sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Jorge Telles: o fã pole position

Jorjão: sempre o primeiro
Quando o negócio é ser fã da Formula-1, não tem para ninguém! O itapetiningano Jorge Telles, 52 anos, é de longe o torcedor número 1. E isso não é apenas força de expressão. Há 32 anos ele acompanha religiosamente o GP do Brasil e faz questão de ser o primeiro da fila. Em um ano com muitas novidades, entre elas a volta da Fórmula-1 aos Estados Unidos, com uma das melhores pistas do mundo, mostrou a força da categoria. Afinal, milhões de pessoas em todo o mundo são apaixonadas pelo esporte, incluindo americanos. Mas os gringos que nos perdoem: o primeiro da fila é o Jorjão!!! Ou Gordo, como é conhecido pelos amigos da Turma da Placa dos 100, torcida que reúne os apaixonados por este esporte.
Os organizadores da prova calculam que 150 mil torcedores enfrentarão um final de semana de sol (no sábado, durante os treinos) e chuva durante todo o domingo, dia 25, para assistir a última prova do ano, que consagrará Sebastian Vettel ou Fernando Alonso. Entre os torcedores está Jorge Telles, que desde a madrugada desta sexta-feira já está na fila.
Paixão
A Turma da placa dos 100
            Telles conta que costuma chegar ao autódromo já na madrugada de sexta-feira, tudo para ser o primeiro da fila. O primeiro a entrar e o primeiro a ir ao setor G, na reta oposta, onde fica a placa dos 100 metros (alertando os pilotos que faltam 100 metros para a curva). Jorjão, como é conhecido, costuma entrar e seguir direto até a placa. Quando fica alinhado com ela, senta na arquibancada e olha a pista. Em mais de três décadas de F-1, ele fez centenas de amigos, que juntos forma a Turma da Placa dos 100, uma torcida que reúne apaixonados por automobilismo de todo o Brasil e cujos membros formam uma grande família. E põe grande nisso: são 300 integrantes, segundo Jorjão, que ressalta que o amor pela F-1 já está passando para as novas gerações, incluindo seu neto de sete meses. “Pelo andar da carruagem, ele também será apaixonado pela F-1; se você der um carrinho pra ele brincar, ninguém tira dele enquanto ele não cansa de brincar”. O vovô coruja já mandou até fazer uma camiseta para o neto.
            Jorjão afirma que é apaixonado pela F-1, mas curte mesmo a amizade e a festa que faz com os amigos, com direito a churrasco na fila para entrar no autódromo. “A festa começa na sexta e vai até domingo. Aí, quando acaba a corrida, cada um pega suas coisas e vai embora para casa”, conta Jorjão. Mas os laços de amizade continuam. “Como sempre são as mesmas pessoas que sentam nos mesmos lugares, a gente acaba se conhecendo”, diz Jorjão, que já recebeu até convites de casamento de seus colegas de torcida. Ele é conhecido e reconhecido como líder do grupo. E ganhou o respeito inclusive da Polícia Militar.
A galera durante a corrida
            Com a autoridade de quem possui mais de 300 horas de gravações de corridas, ele afirma que a “F-1 hoje está muito dependente da tecnologia e não tanto do braço (talento) do piloto como era na época do Ayrton Senna”. Fã do piloto brasileiro, morto em acidente em 1994, Jorjão lembra que houve uma corrida em que Senna trocou de marchas 277 vezes. Senna é o responsável pela paixão de Jorjão pela Fórmula-1. A partir do surgimento do piloto, o fã começou a colecionar coisas, como ingressos.
            Jorge Telles é um pouco cético com relação à tentativa dos organizadores de diminuir o peso da tecnologia na categoria. “Tiram de um lado, mas põem em outra coisa; sempre tem um botãozinho novo no volante. E vocês já viram como é o volante de um F-1?”. Para este itapetiningano de coração (ele nasceu em São Miguel Arcanjo), por ter sido mais regular durante todo o ano, Fernando Alonso merece ficar com o título.
Equilíbrio
A temporada 2012 da Fórmula-1, uma das mais tradicionais competições do automobilismo internacional, foi marcada pelo equilíbrio nas pistas, ainda que algumas equipes, com a RBR, tenham apresentado um carro com desempenho muito superior ao de outras equipes, incluindo a Ferrari.
Como não é só o carro que vence a corrida, mas também o talento do piloto, o trabalho em equipe e até a adaptação do carro à determinada pista, este ano tivemos um campeonato bem equilibrado, com diferentes pilotos conquistando a vitória em diferentes autódromos.
Entre 2005 e 2009, o GP do Brasil definiu o campeonato e isto ocorrerá de novo este ano. Mesmo com um supercarro, o alemão Sebastian Vettel deixou a desejar, pois, para muitos torcedores, não conseguiu dominar completamente o carro; já Fernando Alonso foi mais regular. Entre as equipes, também há um equilíbrio na prova brasileira, já que “nas últimas seis provas, a Ferrari venceu três e a RBR três, apesar disso, a escuderia italiana parece ser a que melhor de adaptou ao circuito de Interlagos”, comentou Jorjão.
Campeões
            Outa curiosidade desta temporada é que seis pilotos campeões do mundo estavam na pista. Sebastian Vettel (atual campeão) Lewis Hamilton, Jason Button, Michael Schumacher, Fernando Alonso e Kimmi  Raikonen, que voltou depois de uma experiência ruim em provas de rallye.
            A última vez que tantos campeões mundiais correram juntos foi em 1970, quando, de acordo com o site de notícias G1, Jackie Stewart, Graham Hill, Jack Brabham, Denny Hulme e John Surtees disputaram o título, que acabou ficando com um sexto piloto, Jochen Rindt. Mesmo assim, como se vê, eram cinco campeões e não seis como agora.
O vencedor do GP do Brasil se tornará o sexto tricampeão da história, no seleto grupo de Ayrton Senna, Nelson Piquet, Niki Lauda, Jackie Stewart e Jack Brabham. O GP do Brasil acontece no próximo domingo, a partir das 14 horas, com transmissão pela TV.

Um comentário: