terça-feira, 16 de setembro de 2014

Revista aborda os problemas causados pela seca


A maior estiagem dos últimos 50 anos apontou a falta de estrutura para enfrentar o desafio da crescente demanda por água e energia

 

A grande seca que afeta São Paulo é tema de reportagem da edição de setembro da revista Hadar (www.revistahadar.com.com.br). O estado mais rico e populoso do Brasil, com uma população estimada, segundo o IBGE, em 44 milhões de pessoas, enfrenta um desafio à altura de sua fama e de sua história: onde buscar água e como fornecer esse bem essencial para tanta gente? Como está a estrutura e os investimentos para atender a demanda por água e energia? Como o Estado – e a nossa Região – está tratando do tema? Estamos sabendo usar os nossos rios e mananciais de forma sustentável? O que está sendo feito para estimular ações politicamente corretas, como o uso racional da água ou a utilização de fontes de energia limpa e renovável? Estas são algumas questões que a matéria especial da revista Hadar levanta, no momento em São Paulo enfrenta a pior seca em meio século, que já leva ao racionamento de água em alguns municípios.
Pelo menos até sexta, o céu
de Itapetininga deve permanecer assim
E a previsão para esta semana não é das melhores. Segundo o site Clima Tempo, a temperatura deve elevar-se nos próximos dias, chegando a 25º C na quarta e 30ºC na quinta-feira, com possibilidade de pancadas de chuva, mas com pequeno volume. Na sexta, a temperatura mantem-se na faixa dos 27ºC graus mas podem ocorrer pancadas de chuva a tarde e a noite.
 
Sem chuva
São Paulo não vê uma chuva forte o suficiente para elevar o nível dos rios e reservatórios há meses. Embora a situação seja particularmente crítica na Capital (com mais de 11,6 milhões de habitantes) outras cidades do Estado já sofrem com o racionamento, como é o caso de Itu. Procurada pela reportagem, a Sabesp encaminhou uma nota, divulgada no começo de agosto, onde afirma que “nenhum dos 364 municípios operados pela Sabesp enfrenta qualquer restrição no abastecimento de água, tanto na capital e Região Metropolitana de São Paulo, quanto no interior, apesar da estiagem que reduz a vazão dos principais mananciais paulistas e que já traz problemas para dezenas de cidades no Estado”.
Ainda segundo a nota, “nos últimos três anos, desde 2011, foram construídos 202 poços, outros sete estão em execução e um em contratação. O investimento passa de R$ 27 milhões e a disponibilidade de água aumenta em 1,5 mil litros por segundo. Além dos poços, 30 novas estações de tratamento de água serão entregues no período 2011/2014. Já foram concluídas 18, beneficiando a população de oito grandes regiões: região de Franca, região de Itapetininga, Botucatu, Vale do Paraíba, região de Jundiaí, Registro,  além do Litoral Norte e Baixada Santista”.
 
Plano Diretor
Rio Itapetininga no passado, com o volume normal de água
            O Governo de São Paulo, através da Secretaria de Recursos Hídricos e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) finalizou recentemente o Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos, que prevê diversas ações para garantir o abastecimento da população, sobretudo na chamada Macrometrópole Paulista, que nada mais é do que o grande conglomerado urbano que surgiu nos últimos anos, como na região entre Campinas e a capital paulista, por exemplo.
            Segundo prefácio assinado por Alceu Segamarchi Júnior, superintendente do DAEE, “A ampliação da complexidade dos sistemas de infraestrutura e dos serviços públicos exige, agora, novos recortes territoriais de análise, incorporando outras bacias hidrográficas e, além das Regiões Metropolitanas, os aglomerados urbanos instituídos a partir de 2011, conformando-se a chamada Macrometrópole Paulista, objeto de estudo deste Plano Diretor de Aproveitamento dos Recursos Hídricos”. Segamarchi explica que o trabalho foi “elaborado por uma equipe multidisciplinar e acompanhado por técnicos do DAEE, da Sabesp e de três Secretarias do Governo do Estado, e produziu um valioso instrumento de planejamento e de gestão integrada, capaz de subsidiar a tomada de decisões e ações necessárias para garantir a segurança hídrica de uma imensa mancha territorial”. Segundo o estudo, já existe a “necessidade de criação de novos sistemas de captação e reservação de água bruta em um cenário que inclui a renovação da outorga do Sistema Cantareira. Ao mesmo tempo, incorpora as ações de curto prazo, parte das quais já está sendo executada pelo Governo do Estado, além de um plano de investimentos de médio e longo prazos a ser revisto periodicamente”.
De acordo com Segamarchi, este é o terceiro plano diretor desenvolvido pelo DAEE em mais de 60 anos. O primeiro, elaborado nos anos 60 e implantado a partir de 1964, “visava o controle das cheias da capital e municípios vizinhos – por meio de construção de barragens e do desassoreamento dos rios Tietê, Tamanduateí, Pinheiros e seus principais afluentes –, além do abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo e do destino final do esgoto gerado por sua população. Em 1993, o primeiro Plano foi revisado, atualizado e ampliado com a incorporação das Bacias do Alto Tietê, Piracicaba e Baixada Santista. Concluído em 1995 pelo consórcio Hidroplan (Coplasa-Etep-Figueiredo Ferraz- Hidroconsult-Maubertec), tinha um horizonte projetado para 2020”, disse o superintendente.
 
Novo sistema em 2018
            O estudo aponta necessidade de investimentos vultuosos, que podem superar os R$ 10 bilhões. Além disso, indica a necessidade da entrada em operação, em 2018, do Sistema São Lourenço, iniciativa já em curso de implantação, “e a intensificação do uso da tecnologia de reúso da água, nos moldes do projeto Acquapolo, que atende as indústrias do Polo Petroquímico de Mauá. Os investimentos podem variar, a preços de dezembro de 2012, de R$ 4,6 bilhões a R$ 10,8 bilhões, a depender da menor ou maior complexidade das obras que compõem cada uma das soluções selecionadas. Mas há outros fatores, além dos recursos financeiros, a serem considerados na tomada de decisão: conflitos ambientais, restrições legais, dificuldades político-institucionais e, também, o tempo necessário para a implantação das obras. Em qualquer das soluções estudadas, o Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole aponta a necessidade de um novo sistema de grande porte para ampliar, de forma significativa, a disponibilidade de água bruta para a região e alerta para a urgência da tomada de decisão e o preparo de estudos e projetos”.
            O estudo ressalta que “projetos de grande porte para a ampliação da oferta de água têm longa maturação, cerca de 10 anos. É essencial, portanto, a agilização dos procedimentos com o objetivo de reduzir a crescente vulnerabilidade da Macrometrópole em termos de segurança hídrica”.
           
Gigante ameaçado
            A longa estiagem e a atividade de poços clandestinos representam ameaça até para um imenso reservatório subterrâneo de água doce: o aquífero Guarani, que abastece alguns municípios paulistas.
            A represa de São José do Rio Preto é reflexo da pior seca das últimas décadas na Região Sudeste. Os moradores só não enfrentam desabastecimento porque a cidade conta com outras reservas. 70% da água que chega às casas vem dos Aquíferos Guarani e Bauru. O Aquífero Guarani é o maior manancial de água doce do mundo. Ele abrange oito estados do Brasil, além do Uruguai, Paraguai e Argentina. Há estudos que estimam as reservas permanentes deste manancial em mais de 45 mil km3 de agua. O que seria suficiente, segundo técnicos, para abastecer toda a população brasileira por um longo período.
Mas, por maior que seja, o aquífero é finito e depende das chuvas para manter seu volume. Sua importância é estratégica e o seu uso deve ser feito com planejamento, pois pode fornecer água para agricultura, abastecimento, lazer e turismo, mas a retirada indiscriminada de suas reservas e a seca, constituem uma ameaça real a este gigante. A água subterrânea é retirada por meio de poços artesianos. Em São José do Rio Preto são quase 250 poços que retiram água dos Aquíferos Bauru e Guarani. Como não é poluída, pois é filtrada no longo caminho entre a superfície e o aquífero, a água não precisa passar pela estação de tratamento convencional. Recebe flúor e cloro no poço. Uma bomba instalada onde a lâmina de água é mais espessa bombeia a água pra cima. O problema é que existem, além dos poços municipais, quase 3,8 mil poços retirando água do aquífero, a maioria de forma descontrolada e clandestina.
            Veja reportagem completa na edição impressa da revista Hadar.

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