quarta-feira, 4 de março de 2015

É preciso olhar além


Precisamos aprender a olhar além das aparências

 
Crianças vasculham saco de lixo em Itapetininga

 

 
Clássico da Ficção Cientifica dos anos 90, o filme Inimigo Meu traz uma história que não poderia ser mais conhecida, mas também nunca perde a atualidade. Ao contrário, quanto mais a humanidade avança e se desenvolve técnica e materialmente, mais e mais se torna necessário lembrar o valor da vida e a necessidade de coexistir com seu semelhante. Resgatar valores como lealdade, amizade, respeito pela vida (todo tipo de vida) e saber conviver com as diferentes maneiras de ser e pensar das pessoas. Estas são atitudes simples que poderiam tonar a vida de todos mais fácil.
            Poderiam, mas na realidade não é assim que ocorre. Em pleno século XXI, assistimos o recrudescimento de movimentos e atitudes intolerantes e extremistas, que através da violência e opressão querem impor às outras pessoas a sua visão de mundo, não se importando em matar, torturar e destruir vidas e culturas que não estejam em conformidade com a sua filosofia.
            E o filme acima citado começa partindo desse ponto: duas raças (homem e Drac, um alienígena), que mal se conhecem, mas se odeiam a fundo, tudo por causa de disputas para explorar novos planetas. O filme tem a sua narrativa no espaço, mas poderia perfeitamente se encaixar na história humana, em qualquer época e lugar.
            Na produção, um piloto de combate humano cai em um planeta deserto, após abater uma espaçonave alienígena. O detalhe é que o Drac também cai no planeta. Embora os dois se odeiem e tentem matar um ao outro no começo, a necessidade de se unir para sobreviver faz com que os dois guerreiros comecem a enxergar além das aparências e dos estereótipos e uma sólida amizade cresce entre eles.
            O filme me fez refletir que está na hora (mais do que na hora, de fato) do ser humano olhar para o seu semelhante e enxergar além das aparências, aprofundar o olhar além da superfície do outro, além da casca, por assim dizer.
            Precisamos todos olhar além; olhar nos olhos de nossos irmãos e procurar ver a luz que cada pessoa tem, enxergar sua alma e ter a consciência de que esta pessoa, embora seja diferente de mim e tenha opiniões diferentes, também é um ser humano. Uma pessoa de carne e osso que tem sentimentos, tem família, amigos...Uma pessoa que sente dor e sangra, como todos nós!
            Não é fácil para ninguém conviver com as diferenças, mas respeitá-las é o mínimo para se viver em paz! Assim como liberdade de expressão não dá direito a ofender ninguém só porque é de outra cor, classe social, orientação sexual, religião ou etnia. É preciso enxergar além! É preciso ver o que há por baixo das roupas de grifes famosas e caras, mas também o que existe sob os trapos e as roupas surradas e até o mau cheiro de quem vive esquecido, à margem de uma sociedade que dita padrões de moda, beleza e comportamento. Uma sociedade que vira o rosto ou faz vista grossa para quem vive jogado pelas ruas, para os marginalizados, para quem não teve a sorte de ter uma família estruturada, quem não teve acesso à educação e aprendeu apenas o que a vida lhe ensinou. Ou, muitas vezes, aprendeu com o que a vida lhe negou.
            Precisamos olhar além do conformismo, do lugar-comum. Precisamos encarar os problemas de frente e buscar soluções. Não é fácil. Apesar de todo mundo, em tese, saber o que fazer para melhorar o mundo, ninguém ousa dar o primeiro passo. Talvez por medo de olhar nos olhos do outro e ver uma pessoa; um ser vivo que precisa de ajuda.
            Mas precisamos ter coragem e olhar além do nosso egoísmo, do nosso preconceito, da intolerância e do medo que temos daquilo que não compreendemos ou desconhecemos. O futuro da humanidade depende disso.

Texto: Marco Antônio

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