terça-feira, 28 de novembro de 2017

AIDS: cresce número de casos novos no Brasil

A boa notícia é que acesso ao tratamento cresce em todo o mundo e mortes caem

Cartaz da campanha do UNAIDS


          O número de casos novos de Aids no Brasil cresceu 3% entre 2010 e 2016, segundo relatório da UNAIDS, órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) criado para lidar com a epidemia, que atinge quase 37 milhões de pessoas no mundo todo, sendo 2,1 milhões crianças com menos de 15 anos. Ainda de acordo com o relatório, o número global de novos casos da síndrome caiu 11%. Criado em 1988, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Dia Mundial de Luta contra a Aids é comemorado em 1º de dezembro e tem por objetivo conscientizar a população do planeta sobre a pandemia (epidemia que se espalha por toda a Terra) da Aids.
          Aqui no Brasil, o presidente Michel Temer sancionou no dia 8 de novembro a lei que instituiu o Dezembro Vermelho, campanha que visa conscientizar e prevenir sobre o perigo da Aids e outas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

América Latina e Brasil
De acordo com o UNAIDS, a elevação dos casos no Brasil pode ser considerada pequena, passando de 47 mil novos casos em 2010 para 48 mil em 2016. Para o Ministério da Saúde, a grande população causa distorções na análise e teria sido melhor utilizar taxas de detecção da infecção, obtidas pela divisão do número de casos pelo número de habitantes. Assim, os dados epidemiológicos do Brasil indicariam a estabilização da epidemia, com viés de queda.
O número de mortes relacionadas com a Aids na América Latina diminuiu, em 12% entre os anos 2000 e 2016, apesar dos dados "preocupantes" em países como a Bolívia, Guatemala, Paraguai e Uruguai.  No ano 2000 morreram na região cerca de 43 mil pessoas. Já em 2016 esse número caiu para 36 mil, um declínio a partir do aumento da disponibilidade de tratamentos antirretrovirais, segundo o último relatório apresentado em Paris (França) pelo órgão.
O UNAIDS revelou que a quantidade de soropositivos com acesso a tratamentos antirretrovirais deu um salto em seis anos (58%), passando de 511.700 pessoas em 2010 para 1 milhão em 2016, o que coloca a região acima da meia mundial (53%).
O HIV, classificado como ameaça para a saúde pública pela ONU, afeta um total de 36,7 milhões de mulheres e homens em todo o planeta, e desde a sua descoberta, em 1981, provocou 36 milhões de mortes.

Mortes
No ano passado, cerca de um milhão de pessoas morreram por complicações relacionadas à Aids, mas o número, apesar de alto, representa uma “virada decisiva” no combate à doença, anunciou a Organização das Nações Unidas. Há pouco mais de uma década, em 2005, o HIV provocou a morte de 1,9 milhão de pessoas.

Expectativa de vida
E com acesso a tratamentos, os pacientes estão vivendo mais e melhor. Em países do leste europeu e do sul da África, por exemplo, a expectativa média de vida cresceu em quase dez anos entre 2006 e 2016.
O relatório alerta, entretanto, que os bons resultados não são compartilhados por todas as regiões. No Oriente Médio e no Norte da África, e na Europa Oriental e Ásia Central, as mortes relacionadas com a Aids aumentaram 48% e 38% respectivamente, principalmente pela falta de acesso a tratamentos.

Relatório
O relatório do UNAIDS Acabando com a AIDS: progresso rumo às metas 90–90–90 mostra que, pela primeira vez, o jogo virou: mais da metade de todas as pessoas que vivem com HIV no mundo (53%) agora têm acesso ao tratamento do HIV. Além disso, as mortes relacionadas à AIDS caíram quase pela metade desde 2005
O relatório fornece também uma análise detalhada dos avanços e desafios para alcançar as metas de tratamento 90–90– 90. Os objetivos foram lançados em 2014 para acelerar o progresso na resposta ao HIV, de modo que, até 2020, 90% de todas as pessoas vivendo com HIV conheçam seu estado sorológico positivo para o vírus, 90% de todas essas pessoas diagnosticadas com HIV tenham acesso ao tratamento antirretroviral, e que 90% de todas as pessoas em tratamento tenham carga viral indetectável.

Epidemia entre jovens
Os riscos de HIV entre adolescentes e jovens são maiores quando a transição de idade ocorre em ambientes desafiadores, com acesso insuficiente a alimentos, educação e moradia e com altas taxas de violência. “Percepções de baixo risco de infecção, uso insuficiente do preservativo e baixas taxas de testagem de HIV persistem entre os jovens”, afirma o relatório.
Apesar das taxas de informação sobre o HIV terem aumentado, apenas 36% de homens jovens e 30% de mulheres jovens (entre 15-24 anos) tinha um conhecimento abrangente e correto sobre como prevenir o HIV nos 37 países com dados disponíveis para o período de 2011 e 2016.
Das 4.500 novas infecções por HIV em adultos em 2016, 35% ocorreram entre jovens de 15 a 24 anos.

Campanha
O UNAIDS lançou no dia 6 de novembro sua campanha global para a mobilização da sociedade em torno do Dia Mundial contra a AIDS, celebrado em 1º de dezembro. A campanha, Minha saúde, meu direito busca explorar os desafios que as pessoas em todo o mundo enfrentam no exercício de seus direitos.
“Todas as pessoas, independentemente de idade, gênero, de onde vivem ou de quem amam têm direito à saúde”, disse Michel Sidibé, Diretor-Executivo da UNAIDS. “Não importa quais são suas necessidades de saúde, todos precisam de soluções de saúde disponíveis e acessíveis, de boa qualidade e sem discriminação”. O direito à saúde está consagrado no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 como o direito de todos ao gozo do mais alto padrão possível de saúde física e mental. Isso inclui o direito de todos à prevenção e ao tratamento da saúde debilitada, à tomada de decisões sobre a própria saúde e ao tratamento com respeito e dignidade.
A campanha lembra as pessoas que o direito à saúde é muito mais do que o acesso a serviços de saúde e medicamentos de qualidade, que também depende de uma série de garantias importantes, incluindo saneamento e habitação adequados, condições de trabalho saudáveis, ambiente limpo e acesso à justiça.
Se o direito da pessoa à saúde é comprometido, muitas vezes, ela não consegue efetivamente prevenir doenças, incluindo o HIV, ou ter acesso ao tratamento e aos cuidados. As pessoas mais marginalizadas da sociedade, incluindo profissionais do sexo, travestis e pessoas trans, pessoas que usam drogas injetáveis, gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas nas prisões e migrantes, geralmente são menos capazes de acessar seu direito à saúde; eles também são os mais vulneráveis ​​ao HIV.
A maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável está vinculada, de alguma forma, à saúde. Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o fim da epidemia de AIDS como ameaça para a saúde pública até 2030, dependerá fortemente de garantir o direito à saúde para todos.
Minha saúde, meu direito incentiva as pessoas a compartilhar seus pontos de vista e preocupações em torno da garantia de seu próprio direito à saúde e da criação de um movimento que destaque a importância de se acabar com as desigualdades na saúde.

Governo institui Dezembro Vermelho
A lei que institui a campanha nacional de prevenção ao HIV/aids e outras infecções sexualmente transmissíveis, denominada Dezembro Vermelho, foi sancionada pelo Governo Federal e publicada no Diário Oficial da União no dia 8 de novembro.
De acordo com a lei, a campanha terá foco na prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/aids e será constituída de um conjunto de atividades e mobilizações relacionadas ao enfrentamento da doença. As atividades e mobilizações da campanha serão desenvolvidas de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde(SUS), de modo integrado em toda a administração pública, com entidades da sociedade civil organizada e organismos internacionais.
Entre outras ações, estão previstas a iluminação de prédios públicos com luzes de cor vermelha, promoção de palestras e atividades educativas, realização de eventos que tratem do tema e veiculação de campanhas na mídia.
Veja matéria completa na edição de dezembro da revista Hadar

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