quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Denúncia: cidade tem sua cracolândia

Galpão frequentado por usuários de drogas
Um problema grave enfrentado pelas grandes cidades do Brasil também está ocorrendo em Itapetininga: usuários de drogas, principalmente o crack, se concentram em uma determinada região da cidade, onde consomem abertamente os produtos e ameaçam e roubam quem passa por perto, além de perturbarem moradores das proximidades, pedindo comida e outras coisas. Além do consumo, o tráfico de drogas também é feito abertamente.
            O Marconews recebeu a denúncia na segunda quinzena de janeiro. Segundo informações, o local escolhido pelos usuários e traficantes é a área próxima a linha férrea que corta a cidade, mais precisamente onde antes estavam os barracões da América Latina Logística (ALL), na vila Arlindo Luz, entre as vilas Paulo Ayres, Arruda e Prado. Segundo uma fonte anônima, o movimento nessa área torna-se mais intenso à noite, a partir das 23 horas, e vai até de madrugada. “As pessoas parecem zumbis andando ao longo da linha do trem”, disse a fonte. É intenso também o movimento de carros, inclusive alguns modelos de luxo, que aparecem para comprar drogas. A concentração de usuários e traficantes fez com que o local fosse chamado de Cracolinha.
            Ainda de acordo com uma fonte anônima, as melhorias que foram feitas no terreno, como limpeza e a construção de um acesso para facilitar a passagem até a Vila Paulo Ayres, acabaram sendo utilizadas pelos dependentes e traficantes. Há relatos de pessoas que ficam escondidas em bueiros e galerias de águas pluviais, onde podem usar drogas livremente, como também emboscar passantes incautos.
            Moradores ouvidos pela reportagem dizem que evitam passar pelo local durante a noite e madrugada, mesmo quando estão a caminho do trabalho. Ainda segundo moradores, a maioria dos usuários é jovem, alguns com menos de 18 anos.
            Conforme moradores, os freqüentadores da Cracolinha costumam invadir as residências e cometer pequenos furtos, pelo menos até o momento. Nem a limpeza do terreno próximo à linha férrea, realizada recentemente pela Prefeitura, afugentou os usuários e traficantes do local.

Zumbis
            Os zumbis humanos costumam se dispersar com a chegada da Polícia Militar, mas apenas por pouco tempo. “É só a PM ir embora que tudo volta”, disse uma pessoa. Também há informações de que assistentes sociais que trabalham no CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) teriam sido ameaçadas por usuários de drogas. O centro possui três assistentes sociais. Segundo informações, o centro mudou de endereço, sendo instalado em uma casa fechada por muros altos, por causa das ameaças.
            O Marconews entrou em contato com a Prefeitura, através da assessoria de imprensa. Segundo informações, não há registros de que assistentes sociais tenham sofrido qualquer tipo de ameaça. Além disso, o CRAS realmente mudou de endereço, mas não recentemente, de acordo com a assessoria de imprensa.
            No último sábado, dia 11,  funcionários municipais, escoltados pela Guarda Municipal, demoliram um imóvel e silos antigos (foto) usados pelos freqüentadores da Cracolinha para o consumo de drogas.

CAPS
            A reportagem encaminhou email pedindo informações ao Centro de Assistência Psicossocial de Vila Belo Horizonte. Até o fechamento desta matéria, porém, não houve resposta.

Câmara
            O caso já chegou até a Câmara local. O vereador Hiram Júnior apresentou requerimento na sessão de segunda-feira, 6, solicitando informações das autoridades estaduais e federais sobre a possibilidade de construção de uma unidade médica especializada no atendimento e tratamento de usuários de crack, com acompanhamento médico e psicológico. Para o vereador, “a situação no município é preocupante”. Adilson Nicoletti é outro parlamentar preocupado com a situação, inclusive com a segurança de servidores da saúde que atuam na Região. Segundo ele, funcionários do CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) “são comumente ameaçados por dependentes químicos em busca de tratamento”. Isto ocorre, segundo o vereador, por desconhecimento por parte dos usuários de drogas, que acreditam que o poder de decisão, nestes casos, está nas mãos dos funcionários. Em requerimento apresentado no último dia 13, Nicoletti solicita informações das autoridades sobre o início das atividades de um centro municipal para tratamento dos dependentes químicos.
Polícia Militar
            Segundo a PM, o policiamento no local já está sendo intensificado no local. De acordo com o capitão Valdemir Aparecido da Silva, “o problema foi hiperdimensionado. O que ocorre é que o Poder Público precisa ocupar melhor aquele espaço. E existe próxima ao barracão uma área de uma empresa privada que precisa de um trabalho de limpeza, poda de mato e remoção de bens inservíveis, porque do jeito que está causa uma sensação de degradação e uma imagem ruim do local”, comentou o oficial.
            O capitão ressalta que a PM “está se fazendo presente naquele perímetro” e relata um aumento no número de abordagens e revistas pessoal feitas no local, que passou de 67 em novembro do ano passado para 88 em janeiro último. Segundo a PM, três condenados foram recapturados no local.
            Com 1731 ocorrências atendidas entre o dia 1º de janeiro e 5 de fevereiro, o município possui uma média de 110 chamadas diárias para a Policia Militar. Para o capitão Valdemir, “é possível dizer que houve um aumento no número de ocorrências envolvendo drogas, tanto no porte quanto no tráfico”.
            O oficial ressaltou ainda que a PM desenvolve um programa educacional, o PROERD, que atua na prevenção e resistência às drogas e violência, orientando jovens estudantes.

Texto e foto: Marco Antonio

Nenhum comentário:

Postar um comentário