domingo, 29 de março de 2015

O charme, a garra e o alto astral do vôlei adaptado


Atletas falam da paixão pelo esporte e da emoção de representar a cidade

 
Time tem grande expectativa com relação ao JORI
            Quem pensa que o vôlei feminino adaptado para a 3ª idade é um joguinho de “comadres”, por assim dizer, pode se preparar para mudar de ideia. E não só quanto ao vôlei, mas também em relação aos outros esportes. Em Agosto, Itapetininga sediará mais uma edição dos Jogos Regionais do Idoso (JORI), evento que deverá receber atletas de mais de 40 cidades.
            Mesmo enfrentando muitas dificuldades, como a falta de estrutura para treinar e o apoio de poucas empresas locais, o vôlei feminino adaptado para a 3ª idade tem tudo para repetir – até melhorar – a atuação da edição anterior dos jogos, quando as atletas conquistaram o segundo lugar na modalidade.
            Para alcançar este objetivo, as “meninas” treinam duro. “Levamos a sério mesmo; disputamos até para conquistar um lugar no time”, garante Creusa Aparecida Pinto, de 63 anos. Mas a rivalidade e as rusgas terminam na quadra; fora dela, a convivência social e a amizade continuam. “Sempre nos reunimos nos aniversários”, conta Elenice Mendes Tácia, 67, que pratica o esporte há pelo menos 15 anos.
            “Aqui não há panelinha e a gente joga com garra mesmo. Os jogos são emocionantes e até quem tem um problema ou outro de saúde, devido à idade, esquece disso na hora do jogo, principalmente se for do JORI”, afirma Tânia Moreno, de 64 anos. Segundo ela, um exemplo de que o esporte é levado a sério é o fato de que os treinadores cobram resultados e empenho dos atletas, como ocorre em times mais jovens. “E quando você enfrenta um time forte, de qualidade, o jogo fica ainda mais disputado”, observa Tânia. “Muitas vezes, quem está de fora pode achar que o jogo tem um ritmo mais lento, mas para quem está na quadra é pura emoção, adrenalina”, acrescenta a professora aposentada, que nunca havia praticado esporte – exceto queimada – antes de entrar para o vôlei adaptado.
 
Das salas de aula para as quadras
            Creusa Pinto lembra que tudo começou há mais de 15 anos, através de uma iniciativa do Sesi, com o professor Alencar e o técnico Inaldo. No começo, era a partir de 50 anos, depois mudou para 60. “Eram professoras que saíram da sala de aula para a quadra, mas nunca tinham praticado esporte e não sabiam o que fazer”, disse Creusa. Diferentemente de algumas de suas companheiras, ela conta que sempre praticou esporte: “eu corria forte os 100 metros e jogava basquete”. Hoje, além do vôlei, ela adora dançar. “Ficarei feliz se morrer na quadra ou dançando”.
 
Poucas diferenças
            Segundo as jogadoras, a modalidade adaptada tem poucas diferenças em relação ao esporte tradicional. “O número de atletas na quadra é igual e o posicionamento também, mas nós podemos pegar a bola com a mão e passar para a companheira do time. Além disso, são três sets de 15 minutos cada e a rede é posicionada um pouco mais baixa”, revela Tânia Moreno. Ela destaca, porém, que em partidas muito disputadas o set pode se prolongar e chegar a até 20 minutos.
            Outras diferenças são: quase ninguém dá manchete (só quem já jogou vôlei), o saque é feito lançando-se a bola, e não batendo nela, não há cortada e ninguém pula no bloqueio. “Outro item é que, no terceiro toque, nós pegamos a bola e colocamos na mão da atacante”, explica Tânia. Creusa Pinto esclarece que “quem da manchete e são ex-jogadoras de vôlei na fase de campeonatos colegiais são: eu, Tereza Bernadete, Marta Lotfi e a Luiza, do time de 70 anos”.
 
Dificuldades
            Apesar do bom desempenho em competições, tanto nos Jogos Regionais quanto na Liga de Vôlei Adaptado de Itapetininga e Região, o time enfrenta muitas dificuldades, como a falta de estrutura e patrocínio. “Representamos a cidade, mas são poucas empresas que nos apoiam: são casos isolados, que acontecem porque os integrantes do time vão atrás das firmas”, comenta Tânia. As atletas também esperam a reabertura do ginásio Mário Carlos o mais breve possível, para que possam retomar a rotina de três treinos semanais. Como o ginásio está fechado, o time está treinando duas vezes por semana, no Ayrton Senna, em Vila Barth.
            “Falta estrutura; a terceira idade aqui não é uma maravilha. Se os jovens vão atrás de seus direitos, nós também. Os velhinhos também mordem”, disse Creusa, acrescentando que o time chegou a custear uniformes do próprio bolso. “Em Santos, chegamos a ficar sem condução”, afirmou a atleta. “O engraçado é que, quando fomos para a final, aí apareceu o pessoal da Prefeitura; até descobriram o horário do jogo”, declara Tânia.
            As mulheres reconhecem que os problemas atingem também outros esportes, mas esperam que a situação melhore com a realização dos Jogos do Idoso. “O ambiente é ótimo! Participar dos Jogos é a sensação mais gostosa que existe; fazemos amizades e conhecemos todo mundo. Até dormimos no chão, como nos jogos dos jovens”, afirmou Tânia.
 
Benefícios
            Além de resgatar valores como amizade, companheirismo e lealdade, a prática esportiva traz benefícios à saúde das atletas. “Não tomo remédio para nada”, diz Tânia, revelando que dorme muito melhor depois do treino e que sente falta do esporte quando fica muito tempo sem jogar ou treinar.
            “O esporte é tão gostoso, mas você tem de saber seus limites. Aqui ninguém tem a saúde 100% e muito acham que precisam estar 100% para jogar, mas não é assim”, disse Tânia. Para as jogadoras, um momento marcante na trajetória do time foi a participação no torneio comemorativo aos 100 anos da imigração japonesa no Brasil, realizado em 2008. Para os JORI que acontecerão em Itapetininga, a expectativa do time, treinado pelo técnico José Nunes Júnior, é grande.
 
JORI
JORI 2014
            Programados para o próximo mês de Abril, os Jogos Regionais do Idoso (JORI) foram transferidos para Agosto. De acordo com a Secretaria de Esportes e Lazer, o evento ocorrerá no período de 05 a 09 de Agosto,, com abertura programada para o dia 6, no Ginásio Ayrton Senna da Silva, em Vila Barth. A nova data foi confirmada pelo Governo do Estado de São Paulo, em publicação no Diário Oficial do último dia 20. O evento esportivo estava previsto para ser realizado, inicialmente, entre os dias 08 e 12 de Abril, mas houve mudança por remanejamento administrativo. O JORI visa promover a integração do idoso na sociedade por meio de atividades físicas e desportivas, tendo papel fundamental  na valorização, promoção da saúde e bem-estar dos mesmos. Em Itapetininga, os participantes com idade mínima de 60 anos estarão disputando as seguintes  modalidades: Atletismo, Bocha, Buraco, Coreografia, Damas, Dança de Salão, Dominó, Malha, Natação, Tênis, Tênis de Mesa, Truco, Voleibol e Xadrez. A previsão é de que duas mil pessoas, entre atletas e dirigentes, estejam envolvidas durante a competição, destinadas aos Municípios que compõem a DERL-Delegacia Regional de Esporte e Lazer de Sorocaba. Os Jogos Regionais do Idoso é uma promoção conjunta do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Fundo Social de Solidariedade de Itapetininga e Secretaria Municipal de Esporte a Lazer de Itapetininga. Esta é a 19ª edição dos jogos.
            Segundo o secretário Osmar Júnior, sua pasta também está pleiteando junto ao governo federal a liberação de recursos extras do Ministério do Esporte para serem utilizados na reforma geral do ginásio Ayrton Senna. Também está sendo negociada a criação de um time profissional de vôlei no município, com base na Lei Federal de Incentivo ao Esporte.
 
Fotos: Divina Maria/Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário