terça-feira, 24 de setembro de 2013

Conheça as Danças Circulares Sagradas

Dança é inclusão
 
Danças Circulares Sagradas
Quase tão antiga quanto a própria humanidade, a dança sempre esteve presente na história do homem, seja para agradecer uma boa colheita, comemorar uma vitória ou louvar os deuses. Muito mais do que a expressão física da alegria, a dança integra o indivíduo à sua comunidade e, como um ato social, serve para que sejam feitas novas amizades e até para apresentar uma jovem à sociedade, como são os famosos bailes de debutantes. Como se vê, a dança está entre as atividades mais inclusivas desenvolvidas pelo homem.
            Mas, dentro do espectro quase ilimitado da dança, existem aquelas que favorecem ainda mais a inclusão e a vivência social. É o caso das Danças Circulares Sagradas, que têm esse nome porque colocam as pessoas em contato com o que elas têm de mais sagrado: a sua essência. Afinal, dançar faz bem para o corpo, a alma, a mente e até para as comunidades.
            Géssica Gralhóz é professora de DCS em Tatuí. Leia agora os principais trecos da entrevista.
            “A prática da dança é inerente ao ser humano e há registros de que ela existe desde o Paleolítico. A dança realizada em grupos em forma de círculo aparece depois, no Neolítico. Há evidências de que diferentes povos costumavam reunir a comunidade e dançavam com os mais diferenciados propósitos envolvendo cerimônias, festas ou rituais sagrados. Mas o movimento das Danças Circulares é recente, resultou do encontro entre o bailarino alemão/polonês Bernhard Wosien e a Comunidade de Findhorn, no norte da Escócia, em 1976. Essa comunidade é algo muito especial no planeta. Fundada há 51 anos, é considerada atualmente como referência mundial em permacultura (cultura sustentável) e vida comunitária”, disse Géssica, que visitou o local este ano e se encantou. “É um portal de Luz, não dá vontade de sair de lá”. Ela conta que, nas celebrações dos 15 anos de existência da Comunidade de Findhorn, Peter Caddy, um dos fundadores da comunidade, convidou Bernhard Wosien para ensinar uma coletânea de Danças Folclóricas aos residentes. “Foi um momento surpreendente para todos, Wosien encontrou o que há muito procurava, vivenciou na dança a alegria, a amizade, o amor e constatou que dançar de mãos dadas no círculo possibilitava uma comunicação mais amorosa entre as pessoas. Desse momento mágico, surpreendente e amoroso nascem as DCS”;
            Segundo a professora, as DCS chegaram ao Brasil na década de 80, através de Sarah Marriott, que trouxe as DCS para um centro de vivência em Nazaré Paulista (SP). Sarah morou em Findhorn e resolveu fundar um centro de vivência, trazendo as Danças Circulares Sagradas como parte das atividades do centro.
            Ainda de acordo com Géssica, há mais dois nomes importantes na história das Danças Circulares no país. Um é Carlos Solano, “que chegou inclusive a dar cursos em Belo Horizonte. Mas posso afirmar com muita convicção que a pessoa que investe sua vida, mantém e segura o fogo das DCS no Brasil é Renata Ramos, de São Paulo. Após visitar Findhorn (1992) e fazer seu treinamento com a própria Anna Barton (1993), ela se empenhou em editar em português o material sobre DCS e a Comunidade de Findhorn pela Editora TRIOM. Passou também a dar cursos em todo Brasil; a levar grupos de brasileiros ao Festival de DCS em Findhorn e, a partir de 2002, a organizar o Encontro Brasileiro de DCS que acontece anualmente em Embu das Artes (SP). O Brasil é o lugar do mundo onde mais cresce o movimento das DCS, estamos dançando em todos os estados com diferentes grupos e propósitos. É uma alegria muito grande partilhar desse movimento como brasileira”.
 
Benefícios
            Géssica ressalta que “quando falamos em DCS somos logo remetidos aos benefícios de sua prática. Quando inicio uma prática, ao formarmos o círculo de mãos dadas, algo muito profundo acontece. O fato de estarmos olhando uns aos outros, unidos no círculo, respirando juntos, traz à tona a experiência da comunidade, do amparo, da proteção, da colaboração, da compreensão; rompem-se as barreiras do individualismo, o ego se dissolve, a hierarquia desaparece, formamos um novo ser, único e muito poderoso. Quando a dança começa a ser executada, os passos ainda estão descompassados ao ritmo da música, mas em poucos minutos a harmonia vai se estabelecendo e a grandiosidade da comunidade se revela. Os corações se expandem, o sorriso desabrocha espontaneamente e hesita em desfazer, às vezes algumas lágrimas transbordam da expressão da alma, uma alegria sem tamanho se instala e se expressa em profundo silêncio ou gargalhadas libertadoras”.
            Para ela, a dança provoca a cura em todos os sentidos: do corpo, da alma, das emoções, das relações. “É muito comum em uma partilha pós dança os participantes declararem que fizeram um esforço muito grande no início e depois conseguiram se soltar, mas que não podiam piscar ou deixar a mente fugir dali, senão erravam os passos. É verdade, a prática exige muito foco, principalmente porque todo o seu corpo é estimulado; é preciso ouvir a música com atenção, perceber o ritmo, entender o passo da dança naquele ritmo, deixar a melodia invadir seu coração, relaxar, curtir, acertar o pé, o braço, o giro, o olhar, sorrir... quantos comandos. O cérebro fica tinindo. É uma super ginástica cerebral”, disse a professora.
             Ela explica também que, “em geral, para se beneficiar do potencial de uma dança circular é bom ter entre 10 e 30 pessoas. As práticas podem ser encontradas na forma de vivências de meia hora, oficinas de 3 a 4 horas, cursos curtos de 10 a 16 horas, workshops de 30 a 40 horas ou cursos de formação de 180 horas. E para quem quer ter uma formação teórica aprofundada, a UNIPAZ Campinas oferece o curso de Pós-graduação em Jogos Cooperativos e Danças Circulares Sagradas. Os focalizadores das DCS dedicam-se aos mais variados setores: saúde, educação, empresas e parques. Na saúde vem sendo aplicadas a grupos de psicoterapia, trazendo alegria de viver a pacientes com quadros de depressão; também na Fisioterapia para reabilitação de movimentos; na Saúde Mental como forma de estimular conexões neuronais. Nas escolas as DCS permitem o desenvolvimento das múltiplas inteligências e nas instituições sociais vem ajudando a reinserir valores e comportamentos. Nas empresas, constituem dinâmicas deflagradoras de processos de resolução de conflitos, ou como forma de identificar ou valorizar um aspecto da equipe que precisa ser fortalecido. Nos parques, serve como entretenimento, convite à prática de atividade física e meio de cultivar os valores necessários à construção de uma sociedade sustentável”. Leia matéria completa na edição deste mês da revista Hadar (www.revistahadar.com.br) .
 
Texto: Marco Antônio
Foto: site Ciranda da Lua

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