanos. Já existe também tecnologia disponível para reutilização dos esgotos em diversas atividades, como lavagem de pátios, irrigação de jardins urbanos, nos processos industriais, etc..., onde hoje se utiliza água potável”, afirma Boranga.
          Ele é enfático ao dizer sobre a responsabilidade da falta de água no planeta. “O ser humano será o responsável pela falta de água no planeta, se não forem tomadas atitudes sérias para a utilização de forma racional, conforme disse acima. Mas também será o ser humano o responsável pelos avanços tecnológicos que permitirão tornar o processo de dessalinização dos oceanos mais acessível, pois hoje isso é caríssimo. Será o ser humano responsável pelo reaproveitamento das águas de esgoto, inclusive para torná-la potável. A humanidade é dona do seu destino, caberá a ela decidir se quer sucumbir por falta de água ou dar a volta por cima é transformar o mundo num lugar melhor do que é hoje”.

Guerra por água
          Citando fatos históricos, Boranga lembra que a “guerra por causa da água não é novidade. Suméria (atual Iraque/Kuwait) - 2.500 A.C - a primeira guerra que se tem conhecimento que teria sido causada por água aconteceu às margens do Rio Eufrates, região onde fica o atual Iraque. Acredita-se que o rei da cidade-Estado de Lagash, tenha desviado o curso do rio e deixado outra cidade, chamada Umma, sem água, o que teria gerado uma disputa entre as cidades pelo mineral vindo do rio. Sudão, 1963. Até os dias de hoje a falta de água foi um dos fatores que impulsionaram o conflito que já matou milhões de pessoas na guerra civil entre Sudão e Sudão do Sul. Os pesquisadores apontaram a água como um dos principais motivos, estando entre motivações políticas, econômicas e sociais. Turquia - 1998 e 2003 - não foi exatamente uma guerra, mas acredita-se que em 2003 houve uma disputa de bastidores entre forças americanas, curdos e turcos com relação à água dos rios Tigre e Eufrates, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque. Em 1998, a Síria e a Turquia também teriam passado por forte tensão pelo mesmo motivo”.

Estudo
Segundo Boranga, “um estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostra a relação entre a escassez de água e guerra. Analisando o fenômeno El Niño, que em ciclos de três a sete anos provoca aumento na temperatura e diminuição no volume de chuvas, os pesquisadores descobriram que, nos 90 países tropicais afetados pelo fenômeno climático entre 1950 e 2004, o risco de uma guerra civil dobrou, passando de 3% para 6%. Algumas guerras já foram iniciadas por causa da água na história. Claro, se a humanidade não se conscientizar que a água é um bem escasso, poderemos ter conflitos sangrentos por conta disso”.

Brasil
          José Aurélio Boranga afirma que, no Brasil, “já existem grandes projetos de reversão de Bacias Hidrográficas, para atender demandas de consumo. Um exemplo bastante conhecido e recente, foi a reversão de Bacia do São Lourenço, que traz água do Vale do Ribeira, para reforçar o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Na verdade, toda a Região Metropolitana de São Paulo, cuja disponibilidade de recursos hídricos/por habitante/dia é a mais baixa do país, é abastecida por recursos hídricos, na sua grande maioria, importados de outras bacias, através de reversão”.
          Sobre a poluição dos rios, principalmente no estado de São Paulo, o consultor afirma que “com certeza é sempre possível salvar rios degradados. O Tietê não será diferente. Especialmente o Rio Tietê, tem ao longo do tempo diminuído a sua Mancha de poluição, com um grande trabalho feito pela Sabesp”. Segundo Boranga, entre 2010 e 2018, a mancha de poluição do rio caiu de 243 km para 122 km.
          “Então vejamos, que de 2010 a 2018, mais de 120 Km do Rio Tietê, foram despoluídos. Sendo assim, basta eliminar os pontos poluidores, repor matas ciliares, que os rios voltam a ter vida”.
          Para Boranga, existe no país legislação que visa proteger nossas águas, mas falta fiscalização. “A Lei 9.433 de 08 de janeiro de 1997, que ficou conhecida como Lei das Águas, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que estabelece instrumentos para gestão dos recursos hídricos de domínio federal (aqueles que atravessam mais de um estado ou fazem fronteira. Como por exemplo, o Rio Paraná) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Os instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, são: Planos de Recursos hídricos enquadramento dos corpos de água em classes; Outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; Cobrança pelo uso de recursos hídricos; e o Sistema Nacional de informações sobre Recursos hídricos. O que não existe é fiscalização adequada, por parte dos estados/União, com aplicações de penalidades efetivas aos poluidores”.
          Sobre o risco do Brasil ficar sem água, Boranga diz que “a hipótese de ficar sem água para dessedentação humana me parece extremamente remota, considerando as diversas técnicas existentes e já citadas aqui,  como dessalinização de oceanos, etc... O que vejo com muita preocupação, caso a humanidade não se conscientize da necessidade de tratar os recursos hídricos de forma racional, é que estaremos sujeitos a faltar água para produção de alimentos, pois a quantidade de água necessária para produzir comida de qualidade é extremamente alta. Ai sim corremos um risco enorme de acontecerem conflitos gravíssimos entre nações por conta desta escassez. Apenas como curiosidade, segundo a EMBRAPA, a média global de água para produzir um quilo de carne bovina, é de 15,5 mil litros de água. Para se chegar a este número os pesquisadores usam cálculos matemáticos, que levam em conta uma série de fatores. No caso da carne, este cálculo leva em conta, quantidade de água usada na produção dos alimentos que os bois comem, da água que eles bebem, até mesmo da água utilizada na limpeza dos currais onde eles ficam e aí por diante. O resultado obtido nesse cálculo é dado o nome de "Pegada Hídrica do produto". A EMBRAPA, está estudando a Pegada Hídrica da carne no Brasil. Então é de extrema importância que seja conhecida a Pegada Hídrica de cada produto e ter um trabalho para reduzir este valor, para que não falte água para produção de alimentos”, finaliza Boranga.

Ação conscientizadora

          No próximo dia 22 de março, o grupo Eco Maná, em parceria com a prefeitura de Itapetininga, realiza evento no auditório municipal Alcides Rossi, anexo ao Paço, para falar da importância da preservação de rios, nascentes e recursos naturais.
          O projeto Cada Gota Vale acontece a partir das nove horas e tem como objetivo despertar uma consciência ambiental sustentável, aliada com práticas diárias coletivas da sociedade. O evento é aberto a todos. 

terça-feira, 19 de março de 2019

Água: a razão das próximas guerras?

Falta d’água pode gerar conflitos

Rio Itapetininga

          No próximo dia 22, o mundo inteiro comemora o Dia da Água. Para marcar esta data, o Marconews traz duas reportagens especiais sobre a questão do água no planeta e no Brasil. Esta é a primeira matéria.

A Terra, este pequeno planeta azul repleto de vida – incluindo os seres humanos – poderia muito bem chamar-se planeta água. Afinal, 70% da superfície da terra é coberta de água. Apesar deste número impressionante, mais de 95% desse volume todo de água é impróprio para o consumo.
          Os dados oficiais estimam que entre 0,77% e 2,5% de toda água no planeta seja adequado para o consumo. Além disso, a maior parte da água potável se encontra nas geleiras (aproximadamente 80%).
          Isto posto, a primeira conclusão a que se chega é que existe muito pouca água potável no mundo. E a população mundial, que já está na casa dos sete bilhões de indivíduos, não para de crescer. Um dos grandes desafios – se não o maior - para o futuro da humanidade é garantir o fornecimento de água para todos. A água é um bem finito e deve ser usada de maneira consciente. Mas como pedir o uso racional de algo, quando a pessoa não tem acesso a esse algo, mesmo essa coisa sendo essencial à vida?
          Como pedir que crianças sedentas e imundas não tomem a água que precisam, ou deixarem de fazer a higiene pessoal? Como pedir para o agricultor que espera ansiosamente a chuva para plantar e ter o mínimo para sobreviver, que use menos água? Como garantir o acesso de bilhões de pessoas a este bem essencial, mas que deve ser usado com cuidado e respeito?
          Estima-se que 1,4 bilhão de pessoas não tenham acesso a água limpa. E este número pode crescer. Não é à toa que especialistas apontam a água como uma das principais razões para guerra nos próximos anos. Afinal, sem água não há vida. E todos têm o direito à vida!
          Se a situação já é preocupante, a ação do homem torna o quadro ainda pior: poluição de rios, destruição de nascentes, uso irresponsável da água e aquecimento global. Tudo isso é resultado da presença humana no planeta. As cidades surgiram e cresceram perto de rios e lagos. São Paulo, Sorocaba, Itapetininga, Tietê, Salto, estes são apenas alguns exemplos próximos de nós de como as cidades foram fundadas perto de cursos d’água e de como esses rios se tornaram parte da história desses municípios.
          Pena que os municípios não trataram os rios com o devido respeito, despejando toneladas de lixo e esgoto em suas águas, matando quem lhes dá vida!

A água no planeta
          Especialistas apontam para o fato de que, além de ser pouca, a água potável não é distribuída de maneira igual pelo mundo. Em vista disso, existe locais onde a água é considerada um recurso muito valioso. Em virtude dessa desigualdade de distribuição, em várias regiões ocorrem verdadeiros conflitos por água. E esta é uma situação que acontece há muito tempo, desde antes de Cristo, segundo o consultor em saneamento ambiental José Aurélio Boranga (veja esta matéria amanhã).
Além da escassez de água em algumas regiões, existe ainda o problema da baixa qualidade. A poluição causada pelas atividades humanas faz com que a água esteja disponível, porém não esteja própria para o consumo. Estima-se que 20% da população mundial não tenha acesso à água limpa e, segundo a UNICEF, cerca de 1400 crianças menores de cinco anos de idade morrem todos os dias em decorrência da falta de água potável, saneamento básico e higiene.
Diante da importância da água para a nossa sobrevivência e da necessidade urgente de manter esse recurso disponível, surgiu o Dia Mundial da Água. Essa data, comemorada no dia 22 de março, foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e visa à ampliação da discussão sobre esse tema tão importante. No dia 22 de março de 1992, a ONU, além de instituir o Dia Mundial da Água, divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, que é ordenada em dez artigos.

1- A água faz parte do patrimônio do planeta;
2-A água é a seiva do nosso planeta;
3- Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;
4- O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;
5- A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;
6- A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;
7- A água não deve ser desperdiçada nem poluída, nem envenenada;
8- A utilização da água implica respeito à lei;
9- A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;
10- O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

Direito de todos
Como toda a população necessita da água para a sua sobrevivência, em julho de 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou, através da Resolução A/RES/64/292, que a água limpa e segura e o saneamento básico são direitos humanos. Sendo assim, a água de qualidade e o saneamento básico passaram a ser um direito garantido por lei. O uso racional e sua preservação são fundamentais para garantir qualidade de vida para a nossa geração e para as futuras. Faça uso consciente da água!

Bacia do rio Tietê
Segundo especialistas, Grande parte dos rios da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê está poluída de maneira tão grave que suas águas estão inadequadas para a maioria dos usos, como o consumo humano, a pesca e a recreação.
Não é necessário ser especialista em recursos hídricos para notar, por exemplo, que os rios Tietê e Pinheiros estão poluídos. Basta passar por alguma das marginais que o próprio odor fala por si só. Entretanto, as informações disponibilizadas pelo governo assustam por revelar a dimensão e a complexidade desse problema, que não é apenas ambiental, mas também social e econômico.
Mapas que mostram a situação dos rios paulistas divulgados pelo governo apresentam a situação dos rios por meio de um mecanismo chamado enquadramento. Previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, o enquadramento é um importante instrumento de gestão e planejamento ambiental que tem o objetivo de garantir a qualidade da água de maneira compatível a seu uso ao mesmo tempo em que serve como uma sinalização preventiva para que a qualidade não piore. Assim, os rios do Brasil podem ser classificados em quatro diferentes classes, sendo a classe 1 para os rios com as águas de melhor qualidade e a classe 4 para os que estão em situação mais crítica.
A realidade das águas dos rios paulistas é preocupante, principalmente na Bacia do Alto Tietê, próximo à Região Metropolitana da capital. Vale lembrar que o Rio Tietê, que dá o nome da bacia hidrográfica, nasce no município de Salesópolis, e vai se deslocando para a porção noroeste do Estado de São Paulo.
No mapa elaborado pelo governo, a área das nascentes do rio está destacada em verde e, conforme as águas vão se aproximando da urbanizada e populacionalmente concentrada cidade de São Paulo, suas condições vão piorando. Isso acontece igualmente com as demais águas que nascem límpidas em Mairiporã, ao norte, ou Embu-Guaçu, ao sul, e vão sendo degradadas ao se aproximar do seu ponto mais baixo de drenagem, próximo ao Tietê.
A previsão normativa de rios classe 4 é considerada por muitos especialistas um absurdo. Legalmente, as águas desses rios podem ser destinadas somente à navegação e à harmonia paisagística (Resolução Conama nº 357/2005). Para esses críticos, a previsão normativa dos rios de classe 4 representa uma aceitação pelo Estado dessa realidade e, mais do que isso, uma indicação perversa da impossibilidade de reversão desse quadro.
Apesar da situação crítica, muitos acham possível reverter o quadro, através de pressão da sociedade, com a criação de comitês de bacias fortes, com a atuação de técnicos capacitados e lideranças políticas interessadas em resolver o problema de maneira responsável. Só para lembrar: os comitês de bacias hidrográficas são órgãos colegiados, com representantes de vários segmentos da sociedade, que atuam na gestão de recursos hídricos. Os comitês existem desde 1988.
É importante que a sociedade compreenda que os rios poluídos carregam unicamente notícias ruins. Da perspectiva ambiental, isso é obvio. Do ponto de vista social, um rio de classe 4 é uma ameaça evidente à saúde e ao bem-estar da população.  E, em termos econômicos, um rio poluído significa a diminuição da disponibilidade hídrica para diversos usos, o aumento dos custos de tratamento e gastos altíssimos com obras para captar água de outros lugares.

Brasil
O País possui 12% das reservas de água doce disponíveis no mundo, sendo que a Bacia Amazônica concentra 70% desse volume. O restante é distribuído desigualmente para atender a toda população brasileira. O Nordeste possui menos de 5% das reservas e grande parte da água é subterrânea, com teor de sal acima do limite aceitável para o consumo humano.


Represas
          Outra preocupação diz respeito às represas brasileiras. Além do baixo nível registrado em alguns reservatórios em épocas de seca, há agora o medo de que elas se rompam, como aconteceu em Mariana e mais recentemente em Brumadinho. Ambos os casos ocorreram em Minas, com barragens de rejeito aponta para s de minério, mas fica o alerta com relação às represas hidrelétricas.
Autoridades se reuniram em Piraju, no dia 15 de fevereiro para discutir um plano de ação, caso haja ruptura das barragens que ficam na cidade. PM, bombeiros, defesa civil e representantes das usinas de Piraju e Jumirim participaram do encontro. A ação é preventiva; já que as usinas são interligadas pelo mesmo rio e o rompimento de uma barragem teria um efeito cascata, atingindo bairros próximos. Existem cinco usinas na região, sendo que a Usina de Paranapanema é a que tem o risco médio de rompimento.

Amanhã, na segunda parte desta reportagem, consultor aponta para a responsabilidade do homem na preservação das águas

sexta-feira, 15 de março de 2019

Saiba alguns cuidados para evitar o roubo do carro

No Brasil, um carro é roubado ou furtado a cada minuto

Fiat Toro

Ter um carro, seja novo ou usado, é o sonho de muita gente. Mas é preciso ter cuidado, pois os ladrões também estão atuando intensamente, de olho em presas fáceis. E não pensem vocês que apenas os carros novos são alvo das ações dos amigos do alheio. Usados também estão na mira dos bandidos. Não é à toa que, no Brasil, um carro é roubado ou furtado a cada minuto, segundo dados de 2016. Estima-se que, neste ano de 2019, o número de veículos roubados passe de um milhão. Muitos desses automóveis são usados em ações criminosas, como assaltos, outra parte é desmontada para ser vendida em partes e outro tanto é negociado novamente, com documentos falsos.
            Esta matéria traz algumas dicas para você dificultar a ação dos bandidos e assim evitar que seu carro entre para as estatísticas. Uma das primeiras coisas que o proprietário deve observar é cuidado com a chave do carro. Nunca a deixe no interior do veículo; também nunca a deixe na ignição e nem saia do carro com o motor ligado, mesmo que seja só por alguns segundos. Pode ser a oportunidade que o ladrão está esperando para agir.
            Ao estacionar, prefira locais bem iluminados e com passagem constante de pessoas. Depois de estacionar feche todas as portas e vidros. Esqueça o estacionamento na rua se tiver garagem. Não deixe objetos de valor á vista.

Números e Documentos

Uma das formas de prevenir o roubo é gravar, por exemplo, o número da matrícula nos vidros e em outras partes principais do veículo, desta forma o ladrão sabe que este é um automóvel difícil de negociar com documentos falsos ou para venda das peças. Nunca deixe os documentos referentes ao seu carro no interior do automóvel. Faça cópias dos documentos do veículo.


Sistemas de Segurança
Algumas medidas podem ser tomadas para dificultar ainda mais a ação dos bandidos. Uma delas é o corte de ignição, de custo relativamente barato. Instale e esconda o botão para que não seja fácil descobrir.
A tranca – também conhecida como trava de direção – é outro equipamento que vai dar trabalho e se o carro for assaltado o ladrão saberá que vai demorar bastante tempo para conseguir levar o automóvel. Você também pode optar por bloqueadores da alavanca do câmbio e das rodas.
Mas, com o avanço da tecnologia, você pode rastrear seu carro via satélite, serviço disponibilizado por algumas companhias de seguro; o sistema pode seguir o carro em tempo real.

Veículos
          Entre os veículos com seguro mais roubados ou furtados do país, estão: a picape média Toro (Fiat), que lidera as estatísticas, segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados). Até outubro do ano passado, dos 14.866 veículos segurados, 235 foram roubados ou furtados, o que representa um IVR (Índice de Veículo Roubado), de mais de 1,5% em relação ao número de veículos segurados. Em seguida, vêm o Voyage, da Volkswagen; e o HB20, da Hyundai. No caso do Voyage, dos quase 97 mil veículos segurados, 1.441 foram roubados, gerando um IVR de quase 1,5¨%; já o HB 20, com 176.850 mil veículos segurados, dos quais 2.265 foram roubados/furtados, teve um índice de quase 1,3%.
          Além desses automóveis, o Gol (Volks) e o Palio (Fiat) completam o ranking dos cinco carros mais roubados e/ou furtados no Brasil em 2018. Por isso, todo cuidado é necessário para desestimular a ação dos bandidos.

Fonte: site monte sua central.com.br

quinta-feira, 14 de março de 2019

A humanidade precisa rever suas prioridades

Ensinamos nossos filhos a discriminar, não a amar



          A tragédia do massacre na escola estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano, na Grande São Paulo, chocou a todos. Esta situação nos leva a refletir que realmente deve haver algo de muito errado na sociedade moderna; algo que não é restrito ao nosso país, mas que atinge outras nações, com menor ou maior frequência.
          É aterrador saber que jovens recorrem à violência e ao massacre para canalizarem suas frustrações, seus medos, seu ódio, sua dor. Que mundo é esse em que matar se tornou algo tão banal, que de massacre em massacre vamos simplesmente eliminando nosso futuro, que se esvai com o sangue de vítimas jovens, com a vida pela frente e que poderiam, talvez, contribuir para uma sociedade mais justa?
          Que mundo é esse onde jovens buscam a fama destruindo vidas e não salvando? Que mundo é esse onde jogos virtuais podem influenciar uma pessoa ao ponto dela misturar ficção com realidade e sair por aí matando, como se estivesse em uma competição? Que mundo é esse onde comunidades clandestinas na Internet profunda (deep web) se reúnem para discutir, incentivar e aconselhar ataques de puro terror e ódio contra pessoas inocentes?
          Que sociedade é esta em que vivemos, onde os pais, talvez até mesmo inconscientemente, ensinam seus filhos a discriminar (e até odiar) pessoas por causa da cor da pele, da religião, da orientação sexual, da posição social, do time de futebol que torce e até o corte de cabelo ou roupa que veste. Tem futuro uma sociedade assim? Se a humanidade não mudar, parece claro que não haverá futuro.
          E para os que acham que o massacre em Suzano é um caso isolado, em que os assassinos se vingaram do bullyng que sofriam (se é que sofriam, pois já não estavam há tempos na escola), aqui vai um dado assustador: desde 2002, foram pelo menos sete ataques do tipo em escolas brasileiras, com pelo menos 24 mortos, sem contar os autores dos disparos, que se mataram.
          Mais assustador ainda é quando vemos nos números da violência no Brasil: os números da violência no país, sobretudo a violência contra a mulher, assustam e jogam por terra a imagem de país pacato e tranquilo. O que há de errado com o nosso país? Em 2017, batemos um triste recorde, com mais de 63 mil assassinatos. São números comparáveis aos de países em guerra. Só para se ter uma ideia, na Guerra da Síria, entre 2011 e 2017, mais de 330 mil pessoas morreram, o que dá cerca de 55 mil por ano, bem menos do que foi registado no Brasil em um único ano.
          A situação é alarmante. Especialistas lembram que por trás dos números estão vidas destruídas. Há muita informação na internet sobre o tema e. embora possa haver pequenas diferenças entre os números apresentados por diversas fontes (até porque muitos casos não são denunciados), o certo é que a violência vem aumentando no país e as mulheres estão entre as principais vítimas. Até a conceituada Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos, em uma tradução livre), afirmou em relatório divulgado no começo deste ano que a violência doméstica é “uma epidemia” no Brasil. Segundo a organização, há mais de 1 milhão de casos de agressões contra as mulheres pendentes na justiça brasileira. A HRW, porém, aponta a Lei Maria da Penha como um importante instrumento no avanço do combate a esta situação de violência.
Tanta violência só pode ser falta de empatia e de amor com o semelhante. E, para quem tem fé, seja qual for a religião, é a falta de Deus na vida das pessoas, e quando falta amor, o mal toma conta.
O mal existe e marca presença no mundo. Vejam por exemplo a fome. A fome é a presença do mal na terra! Porque se o homem tivesse mesmo vontade, poderia acabar com a fome. Gasta-se bilhões com armas, mas não consegue levar comida e água pra quem precisa. Não consegue dar um sistema de saúde digno para a maioria da população, mas consegue fazer games de última geração que parecem reais; daí o nome: realidade virtual. A humanidade precisa rever suas prioridades, antes que seja tarde demais.

domingo, 10 de março de 2019

Start escola de vendas chega à Itapetininga

Instituição firmou parceria com Colégio Imaculada Conceição



          A Start Escolas de Vendas, que já realizou aulas para 13 turmas em cidades da Região, chega em Itapetininga com o curso de Gestão de Mudanças: vendas e atendimento, voltado para empresários e profissionais de venda e atendimento. As aulas têm início no próximo dia 13, das 19h30 às 21h30, e vão até o próximo dia 28 deste mês. O evento acontece no Instituto Imaculada Conceição (IIC), através de parceria entre a Start e o colégio.
          Este curso é presencial e tem o seguinte formato: serão dois encontros semanais (seis no total), somando 12 horas de treinamento. Segundo a Start, “o conteúdo é prático e com bastante energia e motivação, sem esquecer das técnicas que ajudam o profissional de vendas e atendimento”.

Foco nas vendas e atendimento
          O conteúdo do treinamento inclui: Técnicas de Venda, Trabalho em Equipe, Atendimento que Vende, Marketing Digital, Motivação, certamente irão contribuir para o aquecimento da força de vendas das MPEs de Itapetininga.
          Segundo o consultor Marcelo Alciati, o objetivo do curso é propiciar aos empresários uma oportunidade para “capacitar e reciclar seu time de vendas. Pois certamente assim como aconteceu nas outras turmas, a aprovação foi bem alta e, muitos empresários inscrevem rotineiramente seus colaboradores nos cursos que já acontecem em outras cidades. Acredito que em Itapetininga não será diferente”. A Start informa que a inscrição custa R$ 337,00 por pessoa, com desconto 10% acima de 4 inscrições. 


Parceria
          Uma das mais renomadas e tradicionais instituições de ensino de Itapetininga, o Instituto Imaculada Conceição (IIC), prestes a comemorar seu primeiro centenário, firmou uma parceria com a Start Escola de Vendas, um modelo de negócio já conhecido na região que tem o objetivo de aperfeiçoar e reciclar os conhecimentos dos empresários e profissionais ligados na área comercial e de vendas.

História
Ao logo de sua história, o Instituto Imaculada Conceição vem atuando como protagonista inicial da trajetória profissional de inúmeras pessoas, pois vem acompanhando as mudanças na sociedade e atualizando seu modo de ensinar. Mantendo a tradição de inovar e abrir caminhos, o Instituto traz agora esta parceria inédita com a Start, visando proporcionar ao empresariado local – e também a alunos da instituição - uma oportunidade para ampliar/reciclar conhecimentos sobre técnicas de venda e trabalho em equipe, além do marketing digital, importante instrumento para o sucesso de empresas na atualidade.


Alunos
Os pais ou responsáveis que possuam filhos matriculados no colégio terão 15% de desconto para participar do treinamento que envolve: técnicas de vendas, modelo de atendimento que vende, liderança, trabalho em equipe, motivação, marketing digital etc.  
Os interessados devem entrar em contato com o colégio ou pelo WhatsApp 15.99818-2412 para que o desconto seja concedido e fazer sua inscrição.

sábado, 9 de março de 2019

IPTU pode ser pago com desconto até dia 29/03

Imposto foi reajustado de acordo com o IPCA



          A prefeitura de Itapetininga informou na sexta-feira, 8, que foi prorrogado o vencimento da parcela única do IPTU 2019 com 10% de desconto para o dia 29 deste mês. Antes, o prazo terminava na segunda,11. O contribuinte que optar pelo pagamento com a nova data deverá comparecer em uma das unidades do Atende Fácil para emissão de novo boleto da parcela única com o desconto. Os demais vencimentos nos carnês de IPTU exercício de 2019 permanecem com as mesmas datas de vencimento.
O contribuinte pode ainda optar por pagar o valor integral até 10 de abril, o desconto será de 5%. Este ano, segundo a Secretaria de Finanças do município, o imposto foi reajustado em 4,53%, que é o mesmo índice do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado em outubro de cada ano.

Opções de pagamento
Outra opção também já está disponível: quem preferir adiantar e efetuar o pagamento basta entrar no Portal do Cidadão no site oficial da prefeitura www.itapetininga.sp.gov.br e imprimir os boletos. Para quem for parcelar o carnê, a primeira parcela terá vencimento no dia 10 de abril, sem desconto. O valor total é dividido em seis vezes.
Segundo a prefeitura, são aproximadamente 60 mil carnês. Ainda de acordo com a Secretaria de Finanças, a estimativa de arrecadação é de aproximadamente R$ 29 milhões.

Datas
Os contribuintes devem prestar tenção aos vencimentos do carnê do IPTU. Lembrando: para quem pagar até dia 29 de março, o valor total do IPTU, terá desconto de 10%. Até dia 10 de abril, o desconto para pagamento total do IPTU é de 5%.
Para quem for parcelar o carnê, a primeira parcela terá vencimento no dia 10 de abril, sem desconto. O valor total é dividido em seis vezes.
Quem ainda não regularizou os dados cadastrais, pode procurar uma das duas unidades do Atende Fácil.
- Atende Fácil no Paço Municipal fica à Praça dos Três Poderes “Desembargador Theodomiro Dias”, no Jardim Marabá. Telefone (15) 3376.9600
- Atende Fácil na Vila Rio Branco fica à avenida Padre Antônio Brunetti, 501, na Vila Rio Branco. Telefone (15) 3537.0242.

sexta-feira, 8 de março de 2019

O país que odeia suas mulheres

Em 2017, foram mais de 600 casos de violência 
doméstica por dia no Brasil, com mais de 4,5 mil mortes



          Não é fácil ser mulher no Brasil. Além da dupla (as vezes tripla) jornada de trabalho, do salário menor, da discriminação, da paquera deselegante que cai na importunação sexual, das piadas sexistas, as nossas mulheres estão morrendo simplesmente pelo fato de serem mulheres. É um tipo de crime caracterizado como feminicídio, geralmente praticado por alguém próximo: marido, ex-marido, namorado, companheiro, amante, um familiar.
          A grande pergunta é: por que se mata tanta mulher no Brasil hoje? E aí entra outra questão: O que há de errado com a nossa sociedade atualmente? E mais outra pergunta surge: será que hoje se mata mais do que no passado ou estes casos são mais denunciados do que antes? Que espécie pode ter futuro se mata a si própria: se não mata a mulher (mãe), mata a prole (os filhos), comprometendo seu próprio futuro.
          Os números da violência no Brasil, sobretudo a violência contra a mulher, assustam e jogam por terra a imagem de país pacato e tranquilo. O que há de errado com o nosso país? Em 2017, batemos um triste recorde, com mais de 63 mil assassinatos. São números comparáveis aos de países em guerra. Só para se ter uma ideia, na Guerra da Síria, entre 2011 e 2017, mais de 330 mil pessoas morreram, o que dá cerca de 55 mil por ano, bem menos do que foi registado no Brasil em um único ano.
          A situação é alarmante. Especialistas lembram que por trás dos números estão vidas destruídas. Há muita informação na internet sobre o tema e. embora possa haver pequenas diferenças entre os números apresentados por diversas fontes (até porque muitos casos não são denunciados), o certo é que a violência vem aumentando no país e as mulheres estão entre as principais vítimas. Até a conceituada Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos, em uma tradução livre), afirmou em relatório divulgado no começo deste ano que a violência doméstica é “uma epidemia” no Brasil. Segundo a organização, há mais de 1 milhão de casos de agressões contra as mulheres pendentes na justiça brasileira. A HRW, porém, aponta a Lei Maria da Penha como um importante instrumento no avanço do combate a esta situação de violência.

A violência em números
O 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em agosto de 2018 mostra que em 2017 o Brasil teve 221.238 registros de violência doméstica, o que significa 606 casos por dia. São registros de lesão corporal dolosa enquadrados na Lei Maria da Penha. É a primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tabula esses dados. De acordo com o anuário, o país registrou 63,8 mil assassinatos em 2017, um triste recorde, como já dissemos.
Os números de violência contra a mulher devem ser ainda maiores, já que Distrito Federal, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso e Roraima não informaram os dados. As piores taxas estão em Santa Catarina, com 225,9 casos a cada 100 mil habitantes, seguida por Mato Grosso do Sul (207,6) e Rondônia (204,9). O fórum também contabilizou o número de mulheres vítimas de homicídio no ano de 2017: 4.539 (aumento de 6,1% em relação a 2016). Desse total, 1.133 foram vítimas de feminicídio.

Plataforma
A plataforma digital Violência contra as Mulheres em Dados reúne pesquisas e dados recentes relacionados às violências contra as mulheres no Brasil, com base no monitoramento e curadoria realizados pelo Instituto Patrícia Galvão – com foco na violência doméstica, sexual e online, no feminicídio e na intersecção com o racismo e a LGBTTfobia. Na plataforma estão reunidos os destaques de cada estudo e sínteses produzidas pela equipe do Instituto a partir da consulta a documentos de referência e entrevistas com especialistas, que ajudam a contextualizar os dados apresentados.
Com apoio do Instituto Avon, a plataforma tem o objetivo de estimular e subsidiar a divulgação de informações e o debate sobre questões críticas em relação à violência contra as mulheres no Brasil – seja por jornalistas, comunicadores, ativistas, gestores, profissionais que trabalham com o tema, estudantes e interessados em geral. A ideia é que os materiais da plataforma possam ser usados e compartilhados no debate público para promover uma ampla reflexão não apenas sobre os índices de violência de gênero, mas como transformá-los, e alertar que por trás das estatísticas alarmantes há vidas e trajetórias violadas pela naturalização e perpetuação da violência. Dados confiáveis e fontes diversas e qualificadas são essenciais para dimensionar o problema, contextualizar o debate e pautar as transformações culturais e políticas públicas necessárias para reverter o grave quadro da violência de gênero.
          Segundo esta plataforma, que utiliza os dados do Atlas da Violência 2018, o Brasil registra o triste número de 13 mortes violentas de mulheres por dia. Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no país, o que representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras, um aumento de 6,4% no período de dez anos. No Estado de São Paulo, por exemplo, o registro de estupros aumentou 10,3% em 2017.
No país como um todo, o crescimento foi de 8,4%, pulando de 54,9 mil para pouco mais de 60 mil casos registrados. Não é fácil mesmo ser mulher no Brasil, pois a cada dia três mulheres são assassinadas pelo simples fato de serem mulheres, crime conhecido como feminicídio; a cada dois minutos, uma mulher registra uma agressão com base na lei Maria da Penha. Ainda segundo a Plataforma de Dados, uma pessoa trans ou gênero-diversas é assassinada a cada dois dias.

Mulher no mercado de trabalho
Nem tudo é violência ou tristeza. A participação da mulher no mercado de trabalho nacional tem ganhado destaque principalmente nos últimos anos. Em 2007 a presença feminina representava 40,8% do mercado formal. Já em 2016, esse número subiu para 44%. Os dados são do Ministério do Trabalho e são baseados em pesquisas do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
Apesar desse crescimento, uma parte das mulheres ainda tem que passar por dificuldades que muitos homens não encontram, tais como o equilíbrio entre atividades domésticas versus o emprego fora de casa e a diferença salarial. Mesmo com desafios maiores, grande parte das mulheres batalha diariamente para manter ou até mesmo criar seu espaço nas empresas.

Elas têm a palavra
          O Marconews perguntou para diversas mulheres como elas avaliam a situação feminina no Brasil hoje, se já foram discriminadas por serem mulheres e o que pode ser feito para mudar essa situação. Veja agora as respostas.

Olhares desconfiados
Andrea Vaz

          “Por diversas vezes vi homens ficarem parados me vendo estacionar meu carro. Acho bobo da parte deles. Mas não me abalo porque não preciso provar nada para ninguém”. A frase é da jornalista Andrea Vaz dos Santos, de 33 anos.
          Para ela, “no Brasil parece que temos mais liberdade, apesar do mundo estar mais perigoso. Sabemos que a cultura de muitos países é diferente do nosso”, diz a jornalista sobre a situação da mulher no mundo hoje.
          Sobre machismo na sociedade e a maneira como os filhos são educados, Andrea diz acreditar que “a geração que virá será diferente da que eu fui criada. Porém, em algumas situações há um exagero ao se referir a machismo. Por exemplo, li sobre uma mulher dizendo que é machismo um homem querer furar a orelha de sua bebê”.
          Ela também observa que “aqui no Brasil, civilmente temos os mesmos direitos. Quanto à diferença salarial que acontece em alguns meios, creio que falte uma valorização verdadeira das qualidades da mulher. Mas, muitas vezes, devido ao feminismo às avessas, as mulheres querem mostrar o pior de si, tentando se igualar aos homens, ao invés de valorizar sua essência feminina.
Vejo as mulheres sobrecarregadas com suas ocupações. Trabalhar, estudar, cuidar da família, se cuidar, tudo isso é um grande peso. Por mais que o companheiro ajude no que pode, algumas coisas são essencialmente femininas e acaba sendo pesado. Creio que para mudar, os homens têm de ser educados para valorizar e respeitar as mulheres, mesmo em suas limitações e as mulheres também devem se valorizar e respeitar, dando voz à sua essência feminina e não querer se igualar ao homem, porque homem e mulher são essencialmente diferentes”.
          Entre os pontos positivos na sociedade moderna com relação à mulher, Andrea aponta que “cada vez mais ela vem encontrando seu espaço, tendo autonomia e apoio, apesar de muita ainda precisar ser feito”.

Mudanças são fruto de trabalho

          Para a administradora de empresas Sandra Regina Bertelli (foto), de 59 anos, não há dúvida de que as mulheres hoje têm mais liberdade do que há 30 anos. “Porém, todas as conquistas que fizemos e fazemos foram através de um árduo trabalho de mudança de valores, através dos tempos, tanto para os homens, como para as mulheres”.
          Apesar das conquistas, ela também já se sentiu discriminada. “Sim, muitas vezes, e ainda acontecem situações de discriminação por eu ser mulher, mas com a maturidade aprendi a superar com atitudes positivas, mostrando para o outro o quanto ele está errado. Às vezes funciona, outras não”.
          Sobre o machismo na sociedade e a educação dos filhos, Sandra diz que “nos dias atuais, não são somente as mulheres que educam os filhos, a participação dos pais está cada vez maior. Em outros tempos, sim, a educação ficava à cargo das mulheres, mas acredito muito em educar por exemplos, e os filhos viam muito o exemplo machista dos pais, portanto, tornando-se pessoas machistas, também. As mulheres, por sua vez, eram submissas em sua maioria e permitiam essas atitudes em suas vidas”. Para que homens e mulheres tenham direitos iguais, Sandra Bertelli afirma que “a conscientização das mulheres é o passo mais importante. Somos nós que temos que mudar, para que tudo e todos mudem ao nosso redor. Quando assumimos nossas vidas, como pessoas independentes e competentes, que somos, tudo pode mudar. Mas sei que não é um caminho fácil. Na minha opinião, o maior problema é se encontrar em relacionamentos machistas, onde o homem tem a pretensão de achar que são seus donos e que mandam em suas vidas. Elas têm que fazer o que eles querem e assim, se anulam por completo. A mudança vem com a conscientização de que são pessoas inteiras e íntegras, que não precisam se submeter a esse tipo de relacionamento tóxico, que podem encontrar outros homens e serem felizes”, finalizando, a administradora ressalta que “há muito pontos positivos na sociedade atual. Um dos mais importantes, é a divulgação de assédios e agressões, quando você vê que outra mulher passa pelo mesmo que você, consegue se ver como vítima de uma situação e ter forças para mudar”.

Conquistando espaço
Arlete Neves

           Para a autônoma Arlete Santos Neves, 59 anos, “com certeza a mulher conseguiu seu espaço na sociedade, e cada dia vemos mais mulheres se igualarem nas profissões que antes eram só para homens “.
          A própria Arlete é um exemplo de superação e da força da mulher. Mãe, avó, bisavô, comerciante, nadadora medalhista, artesã, alfabetizada, motorista independente. Sua vida daria um livro. E ela já confidenciou que desejar escrevê-lo. “Sofri durante toda minha vida muito assédio por parte dos homens. Ainda quando criança algumas situações desagradáveis. No trem, no ônibus, e até no trabalho, mas sempre fui muito malcriada e valente. De certa forma esse meu jeito me protegeu e me protege até os dias de hoje”.

Discriminação
“No meu ponto de vista a discriminação existe entre homens e mulheres. Muitos homens acham que as mulheres não podem fazer certas coisas; que é só pra homens, mas a mulher também discrimina o homem que, por livre escolha, goste de dançar, cozinhar, fazer crochê, ou ser cabeleireiro de mulheres, que às vezes lavam louças e roupas, cuidam das crianças. Isso tudo é fato. Temos o livre arbítrio, direitos e deveres. Isso cabe a qualquer ser humano independente do sexo, raça ou qualquer coisa, só temos que aprender a respeitar as escolhas de cada um e aceitar as pessoas como elas são”
Para Arlete “o maior problema ainda é a violência contra as mulheres, a polícia não a protege, a lei é branda e falha; elas sofrem ameaças, fazem a denúncia e nada acontece, só depois que o pior acontece é que as providências são tomadas, acho que as leis deveriam ser mais duras para que o simples agressor na primeira prática já ir dormir atrás das grades, e o governo dar assistência a mulher e filhos”.
Mesmo com as dificuldades, a artesã reconhece que “as mulheres conquistaram espaço em todos os pontos da sociedade, motorista de ônibus, piloto de avião, delegada, mecânico de autos, etc...Eu mesma fiz curso de formação de segurança, com 43 homens: eu era a única mulher no curso de 20 dias, participei de todos os treinamentos e fui aprovada com sucesso. Hoje a mulher é casada, tem seus filhos, trabalha fora, estuda, e às vezes ganham mais que seus maridos, dirigem e são independentes “.


Violência silenciosa
O que faz um grande homem é o seu caráter

          Além da violência física, existe uma outra forma de agressão às mulheres; uma ação silenciosa e progressiva, mas que também pode causar muitos danos à pessoa, conforme explica a psicóloga Regina Soares Mendes de Souza, de 60 anos.
          “A violência psicológica ocorre silenciosamente, aos poucos e progressivamente. Manifesta-se quando ocorre o impedimento de pequenas decisões no cotidiano. Em nome da proteção e do ciúme desqualifica a capacidade de escolha desta mulher. Fere sua autoestima fazendo comparações com outras mulheres, sempre ressaltando qualidades nas outras. Castra-lhe os sonhos! A forma de combatê-la é estabelecer uma relação linear e não vertical. É fundamental o respeito pela individualidade um do outro”.
          Para a psicóloga, “a situação da mulher no mundo no tocante à liberdade de expressão e de escolha, autonomia, depende da cultura onde está inserida. Muitas mulheres ainda são perseguidas pelo simples fato de desejarem o respeito, a igualdade de direitos e individualidade. Muitas ainda são reféns de ideologias e crenças hegemônicas”.
          Ela mesma já passou por momentos difíceis: “já vivi uma situação bastante constrangedora na vida profissional quando acharam que, por ser mulher, aparentemente frágil e ingênua, poderiam usar o jogo do poder para me convencer a ter atitudes que contrariavam meus valores e minha ética profissional. Minha atitude foi de enfrentamento, mantendo minha dignidade e auto respeito”.
          Regina Soares afirma ainda que “a educação dos filhos atualmente envolve a mãe e o pai, estando eles vivendo sob o mesmo teto ou não. O que é bastante comum é reproduzirmos na educação dos filhos a mesma forma de como fomos educados por nossos familiares. Bem além do que falamos, nossas atitudes representam maior influência na educação dos filhos. Tanto a mãe como o pai podem ser modelos que pregam a desigualdade de gêneros, o desrespeito e a desqualificação do feminino. É preciso educar para a autonomia e não para a submissão”.
          Conforme a psicóloga, para que homens e mulheres tenham os mesmos direitos é necessário que todos “se apropriem e se empoderem desses direitos enquanto seres sociais, sem prejuízo a individualidade de cada um. Devem estar atentos a não permanecerem em relações abusivas e desrespeitosas que ameacem sua autonomia. Homens e mulheres devem estar cientes de suas responsabilidades, sendo parceiros e não concorrentes na busca da preservação dos direitos de cada um”.
          “Ainda temos uma cultura que banaliza e desqualifica a mulher. Em nome da liberdade de expressão muitas ficam expostas como mercadorias tornando-se simples objetos de satisfação para o outro. A ditadura da beleza estética, a busca de corpos perfeitos tem levado muitas adolescentes e mulheres a desenvolverem baixa autoestima e transtornos de ordem psicológica”, afirma Regina.
          Para ela, “a sociedade machista desenvolveu no homem o sentimento de posse com relação à mulher. Isto gerou a coisificação da mulher. Muitas sofreram e sofrem com o descaso de seus companheiros. A não aceitação de outros homens da rejeição, no caso do término do relacionamento, levam alguns a sentirem-se no direito de tirar a vida de suas ex-companheiras. Com a Lei Maria da Penha algumas mulheres quebram o silêncio e denunciam a violência doméstica na esperança de colocarem um fim no sofrimento, muitas vezes vivido de forma solitária. A violência cresceu muito nas últimas décadas e as mulheres fazem parte desta estatística”.
          Apesar de tudo, a psicóloga cita como pontos positivos na sociedade atual a “maior participação social (da mulher), acesso às mais variadas profissões, maior respeito de seus pares e do universo masculino e a busca por maior capacitação para inserção no mercado de trabalho”.

Texto: Marco Antonio Vieira de Moraes

quarta-feira, 6 de março de 2019

Carros: lançamentos devem agitar o mercado em 2019


As novidades chegam para todos os gostos e bolsos

BMW i8 roadster

          Em 2018, o mercado automotivo brasileiro consolidou sua recuperação após anos de crise. Mesmo com a recuperação lenta da economia nacional (o PIB – Produto Interno Bruto – cresceu 1,1% no ano passado, bem abaixo das expectativas) e o fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, a indústria automobilística espera um ano estável e com crescimento.
          Tanto que vários lançamentos estão previstos para 2019, com modelos para todos os gostos e bolsos. Entre os segmentos que devem apresentar mais novidades, está o dos utilitários esportivos (SUVs, na sigla em inglês); mas o segmento de veículos de luxo e de picapes também deve apresentar novidades. Uma delas é a Dodge RAM 1500, que chega para disputar com a Amarok, da Volkswagen, e outras picapes médias um mercado crescente.

Novas regras
          Especialistas apontam que o setor automotivo conta com novas regras e que isto deve ajudar na previsibilidade do mercado e no planejamento das montadoras.
          Nos próximos meses, as novidades virão de todos os segmentos. O veículo mais vendido do país, Chevrolet Onix, deve ganhar a segunda geração. Enquanto isso, a Volkswagen continua sua busca pela liderança do mercado. Para 2019, a maior aposta é o SUV compacto T-Cross A Fiat também promete acirrar a disputa com o 500X. Veículos consagrados também devem pintar por aqui. É o caso das novas gerações de BMW Série 3, Porsche 911 e a versão híbrida flex do Toyota Corolla.

Audi
Audi A8

A montadora alemã deve apresentar as novas versões dos modelos A6, A7 e A8, este último o topo de linha da marca, que virá com duas motorizações, sendo uma delas um potente V8 de 466 cv. A outra é o mesmo motor V6 usado pelos modelos A6 e A7.
Apresentado no Salão do Automóvel, o sedã A6 chega ainda no primeiro semestre do ano em duas versões. A de entrada será equipada com motor 2.0 turbo de 245 cavalos de potência, enquanto a topo de linha terá um 3.0 V6 de 340 cv. A nova geração do A7 também chega este ano em configuração única, sempre equipado com motor 3.0 V6 de 340 cv de potência e câmbio automático de 7 marchas. De acordo com a Audi, ele vai de 0 a 100 km/h em 5,3 km/h.  
A Audi também deve trazer novidades no segmento de utilitários esportivos (SUVs) e station wagon (as famosas peruas). São os modelos Q8 e Avanti RS4, irmã menor da lendária RS6, a station mais rápida do mundo (há vídeos com ela andando a 300 km/h nas autobahn alemãs).
Audi RS4

Um dos destaques do último Salão do Automóvel, o Q8, maior SUV da Audi, está confirmado para chegar em 2019 ao mercado brasileiro. Sua versão única será equipada com motor 3.0 V6 de 340 cv, câmbio automático de 8 marchas e tração integral. 

Segundo semestre
Para o segundo semestre, a Audi guarda o lançamento do seu primeiro carro totalmente elétrico. O SUV E-Tron tem dois motores elétricos que, juntos entregam 435 cv e têm autonomia de até 400 km. E vem também a nova geração do A5, em uma versão superesportiva que chegará nos modelos cupê (talvez no primeiro semestre) e Sportsback. Ambos os modelos são equipados com o mesmo motor do RS 4, o 2.9 V6 biturbo de 450 cv.

BMW
BMW i3

          A montadora traz a nova geração importada da série 3 e chega às lojas ainda neste semestre. A produção nacional deve ser iniciada na segunda metade do ano. O modelo i3 será equipado com um motor 2.0 a gasolina, com opções de 184 cv ou 258 cv. 

Série 8 – nova geração
O maior cupê da marca alemã foi lançado no exterior em junho do ano passado. Assim como o Série 3, o cupê estava no Salão e foi confirmado para chegar em 2019. Sem data ou preços divulgados, ele chegará com motor 4.4 V8 de 530 cv e 76,5 kgfm de torque. 

i8 Roadster – nova versão e reestilização
A versão conversível do esportivo híbrido deverá ser vendida por aqui sob encomenda. Além de adotar a cara nova da linha i8, o modelo terá opção de recarga sem fio. O motor 1.5 a gasolina se une a um elétrico para entregar 369 cv.

Modelo inédito

Confirmado, o X7 (foto) chega este ano para ocupar o topo da gama da marca. O modelo tem versões a diesel com 265 e 400 cv e a gasolina com 340 e 462 cv. Ainda não está definido quais virão ao Brasil. 

Nova bateria e autonomia maior
O i3 vendido no Brasil, que foi reestilizado em 2018, deverá ganhar as alterações do modelo europeu, com novas baterias que aumentam a autonomia de 200 para 260 km em uso real. Nos testes de laboratório, a marca divulga 360 km.


SUV Fiat
Parece que o sucesso dos veículos utilitários esportivos (SUV, na sigla em inglês) mostra que esta é uma tendência que veio para ficar. A montadora italiana Fiat confirmou que seu 1º SUV nacional será lançado em 2021. Além do modelo, o grupo Fiat Chrysler (FCA) também anunciou a chegada da Dodge RAM 1500 no mercado brasileiro ainda em 2019. As informações foram reveladas pelo o italiano Antonio Filosa, presidente da montadora para a América Latina.
          A companhia aposta no sucesso do segmento dos SUVs para lançar um modelo baseado no conceito Fastback, apresentado no Salão do Automóvel do ano passado e com inspiração na picape Toto, mesmo sendo um utilitário esportivo. O modelo possui linhas que lembram um cupê, com o teto com uma queda suave. De acordo com Filosa, o carro já está em um estágio avançado de aprovação (mas ainda não está pronto), e será direcionado à América do Sul.

Mais picapes

Segundo o portal G1, da Globo, a Fiat Strada terá um substituta em breve, que já está em desenvolvimento. Filosa reiterou a chegada deste novo modelo, que não será baseada no Mobi.
Outra futura picape confirmada para o país será a RAM 1500 (foto), que chega entre o 3º e o 4º semestre de 2019. "Será um modelo dedicado a um público exigente", afirmou Filosa. O preço ainda não está decidido, mas o executivo apontou para a estudos relacionados ao dólar, uma vez que a 1500 será importada.

Texto: Marco Antonio
Fotos: Divulgação