segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Número de afogamentos na Região está entre os maiores do Estado


Somente na última semana, houve dois casos; Verão é período crítico

 
Tenente Adriano Brito mostra equipamento
usado pelos bombeiros em casos de afogamento
A Região de Sorocaba e Itapetininga, atendida pelo 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, está entre as que mais registram casos de afogamento em águas internas, como são chamados rios, lagos, açudes e piscinas.
Com a chegada do Verão, período considerado crítico, aumenta a procura por lugares onde as pessoas possam nadar e se refrescar. Consequentemente, as estatísticas envolvendo casos de afogamento aumentam.
“Nós temos uma grande rede hidrográfica e a Região é vasta”, comenta o tenente Adriano Augusto Freitas de Brito, comandante interino do 4º Sub-Grupamento da corporação, sediado em Itapetininga e abrangendo uma área de 10 cidades, contando com a sub-sede na cidade de Capão Bonito.
O oficial ressalta que o período considerado crítico, que inclui as férias de verão, está começando. “Até o momento os dados estão dentro do que foi verificado em anos anteriores, mas há anos em que há um pico neste tipo de ocorrência”.
O problema é que a área de atendimento da unidade tem registrado um volume grande de afogamentos, perdendo apenas para a Capital. Para Brito, o tamanho da região, a grande quantidade de chácaras com piscinas, ou que dão fundos para rios ou possuem açudes e lagos contribui para esta situação.
“Proporcionalmente, a nossa área só tem menos afogamentos do que a Capital. Mas é bom que se diga que a maioria dos afogamentos atualmente acontece no que chamamos de águas interiores, como açudes, lagos e piscinas. No litoral, isso acontece menos devido a um maior trabalho de prevenção e o aparelhamento do Estado; e o mar assusta mais também”, observou Brito.
Manter a calma e chamar o bombeiro, evitar lagos, açudes e rios e ter cuidado inclusive em piscinas. Estas são algumas dicas que o Corpo de Bombeiros do Estado procura passar à população. Outro fator de risco é o excesso de consumo de álcool, o que potencializa o perigo de um afogamento.
“Se em piscinas, onde o ambiente é controlado e tem boa visibilidade, o risco é grande de se afogar, imagine em um lago onde a pessoa não sabe a profundidade, se há algo no fundo que possa prendê-la ou machuca-la, como um pedaço de cerca ou de madeira pontiaguda. Não podemos esquecer que um açude é uma região alagada e pode ter objetos no fundo. Além disso, o consumo de álcool exagerado afeta a coordenação da pessoa”, afirmou Brito, acrescentando que mesmo bons nadadores de piscina podem se afogar ao mergulhar em lagos.
 
Mais cuidados
            Saltar de lugares altos, como pontes e pedras, também é perigoso. “A pessoa pode ter um traumatismo, seguido de um afogamento pós-trauma”, observou o bombeiro.
            Brito ressalta, entretanto, que é difícil evitar que as pessoas nadem em açudes e similares. “Há poucas opções de lazer. Por isso, se for nadar, não consuma bebida alcoólica, pois açudes e lagos são imprevisíveis, não há controle e segurança”. Mesmo em clubes que possuem piscina, estes devem zelar pela segurança dos usuários, proporcionando equipamentos e a presença de um salva-vidas.
            No caso de você presenciar um afogamento, a orientação do tenente é “lançar material flutuante, se estiver próximo da pessoa, ou algo para ela se agarrar e depois puxá-la, como um pneu com uma corda”, disse Brito, lembrando que o bombeiro deve ser acionado imediatamente. O socorro também dever feito com cuidado. “Se você estiver em um barco, não se aproxime muito, pois no desespero a pessoa pode virar o barco. O correto é dar o remo para ela segurar até se acalmar e depois puxar para o barco”.
            O oficial ressalta que os bombeiros possuem treinamento para fazer o salvamento. “Muitas vezes, na ânsia de salvar um amigo ou parente, quem vai socorrer acaba se afogando também e a tragédia é ainda maior. Já atendemos ocorrência em que quatro irmãos se afogaram em sequencia, um tentando salvar o outro. Mesmo que a pessoa tenha porte físico, tem de estar acostumada com a água para poder se desvencilhar do outro e retirá-lo da água em segurança”.
            Brito contou que todo o bombeiro recebe treinamento para salvar alguém que está se afogando. Nos casos fatais, chamados de nível seis os bombeiros recebem um treinamento especial de 45 dias para aprender a mergulhar e procurar o corpo, que por vezes está longe do lugar onde afundou, levado pela correnteza. “É bom que as pessoas saibam o quão perigoso é nadar em rios e lagos, pois o bombeiro treina para fazer este trabalho, arriscando-se a ter uma doença descompressiva (devido ao uso de ar comprimido) que pode prejudica-lo no futuro”.
 
Equipamento
Máscara com comunicador subaquático
            Além do kit básico de mergulho, que inclui roupa, máscara e um cilindro de oxigênio que garante uma autonomia de mergulho de uma hora aproximadamente, o grupamento possui uma moderna máscara que possibilita a comunicação via rádio entre o mergulhador e a equipe que está na superfície, com alcance de 50 metros, tanto de distância quanto de profundidade. “Este é um equipamento novo e somente São Paulo e Ribeirão Preto possuem, além de Itapetininga”, contou o tenente Brito. Segundo ele, a máscara custa R$ 30 mil e foi dada ao bombeiro por uma empresa.
            Outro equipamento que está sendo preparado pela corporação é um tanque de mergulho, onde os bombeiros treinarão. Mesmo com todo o treinamento e tecnologia, orientação e prevenção são as principais armas contra os afogamentos. “Há um ditado que diz: água no umbigo, sinal de perigo”, finaliza o oficial.
 
Casos recentes
            O Verão nem bem começou e dois casos de afogamentos já foram regisrados na Região. O corpo de um homem foi resgatado na tarde de sábado (10) em um açude de Itapetininga(SP). De acordo com os bombeiros, a vítima se afogou enquanto brincava na água com um grupo de amigos.
O acidente ocorreu na estrada Jurandir Pinto, no bairro São Camilo. Quando a vítima desapareceu na água, os amigos ainda tentaram fazer buscas enquanto os bombeiros eram chamados, mas sem sucesso. Os mergulhadores levaram aproximadamente uma hora para encontrar o rapaz. O corpo estava a uma profundida de aproximadamente cinco metros. O local é citado pelo tenente Brito como um dos mais arriscados, assim como o Vale San Fernando.
 Outo caso de afogamento aconteceu em Itaberá, no dia 12, quando um homem se afogou em uma cachoeira. O corpo foi encontrado após 45 minutos de buscas. O homem era casado e tinha uma filha de dois anos.
 
Bombeiro mirim
Cerca de 70 crianças participam do curso de Bombeiro Mirim, realizado pela corporação com o objetivo de passar às crianças como é a rotina dos bombeiros e noções de prevenção de acidentes e de como se salvar de um afogamento. O curso vai até a próxima sexta e será encerrado com uma visita à Fazenda do Estado.
“Queremos que as crianças sejam disseminadoras de nossas orientações e ajudem seus pais”, comentou o tenente Adriano Brito.
 
Texto: Marco Antônio
Fotos: Mike Adas/Jornal Correio

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