quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A cara da família brasileira no século XXI

Novas configurações familiares diferem do conceito tradicional



          Tudo na vida evolui e se transforma. E isto vale para coisas materiais – os carros, por exemplo, estão hoje anos luz à frente dos primeiros modelos – e também para comportamentos, relacionamentos e até para instituições.
          E uma dessas instituições que vem se transformando é a família. O conceito tradicional, baseado no modelo patriarcal, onde o pai era o chefe e provedor de sustento e a família era basicamente mulher e filhos não é mais o único modelo existente. Novos padrões de relacionamento surgiram nos últimos anos e a sociedade procura se ajustar a essa nova realidade.
          As mudanças ocorrem em todo o mundo e o Brasil acompanha as transformações. A família brasileira, mais do que nunca, vem também em novas configurações. Mães e pais solteiros, divorciados que unem suas famílias, casal de homossexuais que têm filhos de um relacionamento heterossexual anterior, crianças que são criadas pelos avós, pessoas que só tem seu animal de estimação como família, praticantes do poliamor, heterossexuais que adotam, homossexuais que adotam, casais sem filhos, amigos que moram juntos, três gerações que dividem o mesmo teto, casais divorciados que vivem na mesma casa: as possibilidades são diversas.

Famílias do Brasil
          O Censo de 2010, realizado pelo IBGE, mostra que a família brasileira se multiplicou, trazendo 19 laços de parentesco, contra 11 presentes no censo de 2000. O conceito tradicional de família, composta por um casal heterossexual com filhos, esteve presente em 49,9% dos lares visitados, enquanto que em 50,1% das vezes, a família ganhou uma nova forma. As famílias homoafetivas já somam 60 mil, sendo 53,8% delas formada por mulheres. Mulheres que vivem sozinhas são 3,4 milhões, enquanto que 10,1 milhões de famílias são formadas por mães ou pais solteiros.
          Segundo o site Hypeness, praticamente todos os modelos familiares são aceitos pela Associação Brasileira de Terapia Familiar (ABRATEF). “Uma definição que me agrada é a de pensar que a minha família é composta por aqueles com quem eu conto. Hoje, todas as formas de família são aceitas pela Associação. Pelo IBGE, a única forma não aceita de família é a de um grupo de adultos que mora no mesmo local sem laços de sangue ou relacionamentos romântico-afetivos. Nesse caso, o IBGE classifica esse grupo como ‘moradia em conjunto’”, explicou Marcos Naime Pontes, psiquiatra e terapeuta de família e de casal.
Segundo ele, o que hoje nós chamamos de “novas configurações de família” é algo que sempre existiu, embora sem que houvesse um reconhecimento público ou jurídico. Mas mesmo com propostas como o Estatuto da Família, a Justiça Brasileira tem mostrado grandes avanços no que diz respeito à desbiologização da família e à quebra do modelo familiar baseado em uma relação heterossexual monogâmica em que o pai é a figura-chefe.  Para especialistas, a principal mudança é que o afeto ganhou importância jurídica, permitindo que as discussões sobre filiação fossem levadas a um outro nível.

Leia matéria completa na revista Hadar (www.revistahadar.com.br)

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