quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Caminhar: a receita para a saúde física e espiritual


Jornalista faz caminhadas e trilhas e melhora sua qualidade de vida

Jornalista Edmundo Nogueira

          Encontrar-se na vida pode não ser algo tão simples assim. Até porque o homem tende a tornar a vida mais complicada do que já é. E muitas vezes busca por poder, riquezas materiais, ascensão social, esquecendo que as maiores riquezas, aquelas que realmente importam, estão dentro do homem: amor, compaixão, respeito, humildade, honestidade e fé.
          John Lennon disse uma vez: “Não se drogue por não ser capaz de suportar sua própria dor. Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo”.
          Mas para encontrar-se espiritualmente, o homem precisa iniciar uma caminhada de verdade. Deixar para trás os problemas e o estresse da vida moderna, limpar a mente, respirar ar puro, reconectar-se com a natureza, consigo mesmo e com Deus. Tudo isso e a melhora da qualidade de vida do caminhante.
          O jornalista Edmundo Vasques Nogueira, de 52 anos, é um adepto das longas caminhadas (põe longa nisso) e destaca toda a melhoria que sentiu em sua vida. Em 2013, durante o carnaval, ele percorreu mais de 200 km a pé, fazendo o Caminho Da luz (Leia mais sobre este caminho no final desta matéria) acompanhado dos filhos Augusto e Gabriel, escalou o Pico das Bandeiras, uma experiencia que, segundo ele, “permite um encontro maior com Deus e nós mesmos”.
          Edmundo Nogueira concedeu entrevista exclusiva ao Marconews para falar da sua experiência por caminhos e trilhas, sejam eles das cidades, do campo, ou da vida. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
Percorrendo o Caminho da Luz


Marconews - Por que você começou a fazer estas caminhadas/trilhas? Você vai sozinho ou acompanhado?
Edmundo Vasques Nogueira - A caminhada é uma forma de desocupar a mente das questões do nosso dia a dia e, também, fazer um exercício físico. Bom pra saúde física e melhor ainda pra saúde mental. Faço parto de um grupo de caminhantes, mas também faço minhas caminhadas sozinho.

Marconews - Você faz algum tipo de preparação física?
Edmundo Nogueira - Faço caminhadas menores pela cidade, principalmente nos finais de semana. Durante semana procuro sempre fazer alongamentos.

Marconews - O que mais te impressiona durante o passeio?
Edmundo Nogueira - O convívio com a natureza. Numa trilha é possível fazer um “desligamento” da nossa rotina do dia a dia. A presença da natureza ajuda o encontro com nossos sentimentos. É um verdadeiro mergulho interior.

Marconews - Qual a caminhada mais longa que já fez? Em quanto tempo?
Edmundo Nogueira - Em 2013 eu e meus filhos Augusto e Gabriel fizemos o “Caminho da Luz”, uma caminhada de 7 dias e 206 km subindo as montanhas de Minas Gerais, na região do Alto Caparaó. No último dia chegamos ao topo do Pico da Bandeira, com 2.892 metros de altitude.

Marconews - Você sentiu melhora na sua qualidade de vida?
Edmundo Nogueira - Uma grande melhora. Fisicamente exercitamos o corpo e o melhor é recarregar as energias junto a natureza. Quando vou sozinho também aproveito para sentir melhor o momento que estou vivendo.

Marconews - Qual a maior dificuldade no passeio? Quais os cuidados que você toma com relação à segurança, alimentação e hidratação, descanso? Que equipamentos você leva?
Edmundo Nogueira -Com um bom planejamento, não existem dificuldades. Nossa cidade é tranquila e quando vamos pra área rural as pessoas são mais receptivas ainda. É importante beber muita água para não sofrer uma desidratação, uma vez que a caminhada pode durar 6 horas ou mais. Também levo sempre frutas. Não costumo fazer muitas paradas para não “esfriar”. Levo uma mochila com a água, alimentos, agasalho, repelente. Também levo bastões de trilhas, que ajudam nas subidas.

Marconews - Como você escolhe o destino e o ponto de partida?
Edmundo Nogueira -Itapetininga tem muitas estradas rurais e trilhas excelentes, arborizadas e com trajetos agradáveis. A escolha é a distância ideal (próxima de 20 km) e a facilidade para voltar (ônibus, Uber, etc).
Com os filhos, no Pico da Bandeira


Marconews - Algum conselho para quem quer fazer caminhada ou trilha?
Edmundo Nogueira - Começar. Pode ser caminhando pela cidade. Depois escolhendo lugares agradáveis. No início distâncias menores. Depois, naturalmente, a pessoa vai querer aumentar. O importante é que a caminhada seja uma atividade prazerosa que traga bem-estar. 

O que é o caminho da Luz
          Considerado o Santiago de Compostela brasileiro (em uma referência ao famoso caminho percorrido por peregrinos de todo o mundo, na Espanha), o Caminho da Luz é, de acordo com o site trilhaserumos.com.br, “é uma rota de peregrinação que percorre cerca de 195 km no leste do estado de Minas Gerais, com início na cidade de Tombos e término no Pico da Bandeira, na cidade de Alto Caparaó. Uma organização chamada Abraluz (Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz) administra o percurso implantado em 2001, cuidando do credenciamento dos caminhantes, sinalização da rota e demais detalhes”.
          Ainda segundo o site, o caminho oferece “peregrinação religiosa, ecológica e histórica. O roteiro passa por dentro de várias propriedades particulares, e por isso é recomendado o credenciamento de quem pretende percorrê-lo, que pode ser feito na cidade de Tombos. Algumas operadoras de turismo são credenciadas à Abraluz e oferecem pacotes fechados. Assim como em Santiago de Compostela, o caminhante recebe sua credencial, que é carimbada nos locais de pernoite. Apesar disso, é possível fazer o caminho sozinho já que todo o percurso é sinalizado e os moradores ao longo do roteiro sempre estão prontos para atender o caminhante”.

          O site informa ainda que “leva-se, em geral, sete dias para se completar a caminhada, mas o percurso também pode ser feito de bicicleta ou, ainda, a cavalo. No caminho a paisagem é composta por inúmeras cachoeiras, vales silenciosos, fazendas centenárias, florestas, escarpas montanhosas e outros santuários culturais e ecológicos. Vale destacar belezas como o Santuário da Pedra Santa, Água Santa, Cordilheira da Montanha Sagrada do Caparaó, Águas do Carfanaum, Pedra Dourada, Cachoeira de Tombos, Serras de Caiana e dos Cristais e jardins floridos de Espera Feliz, com sua fonte a esperar o caminhante para dar-lhe da mesma água que os tropeiros bebiam no século XVIII”.

Texto: Marco Antonio Vieira de Moraes
Fotos: Arquivo Pessoal Edmundo Nogueira

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